O crescimento constante das tensões ao redor do clima e meio ambiente não é um fenômeno novo, mas o assunto tem ganhado cada vez mais força conforme a ciência passa a desvendar todos os impactos da ação do homem no planeta. O foco de Spilled! são os vazamentos de petróleo e desova de lixo nos mares.
“Eu quero ver tudo brilhando quando eu voltar!”
Nosso protagonista é um barco de limpeza que havia acabado de terminar seu trabalho na área onde vive, quando parou para descansar e foi prontamente emboscado por petroleiros, que trouxeram tudo de volta à estaca zero. O objetivo é tornar a limpar os oceanos e derrotar os responsáveis pela bagunça, enquanto aprimoramos o barquinho para eficiência máxima.
A aventura em si dura pouco mais de uma hora, mas não deixa a peteca cair. Cada uma das oito fases apresenta um novo desafio: primeiro, é só limpar o petróleo, mas logo passamos a ter de tirar plástico e barris do mar, além de apagar pequenos incêndios locais. Todas as tarefas rendem um bom dinheiro, que é investido em atualizações.
Com certeza, a melhor parte de Spilled! é o aspecto visual. Os gráficos em pixel são lindíssimos, melhores ainda quando estão mostrando a água cristalina após uma limpeza bem-sucedida. A bela atmosfera enquadra um processo de limpeza tranquilo, que inclui resgatar animaizinhos afetados pelos derramamentos.É um trabalho romanceado: na vida real, vazamentos de petróleo podem continuar a afetar ecossistemas vários anos depois do ocorrido, como no caso da plataforma Deepwater Horizon nos EUA, em 2010. Apesar da simplificação do problema (em nome, também, da gameplay), a mensagem ambiental não perde a força ou importância.
Faltou tirar algumas sujeirinhas
Apesar dos méritos do título, contudo, a jogabilidade deixa um pouco a desejar. Os controles, por exemplo, são confusos e dão a sensação de rigidez — no teclado, as teclas A e D rotacionam o barco enquanto W e S o levam para cima e para baixo. É um esquema compreensível considerando que controlamos um objeto 3D, mas não deixa de ser esquisito. Talvez um método que envolvesse clicar e arrastar pudesse ser mais intuitivo e fazer os dedos doerem menos.
Outro problema surge ao removermos objetos do oceano: as garrafas plásticas que o poluem são objetos separados e é muito fácil deixá-las caírem no caminho até o centro de reciclagem, não importa o quão grande a superfície de limpeza do barco seja, devido aos movimentos extremamente precisos que a tarefa demanda. Há também barris de petróleo parados no fundo do mar, que devem ser removidos com um ímã, processo que não é em nada ajudado pelos já conhecidos péssimos controles do barco.Para completar a rodada de reclamações, Spilled! tem um chefão final. Este, meus amigos, é talvez o último jogo do mundo a precisar de um chefão final. Narrativamente, pode até fazer algum sentido, mas mecanicamente, a batalha é um inferno. Todos esses problemas fazem com que o título não seja tão gostoso de jogar quanto deveria, apesar do loop base ser ótimo.
Não é de se jogar fora
Spilled! é, em linhas gerais, um jogo educativo cuja parte “jogo” não funciona tão bem quanto deveria, mas ainda merece uma chance. Polarizado como está o debate sobre a saúde da Terra, é importante que existam obras que não tenham medo de mostrar aos espectadores o que a falta de desenvolvimento sustentável faz com o lugar onde vivemos.Prós
- Belo estilo gráfico;
- Loop de gameplay tranquilo;
- Mensagem ambiental importante.
Contras
- Controles pouco intuitivos;
- A limpeza de barris e garrafas plásticas é mais difícil do que deveria;
- "Chefe final" mal implementado.
Spilled! - PC - Nota: 7.0
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida por Lente