Rolling Thunder 2: espionagem, jazz e tiroteio em um clássico da Namco

Relembre a missão de Leila e Albatross contra Geldra mais uma vez em um clássico cult dos anos 1990.

em 15/03/2025
Em 1986, a Namco lançou o run and gun Rolling Thunder nos fliperamas, tornando-se um dos clássicos dos anos 1980. No controle do agente Albatross, sua missão é desmantelar a organização terrorista Geldra a mando da WCPO (World Crime Police Organization), enquanto salva Leila, uma agente sequestrada.

Cinco anos depois, em 1991, a sequência Rolling Thunder 2 foi lançada nos arcades, e, posteriormente, para o Mega Drive. Com jogabilidade cooperativa e qualidade gráfica e sonora impressionantes para a época, o título é um ótimo exemplo de como fazer uma sequência e adaptar uma aventura arcade para um console de mesa de hardware mais limitado.


Aterrorizando novamente

Como todo bom clichê de um jogo dos anos 1980 e 1990, a Geldra não foi totalmente exterminada. Eles retornaram e, desta vez, começaram destruindo diversos satélites ao redor da Terra, causando caos global ao interromper comunicações.

A WCPO, após identificar os culpados, enviou sua força Rolling Thunder para impedi-los. Dessa vez, Albatross não está sozinho — Leila também se junta à missão para subjugar os malfeitores e salvar o planeta novamente da ameaça da Geldra.


Rolling Thunder 2 segue os mesmos moldes do antecessor. Devemos atravessar diversas fases, enfrentando hordas de inimigos, entrando em portas para obter munição ou armas mais poderosas, desviando de projéteis e pulando entre plataformas quando preciso.

O jogo é um run and gun, mas com um ritmo menos frenético. As balas se movem a uma velocidade que permite esquivas com pulos ou agachamentos, e às vezes é possível se esconder atrás de uma barreira para planejar a melhor abordagem contra soldados mais perigosos, como os arremessadores de bombas.


A estrutura das fases consiste em seguir em linha reta, tomando cuidado a cada passo, trocando tiros e pulando entre andares ocasionalmente — bem similar ao primeiro Shinobi e Shadow Dancer. O interessante é que pular para uma plataforma acima ou entrar em uma porta aleatoriamente pode salvar de uma morte certa, graças aos quadros de invencibilidade.

A maior novidade da sequência é o modo cooperativo para dois jogadores e o quão interessante um jogo mais cadenciado se torna quando jogado em dupla. Como as ameaças vêm de todos os lados, um aliado ajuda a cobrir áreas que não conseguimos monitorar o tempo todo.


Apesar de ficar um pouco menos difícil no modo cooperativo, Rolling Thunder 2 ainda está longe de ser um jogo fácil. Começamos com uma barra de vida de dois segmentos, que permite sobreviver a um soco ou à explosão de uma granada. No entanto, um único tiro é suficiente para derrotar o jogador, tornando essencial encontrar portas especiais para recuperar energia e prolongar a sobrevivência.

Qualidade técnica e o port para Mega Drive

Rolling Thunder 2 utiliza a placa de fliperama Namco System 2, um hardware de 16 bits lançado originalmente em 1988. O arcade era bastante avançado para sua época, com capacidade para reproduzir múltiplas camadas de fundo, diversas cores simultaneamente, múltiplos sprites na tela ao mesmo tempo e até mesmo escalonamento de pixels.

O potencial de cores da Namco System 2 é amplamente utilizado no jogo, com efeitos visuais bem interessantes. Por exemplo, na terceira fase, há teleféricos com lâmpadas que exibem um efeito de transição de cores bastante fluido, simulando a intermitência de LEDs iluminando suavemente. Outro ponto são as esfinges da quinta área, que simulam um efeito tridimensional convincente através de degradês.

Em outra fase mais adiante, um fundo cilíndrico cria uma perspectiva bem convincente para um jogo 2D. De dentro desse buraco, surge uma espécie de trem vindo em direção à tela, utilizando as capacidades de zoom de sprites da máquina. Vale lembrar que nenhum console da época conseguia reproduzir esse efeito sem recorrer a truques técnicos.


Ainda assim, a Namco lançou Rolling Thunder 2 para o Mega Drive, ainda em 1991. Comparando lado a lado com a versão original, os cortes são bem perceptíveis: os fundos são menos detalhados, há uma menor quantidade de cores na tela, a ausência de escalonamento e até algumas animações foram removidas. Algumas dessas limitações vinham do poderio do console; outras, das limitações de armazenamento do cartucho.

Apesar disso, a versão da Sega é visualmente impressionante para 1991, conseguindo captar com fidelidade a atmosfera cyberpunk e de espionagem do jogo. Para efeito de comparação, os cortes da versão do primeiro Rolling Thunder para NES foram bem mais agressivos.


Assim, a conversão da sequência para o Mega Drive pode ser vista como uma prova de que os consoles estavam, pouco a pouco, alcançando o mesmo patamar dos fliperamas ao longo daquela década.

Contudo, esse port traz algumas adições que chegam a superar a versão de arcade em vários aspectos. A história conta com cutscenes ilustradas e diálogos, a jogabilidade é levemente aprimorada, e ainda há fases extras, novas armas e mais chefes.


Além disso, é um dos poucos títulos do início da vida do Mega Drive a contar com continues ilimitados e sistema de senhas. Apesar de o desafio aumentar consideravelmente nas fases finais, esses recursos permitem que os jogadores aprendam o jogo sem precisar reiniciá-lo do zero — algo extremamente útil para quem joga no hardware original.

Outro destaque de Rolling Thunder 2 está em sua trilha sonora, espetacular em ambas as versões. Inspirada em produções clássicas de espionagem, apresenta uma forte influência do jazz, um elemento incomum para a época e para o gênero run and gun.

 

A Residence of Terrible (Arcade)


No fliperama, a instrumentação utiliza samples de alta qualidade, tornando a influência do jazz ainda mais evidente. Já no Mega Drive, a Namco adotou uma abordagem diferente, utilizando apenas o chip de som FM do console. O resultado é tão bom que, em algumas faixas, pode até superar a versão original.
 

Across the Tube (Mega Drive)


O lado negativo é que as faixas foram simplificadas no videogame de 16 bits. Algumas músicas possuíam uma segunda parte na composição — o que as deixava bem longas até —, e apenas a primeira parte foi mantida, sendo mais um corte relacionado à limitação de espaço de mídia.

Um clássico que merece mais reconhecimento

Atualmente, a versão de fliperama de Rolling Thunder 2 pode ser jogada em plataformas modernas por meio da série Arcade Archives, da Hamster, com uma emulação de alta qualidade. Em relação à versão para console, houve apenas um relançamento no Virtual Console do Wii, sem novas aparições desde então.

Além disso, a franquia ganhou uma terceira aventura exclusiva para o Mega Drive em 1993, com uma estrutura mais voltada para a experiência doméstica. Essa nova abordagem trouxe mais armas e variedade na jogabilidade, embora o modo cooperativo tenha sido removido.

Rolling Thunder 2 continua sendo um jogo divertido até hoje, especialmente no modo cooperativo, e mantém sua identidade única mesmo após mais de 30 anos de seu lançamento. Seja no fliperama ou no console caseiro, a diversão e o desafio são garantidos.


Revisão: Vitor Tibério


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Alecsander "Alec" Oliveira
Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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