Em março de 2000 o mundo conhecia o sucessor do console de videogame mais popular até então: era lançado, no Japão, o PlayStation 2. Nos EUA, Europa e Austrália, o console chegou no segundo semestre do mesmo ano e, em outros mercados, apenas no ano seguinte.
Assim como seu irmão mais velho, o PS2 foi projetado por Ken Kutaragi, que começou a trabalhar no novo console logo após o lançamento do primeiro PlayStation, ainda em 1994. Rumores do novo videogame só surgiram em 1997, e a Sony confirmou apenas em março de 1999, um ano antes do lançamento.
Revelado na Tokyo Games Show, em setembro de 1999, a Sony já chegava com um forte cartão de visita para apresentar o PlayStation 2: duas demos estavam disponíveis, Gran Turismo 2000 (depois renomeado para Gran Turismo 3: A-Spec ) e Tekken Tag Tournament. Ambos os jogos são relíquias da plataforma (para se entender o tamanho da franquia, Tekken 3 foi um dos jogos mais vendidos do PlayStation original) e foram capazes de surpreender e carregar o anúncio da nova geração.
O mais vendido
O PS2 virou um clássico quase que instantaneamente, tendo em vista que as unidades esgotaram logo no lançamento. Boa parte do motivo foi manter a faixa de preço de US$ 299, o mesmo do lançamento do PS1. Outro grande ponto de venda foi o fato de trazer um DVD player embutido, uma vez que a tecnologia estava se popularizando e substituiria os VHS. Diversos lares brasileiros, por exemplo, tiveram no PlayStation 2 seu primeiro aparelho de DVD.
Até o momento, o PS2 é o console mais vendido de todos os tempos, tendo atingido a marca de 160 milhões de unidades vendidas. O Nintendo Switch está logo atrás na briga, com 154 milhões. Com o anúncio do Switch 2, fica a curiosidade se o original ainda terá gás para chegar ao posto de número 1.
O que ajudou muito o console da Sony foram os longos anos de produção. Mesmo com o lançamento do PlayStation 3 em 2006, a Sony não parou de produzir o seu maior sucesso e o carregou até quase o lançamento do PlayStation 4. A empresa japonesa só parou de produzir o console em 2013, fazendo-o também um dos videogames com o maior ciclo de vida.
Jogando “safe”
Se tem uma frase que pode definir o que foi o PlayStation 2, é: em time que está ganhando não se mexe. Sem arriscar muito, o console apenas melhorou em muito o que o antecessor trazia.
O DualShock 2, por exemplo, repetia o mesmo formato do primeiro. Adicionava botões de pressão, mas fora isso, pouca novidade. O mais importante foi a garantia que o controle fosse o padrão do console e aceitos por todos os jogos, ao contrário do que aconteceu com seu antecessor, já que o DualShock original foi lançado no meio do ciclo de vida do PS1, fazendo com que vários jogos não fossem compatíveis com o novo controle.
O armazenamento também pouco mudou. É praticamente o mesmo formato de Memory Card, apenas com mais espaço (8 MB), o que permitia muito mais saves de games do que o anterior. A mídia também foi importante, sendo um formato padrão do mercado, de fácil e rápida confecção. O apoio às third parties seguindo o modelo feito com o PS1 também foi importante.
Muitas dessas escolhas passam pela retrocompatibilidade. Foi importante manter um padrão que permitisse o uso de cds, controles e até memory cards do antigo PlayStation na nova plataforma.
Biblioteca de jogos vasta
Não tem como falar de um console sem mencionar o mais importante: os jogos. Afinal, software vende hardware e um bom videogame sem bons jogos tende a cair no esquecimento. O PS2, tal qual o PS1, não era o equipamento mais potente da sua geração, mas isso não impediu que recebesse ótimos jogos que são lembrados até hoje.
E para começar, nada melhor que um dos jogos mais famosos da plataforma: GTA: San Andreas. O game de mundo aberto da Rockstar é o mais vendido do PS2, somando mais de 17 milhões de cópias. Além de ser um marco dentro da própria série, o game inovou ao trazer um dos maiores mapas de mundo aberto até então, diversas opções de customização, várias missões paralelas e uma história muito bem elaborada.
Vale ressaltar que a versão do PS2 de GTA: San Andreas ainda é uma das melhores versões já feitas até hoje. Isso acontece porque diversas mudanças feitas para que o jogo rodasse em dispositivos móveis não agradaram ao público.
Ainda no tópico dos best-sellers, Gran Turismo se destaca com duas edições (3: A-Spec e Gran Turismo 4). O game elevava o realismo nas corridas eletrônicas para níveis que ainda não haviam sido vistos na indústria.
Tekken fez um repeteco no top 10 mais vendidos da marca PlayStation. Tekken 3 figurou entre os maiores do PS1, enquanto Tekken 5 apareceu no PS2. Após um Tekken 4 que trouxe novas propostas, a Namco resolveu seguir o básico e voltar para o que consagrou a franquia nos títulos anteriores.
Outros pilares da família PlayStation também estavam presentes: Metal Gear Solid e Final Fantasy. Com duas edições (Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty e Metal Gear Solid 3: Snake Eater), os jogos de Kojima cimentaram ainda mais a franquia como uma das grandes de todos os tempos. Por outro lado, a Square Enix trouxe Final Fantasy X, que marcou e impactou tanto que recebeu uma continuação, coisa rara para a série.
Diversas grandes franquias possuem as suas raízes no segundo console da Sony, sendo elas exclusivas ou não. God of War, Kingdom Hearts, Ratchet & Clank, Devil May Cry, Jak and Daxter (o patinho feio da Naughty Dog), Sly Cooper, Guitar Hero e Yakuza, entre vários, vários outros. Estima-se que a biblioteca de jogos do PS2 seja entre 4300 e 4400 títulos.
Legado
O PlayStation 2 não só seguiu com maestria a cartilha de seu antecessor, mas o fez ainda melhor, provando que o acerto da Sony com a indústria dos games não foi um evento isolado. Foi recebido muito bem por crítica e público, além de ter aproveitado uma janela que deu quase um ano de vantagem para os concorrentes GameCube e Xbox — a Sega já havia descontinuado o Dreamcast.
Com um ciclo de vida de praticamente 13 anos, o console foi capaz de agradar a gregos e troianos. Possuía jogos infantis, jogos para adultos, jogos de esporte, de RPG, de FPS, de ação, corrida e muito mais. Era possível agradar a praticamente qualquer gosto do público.
Até os dias de hoje não é difícil encontrar alguém com boas e nostálgicas memórias com o PlayStation 2. O console marcou uma geração, que sempre está pronta para revisitar os grandes jogos da época, seja no antigo videogame guardado no armário, ou nas plataformas digitais dos potentes irmãos mais novos.
Revisão: Vitor Tibério