Análise: Care Bears: To The Rescue — O carinho é a chave para liberar a magia

Sol, Boa Sorte, Carinhosa, Animadinha e Zangadinho precisam deter mais um plano maligno de Bluster, antes que a Terra do Carinho seja destruída.

em 06/03/2025
Quem tem mais de 30 anos, já deve ter pelo menos assistido a um ou dois episódios de Ursinhos Carinhosos nas manhãs do SBT — e eu me incluo no grupo dos que não perdia um. Originários da década de 1980 como personagens de cartões-presente nos Estados Unidos, eles ganharam uma série própria em 1985 e fizeram um sucesso bem acima do esperado, com direito a bonecos de pelúcia, filmes e até alguns reboots.

Care Bears: To The Rescue é baseado na versão mais recente da franquia, chamada de Ursinhos Carinhosos: Libere a Magia. Mas não se deixem enganar pelo aspecto fofo, pois aqui temos um jogo que mostra o porque os ursinhos são especialistas em aventuras. O título já estava disponível para PC e Switch e agora chega ao PS4, PS5 e Xbox Series X/S.

“Se algum problema você encontrar, quem é que aparece pra ajudar?”

Antes de mais nada, deixo claro que trata-se de um jogo infantil, mesmo que com um certo nível de desafio, por isso é normal que jogadores experientes consigam finalizá-lo em uma média de 3 horas, sem se esforçar tanto.

Care Bears to the Rescue traz uma história leve como a de um curta-metragem: o vilão Bluster, líder do grupo conhecido por Bad Crowd, decide plantar uma semente do mal em Blusterland para dominar toda a terra de Silver Lining. O plano dá muito errado e as sementes tomam todo o lugar para si com toda sua energia maligna.

Agora cabe aos Ursinhos Carinhosos desfazer tal malvadeza. Todos eles podem saltar e eliminar inimigos com seus raios disparados pelos emblemas na sua barriga. Podemos escolher entre os cinco integrantes da equipe, composta por:
  • Funshine Bear (Sol) - Ele é o mais veloz do time;
  • Good Luck Bear (Boa Sorte) - O sortudo da equipe pode esquivar de obstáculos e inimigos 
  • Share Bear (Carinhosa) - Restaura sua energia após cinco segundos sem levar novos danos;
  • Cheer Bear (Animadinha) - Ela é a mais forte do grupo, gastando menos tempo para eliminar inimigos com seu raio da barriga
  • Grumpy Bear (Zangadinho) - Seu temperamento esquentado ajuda a encontrar segredos escondidos pelas fases
O fato de cada um ter uma habilidade reforça a pegada multiplayer do jogo, inclusive alguns trechos necessitam de um personagem específico para progredir. Entretanto, se você estiver jogando sozinho, o ursinho necessário para ativar uma alavanca ou plataforma irá aparecer para te dar uma força.

Algo que me surpreendeu positivamente é que, como expliquei acima, o jogo claramente é voltado para um público mais jovem, mas ele não se intimida em subir o nível consideravelmente nos dois últimos mundos. A curva de dificuldade não é nada de outro mundo, mas há momentos nos quais os reflexos são postos para trabalhar. Isso colabora bastante para a experiência final, mas acaba evidenciando um leve problema na resposta dos comandos, principalmente nas áreas do quarto mundo, repletas de pistas de gelo.

Outro ponto da jogabilidade que poderia ser melhorado é a direção do raio disparado pela barriga dos ursinhos. Ele é disparado em linha reta, mas pode acontecer de ir para uma diagonal ascendente se o nosso alvo estiver voando pouco acima, só que nem sempre dá para confiar nesta trajetória elevada. Seria melhor então abrir a possibilidade para direcionar o raio ou retirá-lo de vez e deixar apenas um disparo reto.

Quanto ao level design, ele se mostra bastante criativo, mesmo para um título que à primeira vista parece bem simples. Cada uma das cinco áreas conta com sete fases; cinco são no estilo plataforma tradicional, enquanto a sexta é um segmento de nave horizontal, no qual enfrentamos a sementa malvada do local. A sétima e última traz um minigame variado, com base no tema daquele ambiente. É um conjunto leve que achou uma alternativa para concluir cada missão de uma maneira que é a cara da franquia.

Meu único apontamento nessa questão são as sessões com plataformas móveis. Já é algo que deve ser esperado em jogos do gênero, mas aqui eles podem dar uma dor de cabeça a mais, pois há trechos que parecem ter uma demora fora do normal para acertar o timing do salto entre uma plataforma e outra. Care Bears: To The Rescue está longe de ser um produto para speedrunners, mas essa parte em específico deixou a desejar.

Pequenos ursos, grandes aventuras

Diferente de alguns outros títulos de franquias infantis que já analisei por aqui, To The Rescue consegue utilizar muito bem todo o aspecto visual e sonoro da sua fonte ao seu favor. Os ambientes coloridos conseguem trazer o melhor de cada área de Silver Lining para a telinha: florestas com flores gigantescas, praias, cavernas de cristais, rios com barquinhos de papel, montanhas geladas e até as áreas grotescas de Blusterland que lembram um parque de diversões decadente. Está tudo muito bem representado.

A trilha sonora também não faz feio, acompanhando a tônica da ação leve e divertida dos ursinhos. Temos desde melodias alegres para os estágios iniciais até temas um pouco mais dinâmicos para os desfechos.

Uma parte interessante da progressão é que temos que juntar estrelas e uma determinada quantidade abre as fases seguintes. Isso nos permite concluí-las na ordem que quisermos até a sexta fase, dando ao jogador o poder de escolher onde ir primeiro. Como o jogo não tem falas, apenas texto corrido, ficou faltando uma localização para o nosso idioma, visto que a animação Libere a Magia tem sua versão em português do Brasil.

Os colecionáveis também trazem uma ótima camada de desafio e informação. Se você, assim como eu, só conhecia a versão antiga (sinto minhas costas doendo), há 96 adesivos espalhados pelas fases, sendo três em cada.  Eles não estão escondidos em lugares inalcançáveis, mas farão os jogadores olharem cada canto com atenção redobrada.

Cada um traz uma informação sobre os personagens principais, secundários e cenários deste reboot. No fim, funciona como uma mini galeria e isso sempre é bem vindo.

“Não tenha medo se algo te ameaçar, os Ursinhos surgem de algum lugar”

Care Bears: To The Rescue é um ótimo jogo de plataforma e com carisma o bastante para encantar baixinhos e grandinhos. Os veteranos do controle podem até considerar o desafio brando, mas ainda assim o título entrega uma boa dose de aventura e magia para quem quer apresentar o gênero para jogadores mais novos, ou até mesmo curtir uma dose de nostalgia sincera.

Prós

  • Cada urso ter uma habilidade reforça a ideia de jogar com amigos;
  • O level design não deixa a desejar e apresenta uma boa camada de desafio na segunda metade do game;
  • Coletar os quase 100 adesivos aumenta o fator replay;
  • Visuais e trilha sonora aproveitam e replicam o que a animação tem de melhor;
  • A ideia de trazer um minigame para concluir cada área é uma ótima sacada.

Contras

  • Jogadores veteranos podem achar o nível de desafio muito baixo;
  • Problemas pontuais em áreas que exigem saltos consecutivos;
  • Algumas plataformas móveis demoram para casar o tempo de ação umas com as outras;
  • Ausência de texto em português.
The Care Bears: To The Rescue — PC/PS4/PS5/Switch/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Forever Entertainment
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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