Inversion: um ótimo shooter que foi engolido pelo tempo

Seguindo os moldes do sucesso de Gears of War, o shooter de 2012 tentou inovar, mas não sobreviveu ao teste do tempo.

em 29/03/2025

No ano de 2006, Gears of War redefiniu o que significava ser um shooter em terceira pessoa. Câmera colada ao ombro, sistema de cobertura impecável e um senso de peso nas armas que tornava cada confronto visceral. Era inevitável que o sucesso de Marcus Fenix e companhia inspirasse outras desenvolvedoras a tentarem replicar a fórmula. Algumas conseguiram imprimir sua identidade, enquanto outras naufragaram sob o peso das comparações. Inversion, lançado em 2012 pela Saber Interactive para Xbox 360, PS3 e PC, está em um meio-termo curioso: ele é, sem dúvidas, uma cópia de Gears of War, mas ainda assim consegue se sustentar por algumas ideias próprias, principalmente seu sistema de manipulação gravitacional.

Uma história genérica, mas funcional

A trama de Inversion se passa em um futuro distópico onde a Terra é atacada por uma raça alienígena conhecida como Lutadores. No meio desse caos, acompanhamos o policial Davis Russel e seu parceiro Leo Delgado, que são empurrados para a linha de frente do conflito. O que inicialmente parece uma invasão convencional logo se revela um cenário de destruição ainda mais complexo, pois os invasores possuem tecnologia que lhes permite manipular a gravidade. A missão de Davis tem um tom pessoal: encontrar sua filha desaparecida em meio ao colapso da sociedade.

Se essa sinopse lhe soa genérica, é porque ela é. Inversion segue todos os clichês de histórias de invasão alienígena sem muito desvio de rota. Os personagens não possuem grande profundidade, e os diálogos são funcionais no máximo. No entanto, o jogo ao menos se leva a sério, sem cair no exagero ou em tentativas forçadas de comédia involuntária.

Um "Gears of War" com gravidade manipulável


Se você jogou qualquer Gears of War, então já tem uma boa ideia de como Inversion funciona. A jogabilidade gira em torno de combates em terceira pessoa baseados em cobertura. O peso dos personagens e o feeling das armas são bastante familiares, e até mesmo a interface do jogo lembra a da franquia da Epic Games. Mas é aqui que entra o maior diferencial: a manipulação da gravidade.

Usando um dispositivo chamado Gravlink, Davis pode alterar a gravidade em combate. Existem duas configurações principais: Low Gravity e High Gravity. A primeira permite erguer inimigos e objetos no ar, enquanto a segunda os esmaga violentamente contra o chão. Isso adiciona um elemento dinâmico às batalhas, permitindo que o jogador desloque inimigos para fora da cobertura, crie oportunidades para ataques e use o ambiente a seu favor. Além disso, algumas seções do jogo desafiam a orientação espacial do jogador, colocando cenários onde a gravidade se inverte e tiroteios ocorrem em superfícies verticais ou mesmo flutuantes.

O sistema é interessante e oferece momentos genuinamente divertidos, mas nem sempre é bem aproveitado. Muitas situações se resumem a atirar em inimigos de maneira convencional, fazendo com que o potencial da mecânica gravitacional pareça subutilizado.

Um fruto de sua época

Visualmente, Inversion é um produto do seu tempo. O design dos personagens é genérico, e os inimigos não são muito memoráveis. No entanto, o jogo compensa com alguns cenários bem construídos, especialmente aqueles que desafiam a noção tradicional de espaço e gravidade. Explorar ruínas de cidades com edifícios colapsados para todos os lados cria um certo impacto visual, mesmo que o jogo não tenha uma direção de arte marcante.


O grande problema é a repetição. Apesar de alguns momentos criativos, muitos cenários acabam parecendo genéricos e sem personalidade. A falta de variedade na paleta de cores (muitos tons de marrom e cinza) também não ajuda a criar uma identidade visual forte.

O multiplayer de Inversion é um reflexo do seu singleplayer: funcional, mas sem brilho. Os modos de jogo são padrões para a época, como deathmatch e team deathmatch, mas com a adição dos poderes gravitacionais. Infelizmente, o jogo nunca teve uma base de jogadores grande o suficiente para tornar o multiplayer relevante a longo prazo, e servidores vazios rapidamente selaram seu destino.

Inversion é um jogo que vive na sombra de Gears of War. Sua jogabilidade é competentemente copiada da fórmula que fez sucesso na geração do Xbox 360 e PS3, e a adição da manipulação gravitacional é um diferencial interessante, mas que não recebe o desenvolvimento necessário para se tornar verdadeiramente revolucionário. A história é clichê, os personagens são esquecíveis e a direção de arte é genérica, mas o jogo ainda proporciona momentos divertidos e, em alguns casos, criativos.

Se você é fã de shooters em terceira pessoa e sente falta do estilo de Gears of War, Inversion pode valer a pena, especialmente se for encontrado por um preço baixo. Mas não espere uma experiência marcante ou inovadora. No fim das contas, ele é um daqueles jogos que você joga, se diverte por algumas horas e depois esquece, sem deixar grande impacto na memória.

Revisão: Beatriz Castro

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Kevyn Menezes
Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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