Análise: Rise of the Ronin finalmente traz a aventura do guerreiro sem nome para o PC

Antes exclusivo do PlayStation 5, o mais ambicioso título da Koei Tecmo finalmente chega aos computadores.

em 12/03/2025
Preciso confessar algo: para mim, a Koei Tecmo é uma das melhores desenvolvedoras de jogos de ação da atualidade. Sempre que possível, defendo fielmente que pouquíssimas empresas conseguem elaborar sistemas de combate tão ricos e divertidos quanto os de jogos como Nioh, Wo Long: Fallen Dinasty e, é claro, Ninja Gaiden, que finalmente ressurgiu das cinzas este ano.


Logo, quando Rise of the Ronin foi anunciado para PC, fiquei bastante empolgado para conferir aquela que por diversas vezes foi definida como sendo a mais ambiciosa obra do consagrado estúdio japonês. Entre erros e acertos no processo de conversão para a nova plataforma após o período de exclusividade no PlayStation 5, a experiência não encanta como esperado em termos de performance, mas ainda se prova digna de uma recomendação para os fãs do estúdio e da temática.

Ascenda como um Ronin

Rise of the Ronin coloca o jogador no papel de um Ronin (浪人), termo japonês que pode ser traduzido como "homem-onda" ou "samurai sem mestre". Ao longo da história do país oriental, essa expressão foi comumente usada para definir os habilidosos guerreiros que, por infortúnio ou penitência, não tinham um mestre — ou seja, não obedeciam a um daimiô.

Apesar de hoje o termo estar mais integrado e ser até romantizado na cultura popular (há personagens da Marvel Comics, por exemplo, que já receberam o título), ser um Ronin no Japão antigo era considerado uma espécie de castigo e motivo de desonra. Prova disso é que grande parte dos detentores do título passava as suas vidas perambulando, muitas vezes trocando favores por comida e pela estadia em lugares onde pudessem praticar as suas habilidades samurais.

Não obstante, essa escolha criativa da Koei Tecmo acabou casando perfeitamente com a história e a jogabilidade de Rise of the Ronin, em que, após uma sucessão de trágicos eventos, o personagem criado pelo jogador se vê livre para explorar como desejar uma interessante rendição virtual em mundo aberto do Japão do final do Período Tokugawa (ou Período Edo).

É fundamental lembrar que, nesse recorte histórico selecionado (que antecede a Restauração Meiji), o país oriental — cujo desenvolvimento era predominantemente agrário — estava em polvorosa, dada a crescente e polêmica influência ocidental em assuntos econômicos e bélicos.

Então, como um verdadeiro “homem-onda” (sem destino pré-definido, sem sentido fixo, assim como as ondas do mar), o jogador tem a chance de escolher lados, defender pessoas e causas e, finalmente, ascender e escrever a sua própria trajetória em um dos períodos mais interessantes e conturbados da história japonesa. 

Não é um soulslike, mas é complexo da mesma forma

Não é preciso muito tempo com Rise of the Ronin em mãos para testemunhar a ambição da Koei Tecmo para com o título. O agradável e estilizado mundo aberto do jogo, por exemplo, é repleto de atividades secundárias, que vão das tradicionais missões de ajuda a NPCs a itens colecionáveis e bandidos fugitivos para encontrar, enfrentar e coletar as recompensas. As cidades virtuais de Yokohama, Kyoto e Edo também são totalmente exploráveis a pé, a cavalo ou com o planador, guardando diversos segredos e referências para os jogadores mais atenciosos aos detalhes. 

Inclusive, um dos grandes acertos do título, na minha opinião, é que não é incomum encontrar personagens históricos durante a aventura, com alguns até ocupando a posição de chefes inimigos, assim como nos jogos da franquia Assassin’s Creed. Apesar da liberdade criativa envolvida, tais momentos são sempre divertidos e surpreendentes para quem, como eu, aprecia uma base histórica em seus jogos.

Tudo isso, claro, é complementado por um sistema de combate que faz jus às expectativas estabelecidas com Nioh 2 e Wo Long, dois dos lançamentos mais recentes do estúdio. Ao contrário desses títulos, Rise of the Ronin não é exatamente um soulslike — apesar de carregar várias influências do gênero —, mas é absolutamente necessário ficar atento ao que ocorre na tela e ao momento certo de usar cada recurso à disposição para evitar frustrações.

Uma das mecânicas mais eficazes em combate, por exemplo, é o contrafulgor: uma espécie de parry que, se ativado assim que o inimigo ataca, consegue deixar o adversário sem reação por alguns instantes. Saber quando esquivar e quando usar o contrafulgor é algo que requer bastante prática e até mesmo paciência, pois diferentes inimigos possuem diferentes padrões e demora um tempo para aprender a identificar as constâncias nos movimentos.

A boa notícia é que, uma vez que o sistema de combate tenha sido dominado, Rise of the Ronin é muito divertido de jogar, com muitas armas e equipamentos à disposição ajudando a posicionar a aventura no meio de uma linha tênue (mas certamente apreciável) entre um hack ’n’ slash clássico e um soulslike.

Ainda, com a inclusão de três opções de dificuldade (ajustáveis durante a campanha), todos os jogadores conseguirão aproveitar a ação oferecida aqui. No entanto, a má notícia é que, em um jogo que se beneficia muito da precisão e performance, esta versão de PC — que poderia muito bem ser a forma definitiva de vivenciar o título — não correspondeu às expectativas…

Infelizmente, longe de ser a versão definitiva

2025 não tem sido um dos melhores anos para os PC gamers em termos de otimização, com blockbusters aguardados como Marvel’s Spider-Man 2 e Monster Hunter Wilds ganhando notícias ao redor do mundo destacando tanto a sua falta de otimização quanto a quantidade de bugs e crashes para a área de trabalho.

Infelizmente, é com pesar que escrevo que Rise of the Ronin se junta às aventuras da Insomniac e da Capcom e também acaba decepcionando nesse quesito, ainda que a sua adaptação para o PC tenha vários acertos. Tocando primeiro nos pontos positivos, estão incluídas as tecnologias de upscaling DLSS, FSR e XeSS, assim como Ray Tracing ajustável, geração de quadros, ultrawide e superultrawide. 

Também há suporte a 120 quadros por segundo, áudio 3D, recursos do DualSense e até resolução 8K em placas de vídeo compatíveis. O mais impressionante para mim, no entanto, foi a quantidade de parâmetros gráficos ajustáveis: da qualidade das sombras à densidade das multidões, a Koei Tecmo incluiu mais de 25 opções personalizáveis no menu, que permitem ao jogador adequar a experiência do título de acordo com o seu gosto pessoal e as capacidades do seu hardware.

Para efeito de comparação, os parâmetros disponíveis neste port superam por muito várias adaptações AAA recentes e elogiadas, como Final Fantasy VII Rebirth e Ghost of Tsushima: Director’s Cut. Então, registro aqui um elogio sincero à equipe responsável, que provou que houve certo cuidado ao preparar esta adaptação após o fim da exclusividade no PlayStation 5. 

Porém, mesmo com todas essas opções, Rise of the Ronin decepciona no que é (ou deveria ser) o principal: a sua performance. Mesmo com o patch do Day One instalado a pedido da desenvolvedora, há diversos travamentos e bugs na campanha que, atualmente, prejudicam a experiência e impedem uma recomendação mais ampla.

De nada adianta, por exemplo, oferecer suporte a taxas de quadros elevadas se, toda vez que essa configuração é ativada, o jogo fica em slow motion, independentemente do hardware em questão. Da mesma forma, não compensa prometer uma versão mais bonita que a dos consoles se o lançamento apresenta um claro problema de renderização de texturas, que faz com que vários elementos gráficos pelo mapa não carreguem corretamente ao usar o planador ou andar a cavalo.

Infelizmente, esses são apenas dois dos bugs mais drásticos desta estreia. A “boa” notícia é que a desenvolvedora já está ciente e prometeu um patch em breve para corrigir ou aliviar alguns dos problemas, mas aí fica o questionamento: por que não entregar uma versão mais polida já no lançamento e, assim, evitar toda essa polêmica e onda de negatividade em cima do que é, na verdade, um ótimo título?

A conclusão a que chego é que só não temos um fiasco total aqui graças à imensa quantidade de parâmetros gráficos ajustáveis e à inclusão da geração de quadros, medidas que garantem que mesmo os donos de dispositivos mais modestos conseguirão aproveitar Rise of the Ronin, desde que não se importem tanto em comprometer um ou outro recurso gráfico. Porém, considerando que os visuais não justificam a fraca performance, ainda acho o saldo dos acertos muito pequeno perante aquela que deveria ser, com sobras, a versão definitiva do título. Quem sabe em breve?

Não é a versão definitiva, mas quem sabe em breve?

Rise of the Ronin é, sob diversos ângulos, a aventura mais ambiciosa da Koei Tecmo e a sua chegada ao PC deve ser celebrada por proporcionar que ainda mais entusiastas da temática e fãs do estúdio tenham acesso a ela.

Porém, entre erros e acertos na adaptação, aqui temos mais uma prova de que ports para PC precisam de bastante atenção durante a sua confecção. Logo, é difícil recomendar mais amplamente esta versão até que os seus problemas mais graves sejam resolvidos e a performance esteja dentro do esperado para diferentes configurações de hardware, tanto acima quanto abaixo da média.

Até lá, espera-se que, um dia, a aventura do guerreiro sem nome possa de fato ser vivenciada em toda a sua glória também nos computadores.

Prós

  • Em diversos aspectos, faz jus à alcunha de título mais ambicioso da Koei Tecmo, unindo ação de alto nível com um mundo aberto digno de ser explorado, ainda que pouco inovador;
  • Dá aos jogadores a chance de encarnar um Ronin no final do Período Tokugawa, um dos mais interessantes e conturbados do Japão;
  • A presença de opções de dificuldade garante que a aventura seja acessível ou desafiadora de acordo com a vontade do jogador;
  • A inclusão de mais de 20 parâmetros gráficos ajustáveis na versão de PC é uma grata surpresa;
  • Suporte a tecnologias de massa e de nicho específicas dos computadores, como DLSS, FSR e ultrawide, demonstra que houve certo carinho com a adaptação.

Contras

  • Os bugs significativos no lançamento do jogo comprometem e ofuscam aquela que deveria ser uma ótima experiência;
  • A performance aquém do esperado, considerando o retorno visual, põe em xeque a otimização do título;
  • A ausência geral de polidez na parte técnica levanta a dúvida se esta versão não deveria ter sido adiada.
Rise of the Ronin — PC/PS5 — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Koei Tecmo
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Alan Murilo
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