Dizem que em time que está ganhando não se mexe, e os jogos da série MLB já vêm de uma sequência sólida de ótimos títulos. Ainda assim, MLB The Show 25 conseguiu deixar alguns pontos ainda mais interessantes, apesar de deixar passar uma bola ou outra em aspectos que já estavam ótimos.
Strike out!
Controlar rebatedores e arremessadores é obviamente a parte central da jogabilidade, e MLB The Show 25 utiliza a dificuldade dinâmica para acompanhar a evolução de quem está no comando. À medida em que vamos acertando as jogadas, seja com arremessos ou rebatidas, a dificuldade é elevada, mas de maneira a não trazer uma curva de dificuldade injusta ou que nos leve a sermos surpreendidos com jogadas absurdas por times piores que o nosso.
Os tipos de efeitos que podem ser colocados em uma bola variam entre cada lançador, assim como sua força e habilidade. Mesmo assim, é bem tranquilo dominar as técnicas necessárias para se tornar um pitcher de elite. Isso se torna ainda mais intuitivo para quem jogou os títulos anteriores. Você pode seguir a indicação do catcher (o cara que fica atrás do rebatedor com as proteções) ou tentar surpreender com uma decisão sua.
Já as rebatidas estão bem mais complexas e até um pouco cruéis. Para quem jogou The Show 22, 23 e 24, vai notar que, mesmo jogando nos níveis mais tranquilos, ganhar uma base ou acertar um home run é uma tarefa complexa, mesmo acertando perfeitamente o tempo da bola. Isso pode acabar sendo um desmotivador, até mesmo para os veteranos, que irão levar um tempo para se acostumar com os defensores adversários sempre salvando os lances que poderiam contribuir para uma (suada) vitória.
É possível jogar de maneira simplificada, focando apenas na hora de rebater e arremessar, ou ter uma experiência completa, controlando todos os jogadores a cada momento quando for necessário. Nessas horas, rolam minigames que determinam se aquele lançamento do fundo do campo até uma das bases vai ser certeiro ou não, ou o meu preferido: quando um dos defensores se joga no chão para tentar eliminar o rebatedor ou alcançar uma base. Inclusive, nesses momentos podemos alternar para uma visão em primeira pessoa, para trazer mais realismo.
Ao fim dos 9 innings, o fator que irá garantir a vitória é a atenção aos arremessos e um pouco de sorte nas rebatidas para que alguém erre na hora de tentar alcançar a bola, mesmo com uma rebatida perfeita.
RPG, Roguelike e aulas de história dentro do campo
Não houve mudanças nos modos de MLB The Show 25, mas isso não quer dizer que elas não aconteceram dentro deles. Eu passei a maior parte do tempo no Diamond Dynasty, que é o Ultimate Team daqui, e ele melhorou consideravelmente. A melhor coisa que poderia ser mencionada é a retirada do Seasons, que tornava algumas cartas disponíveis por curtos períodos de tempo, tornando várias delas inacessíveis para quem não adquiriu o jogo no lançamento. Agora, independente de quando esta edição foi comprada, será possível conseguir todas as cartas disponíveis até o momento, o que tira um pouco a parte corrida do grinding para cumprir missões difíceis em um prazo de tempo apertado.
Ainda dentro do Diamond Dynasty, há o Diamond Quest, que traz uma vibe roguelike para dentro do estádio. Percorremos um tabuleiro com base em números tirados no dado, no qual encontramos vantagens e penalidades que durarão apenas durante aquela jornada. O destino final é o estádio, durante o qual jogamos uma partida de apenas 3 innings para derrotar o chefão. Em caso de triunfo, ganhamos uma recompensa exclusiva, que pode ser um pacote de luxo ou uma carta muito boa. Quanto maior o tabuleiro, mais coisas encontramos pelo caminho para facilitar ou dificultar o alcance do objetivo.
Outra presença constante é o Storyline, que traz as estrelas da Negro League. O modo, introduzido na edição retrasada, revive grandes momentos de atletas afrodescendentes que ajudaram a fundamentar o esporte, tudo isso acompanhado por vídeos ricamente documentais narrados por Bob Kendrick, presidente da Negro League Baseball Museum.
Infelizmente, por esta ser a terceira edição do Storyline, aconteceu o inevitável: há cada vez menos jogadores para retratar. Agora temos apenas três, se comparado aos oito da primeira edição: James “Cool Papa” Bell, Wilber “Bullet Joe” Rogan e Norman “Turkey” Stearnes.
Já a parte RPG fica por conta do Road to the Show: The Amateur Years. Nosso avatar aspirante à estrela da Major League Baseball, e futuro membro do Hall da Fama, tem um longo caminho pela frente. Além de decidir em qual posição ele jogará, não basta ter só uma boa performance para se tornar um nome de destaque. Escolher uma boa universidade e iniciar a carreira em clubes que sejam mais fracos, mas lhe deem mais oportunidades de estar em campo em vez de potências pode ser a chave para o sucesso.
Cada partida jogada ajuda a melhorar as habilidades do nosso personagem, dentro e fora do campo. Isso cria a experiência completa da jornada de um atleta, desde a estreia até a aposentadoria.
Por fim, e consequentemente ganhando menos destaque, Franchise e March to October também estão de volta. Eles se mantiveram essencialmente os mesmos, sendo que no Franchise nós somos os Managers de um clube da MLB, tomando todas as decisões de dentro do escritório, como aperfeiçoar o elenco na época de Free Agency e negociar contratos.
Quem quiser gerenciar o time e ainda assim vivenciar cada partida desde a pré-temporada até a melhor de sete do World Series vai se divertir mais com o March to October. A ideia é deixar o time o melhor possível para se sagrar campeão mundial de beisebol.
Agora com clubismo!
Graficamente, MLB The Show 25 não se distancia muito dos seus antecessores, mas isso não é ruim. Temos representações fiéis de atletas do presente e do passado em suas melhores formas, com modelos muito bem feitos. Além disso, os estádios também foram reproduzidos nos mínimos detalhes. Já a parte sonora também é bem bacana, então minha única reclamação é que em alguns modos de jogo a música não para nem quando a partida começa. Entendo que as músicas selecionadas servem para ajudar no hype, mas assim que o primeiro inning começa fica chato uma música aleatória tocando enquanto tentamos nos concentrar.
O clima de transmissões televisivas ainda se mantém mais um dos pontos altos do jogo. Jon “Boog” Sciambi e Chris Singleton continuam o bom trabalho e inclusive fazem diversos comentários sobre nossa equipe, principalmente no Diamond Dinasty, pois temos muitos atletas aposentados e lendários, então é sempre bacana receber informações sobre a carreira deles.
Como opção desta vez podemos adotar todo visual padrão da edição deste ano ou trocar tudo, desde a dupla de narradores para algumas personalidades regionais ou de épocas mais longínquas, até a identificação de placares e letreiros na tela. Tudo isso para acompanhar o time que escolhemos para jogar.
Quer um visual todo em azul e branco para demonstrar sua paixão pelo Dodgers? Quer colorir a tela em vermelho por causa do Red Sox? Escolheu o Giants e quer tudo em Laranja e Preto? Agora você pode fazer essas escolhas livremente.
Com tanta coisa bacana, ainda falta um carinho para com o público daqui do Brasil. Beisebol pode não figurar entre as maiores paixões nacionais, visto que basquete e futebol americano têm uma visibilidade bem maior aqui, mas vale lembrar que nós já temos transmissões oficiais do esporte há mais de 20 anos, e entendo que talvez seja difícil contar com as vozes de Renan do Couto, Ari Aguiar ou Ubiratã Leal, mas ter pelo menos os textos no nosso idioma já ia ajudar em muito para quem quer aprender mais sobre beisebol, mas não domina o inglês.
Como de costume, um show
O padrão estabelecido pela franquia mais uma vez se mostra forte e saudável em MLB The Show 25. As mexidas nos modos de jogo foram providenciais para revitalizar de maneira precisa o que era necessário, apesar do Franchise e do March to October começarem a ficar um pouco para trás.
Quanto à jogabilidade, mais uma vez temos um título que abraça tanto novatos quanto veteranos, oferecendo níveis de desafios acessíveis e que premiam aqueles que se dedicam. Entretanto, dessa vez as rebatidas exigem uma precisão absurda e até um pouco de sorte, o que pode tornar mais difícil conseguir aquele home run salvador no último inning.
Prós
- Mudanças no Diamond Dinasty o tornaram ainda mais interessante e o principal modo de jogo;
- Utilizar a visão em primeira pessoa e os minigames em momentos pontuais de cada partida as tornam ainda mais divertidas imersivas;
- A dificuldade dinâmica é uma ótima aliada para mensurar a evolução do jogador, tanto no arremesso quanto na rebatida;
- Os modelos dos jogadores, tanto do presente quanto do passado, são bastante fiéis à realidade;
- Poder utilizar a identidade visual de uma equipe e alternar narradores de diferentes épocas dá um charme a mais para as partidas.
Contras
- A precisão nas rebatidas se tornou bastante difícil de ser atingida e isso pode afastar novatos;
- O Storyline é um excelente modo, mas fatalmente está se tornando cada vez menor;
- March to October e Franchise continuam sólidos, mas estão ficando para trás perto das inovações dos outros;
- Ausência de textos em português.
MLB The Show 25 — PS5/Switch/XSX — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Sony