Análise: Marvel's Spider-Man 2 desaponta em sua aguardada estreia no PC

em 12/02/2025

Desenvolvido inicialmente de forma exclusiva para PlayStation 5, Marvel's Spider-Man 2 possui todos os atributos que consagraram a Sony... (por Alan Murilo em 12/02/2025, via GameBlast)

Desenvolvido inicialmente de forma exclusiva para PlayStation 5, Marvel's Spider-Man 2 possui todos os atributos que consagraram a Sony e a marca PlayStation Studios como referência em qualidade em aventuras single-player, como o apelo cinematográfico e a jogabilidade refinada. No entanto, a sua aguardada estreia no PC serve de lembrete que adaptar um jogo para os computadores não é e nunca será uma tarefa ordinária — menosprezá-la invariavelmente resultará em desapontamento, que, infelizmente, é o caso aqui.

Uma sequência segura…

Como o número em seu título indica, Marvel's Spider-Man 2 é uma sequência direta na série da Insomniac, se passando aproximadamente dez meses após os eventos de Marvel’s Spider Man: Miles Morales. Na prática, o salto temporal significa que agora finalmente vemos os dois Spiders protegendo Nova Iorque — algo muito positivo e até mesmo necessário, considerando as várias ameaças que aparecerão ao longo da história. 

Ainda sobre isso, apesar de haver uma recapitulação dentro do jogo — acessível pela opção “Anteriormente…” no menu principal —, o fato do novo título ser uma continuação indica que Spider-Man 2 é, sim, muito melhor aproveitado quando o jogador já finalizou as duas aventuras anteriores, no PlayStation ou no PC.

É que somente dessa forma é possível perceber todas as interessantes evoluções nos arcos narrativos dos personagens. Agora, enquanto Peter busca uma carreira mais estável e está tentando a vida como professor, Miles se vê às voltas com a sua aplicação para o Ensino Superior, frequentemente postergando a tarefa, apesar de sua importância.

Buscar o equilíbrio entre a vida pessoal e a atuação como super-herói é, então, um feito que se prova desafiador para ambos os Aranhas, evocando continuamente a mensagem “Be greater” ("Seja melhor", em tradução livre), que conduz o desenvolvimento da franquia desde o seu primeiro jogo. 

Felizmente, para ajudar nessa difícil missão, a rede de apoio é preservada e até expandida. Mary Jane, por exemplo, está cada vez mais presente na vida de ambos os heróis, inclusive partindo para a ação sempre que necessário. Outro ponto alto é que finalmente também temos um contato mais próximo com Harry Osborn, que reaparece praticamente curado após o seu longo tratamento experimental.

Outros personagens secundários, como Rio Morales e o vilão Martin Li, também retornam e proporcionam de bons a ótimos momentos em seu tempo de tela, provando que a Insomniac conseguiu um feito que não pode jamais ser menosprezado: criar um universo próprio, mas consistente e condizente com o rico legado do cabeça de teia e as expectativas dos fãs após dois excelentes jogos.

…mas não menos divertida por isso

Movendo a análise da história para a jogabilidade, com Marvel’s Spider-Man 2 sendo elaborado exclusivamente para PlayStation 5, nota-se que o hardware mais avançado à disposição dos desenvolvedores proporcionou melhorias diretas na jogabilidade, como a possibilidade de planar por Nova Iorque — agora expandida para incluir versões virtuais do Brooklyn e do Queens —, e ainda mais ferramentas para Peter e Miles enfrentarem as hordas de bandidos.

Novamente, se você gostou dos dois primeiros jogos, é praticamente garantido que gostará deste, pois a gameplay em si não sofreu grandes alterações, passando, na realidade, por um refino muito comum às sequências numeradas, com inclusões pontuais que aumentam o leque de opções do jogador.

Sobre isso, particularmente, gostei muito dos novos gadgets à disposição dos Aranhas. Poder criar e andar sobre linhas de teia, por exemplo, acrescenta uma nova camada muito interessante às seções de stealth do jogo. Os braços mecânicos de Peter e o poder Venom de Miles também tiveram seus movesets ampliados com ainda mais possibilidades, desbloqueáveis com pontos de técnica e fichas de atividades secundárias.

Todas essas inclusões são justificadas graças à aparição de novos vilões frios e poderosos, como o caçador Kraven e, é claro, Venom. Sem entrar no campo dos spoilers, enfrentar cada um deles é um espetáculo à parte; a missão de abertura, na qual enfrentamos Sandman, que o diga: honestamente, acho difícil um fã do herói não se empolgar já na primeira hora de jogo, dada a qualidade vista na sequência em que nocauteamos o arenoso antes que ele destrua a cidade.

Bem, com tudo isso acima, mais a recepção aclamada de crítica e público no PlayStation 5, parecia que Marvel’s Spider-Man 2 seria um hit completo no PC assim como os dois primeiros jogos da saga, correto? Infelizmente, não é o caso por problemas técnicos e falhas consideráveis no trabalho de adaptação para a plataforma, como falarei na próxima seção.

Uma adaptação precária que retira parte do brilho do jogo

Curiosamente, Marvel’s Spider-Man 2 foi um dos ports mais rápidos do PlayStation para os computadores, chegando ao PC pouco mais de um ano após a sua estreia no console atual da Sony. Até aí, tudo bem, mas o primeiro sinal de que havia algo errado com esta versão foi a ausência da divulgação dos requisitos mínimos e recomendados (e gameplay) até um dia antes do lançamento no Steam e na Epic Games Store.

O silêncio da Sony e da Nixxes, empresa responsável pela adaptação, foi quebrado na véspera — junto com a boa notícia de que o login na PSN passaria a ser opcional para os jogos PlayStation no PC —, mas bastou o game estrear de fato para a internet ser inundada com relatos preocupantes de crashes, baixa performance e bugs de todos os tipos.

Em meu PC com um Ryzen 7 5700x e uma RTX 3060 de 12GB (portanto, superior à configuração oficial “recomendada”), confesso que não enfrentei os temidos CTD (crashes to desktop), mas a performance como um todo ficou bem abaixo das minhas expectativas. Mesmo com o salto geracional envolvido, sair dos 144 fps praticamente fixos de Marvel’s Spider-Man Remastered para quedas bruscas para os 50 e até 40 quadros por segundo em certas cenas de Marvel’s Spider-Man 2 é desapontante, principalmente porque a sequência não ficou tão mais bonita assim, visualmente falando. 

Graças à boa quantidade de opções ajustáveis no menu — uma tradição das adaptações da Nixxes —, é plenamente possível alcançar mais de 60 fps se o jogador estiver disposto a comprometer um ou outro parâmetro, como o Ray Tracing e a densidade do trânsito e das multidões, que são especialmente exigentes neste título.

Porém, o onipresente stuttering ao avançar pela cidade e as variações bruscas na taxa de quadros (às vezes, até virar a câmera pode causar o irritante microtravamento) denunciam a falta de otimização. Como resultado, mesmo com o apoio das tecnologias DLSS e FSR, aquela que tinha tudo para ser uma ótima experiência acaba comprometida em termos de qualidade e fluidez. 

Isso sem falar nos bugs e omissões: além dos já esperados personagens flutuantes e instâncias de clipping, no lançamento, as conquistas não estavam sendo desbloqueadas e, ainda mais grave, as opções de estilo de animação e efeitos sonoros de quadrinhos simplesmente não estavam presentes no menu principal, apesar de serem referenciadas logo no início da aventura. Em suma, são aqueles típicos problemas evitáveis, mas que demonstram que o trabalho de adaptação infelizmente não passou por um bom controle de qualidade. 

Francamente, é até difícil de acreditar que a mesma empresa que adaptou de forma excelente a edição completa de Horizon Forbidden West para o PC tenha assinado um trabalho tão aquém das expectativas em Marvel’s Spider-Man 2. O ponto positivo é que pelo menos a confusão já começou a ser arrumada, com a primeira grande atualização sendo disponibilizada no dia 6 de fevereiro, dando seguimento aos dois hotfixes anteriores.

Assim, fica a esperança para que, em breve, Marvel’s Spider-Man 2 transcenda o status de “jogável” e faça jus às expectativas de ser a versão definitiva do jogo da Insomniac. Por ora, a não ser que você tenha um hardware muito acima da média (e também seja um fã de carteirinha do amigão da vizinhança), ao meu ver, compensa mais esperar alguns novos patches e correções e embarcar em uma versão mais polida do título — afinal, para quem esperou mais de um ano para ver o jogo nos computadores, o que são algumas semanas a mais?

Eu tenho uma ideia… um port bom na minha teia

Marvel’s Spider-Man 2 desaponta em sua aguardada estreia no PC, entregando uma aventura aquém das expectativas criadas desde o seu lançamento no PS5. Por mais divertida que seja a sequência da saga de Peter Parker e Miles Morales, o trabalho precário de adaptação para a nova plataforma impede uma recomendação mais ampla até que os seus problemas mais básicos sejam resolvidos e a performance entregada esteja dentro do esperado para diferentes configurações de hardware.

No fim, a regra é clara: se os jogadores de PC tiverem que esperar para jogar os títulos de PlayStation, que no mínimo eles sejam recompensados com boas versões, dignas do tempo de espera e dos pontos fortes da plataforma. Do contrário, será melhor para todos os envolvidos pouparem tempo e esforço. Uma pena.

Prós

  • Entrega uma sequência segura para os dois primeiros jogos da franquia, que certamente agradará a quem gostou das aventuras anteriores de Peter e Miles;
  • O refino na jogabilidade, apesar de esperado, é bem-vindo, com destaque para a opção de planagem e a criação de linhas horizontais de teia;
  • Faz jus ao pedigree da marca PlayStation Studios com sequências cinematográficas de tirar o fôlego já nos primeiros minutos de jogo;
  • A grande quantidade de configurações gráficas ajustáveis, esperada em um port da Nixxes, concede considerável flexibilidade na hora de buscar o equilíbrio entre performance e impacto visual;
  • Não exige login na PSN;
  • Se receber a devida atenção, tem potencial de ser a versão definitiva do jogo (após uma série de patches).

Contras

  • Problemas de stuttering e variações bruscas na taxa de quadros comprometem a fluidez e a qualidade da aventura, mesmo com o hardware superior aos requisitos recomendados;
  • De forma alguma justifica a espera entre uma versão e outra, entregando uma experiência aquém do antecipado e aparentemente apressada na plataforma;
  • Falhas grotescas como a ausência de opções no menu do jogo, embora retificadas com o primeiro patch, indicam que o controle de qualidade foi praticamente inexistente, manchando a reputação de toda a iniciativa PlayStation PC.
Marvel's Spider-Man 2 — PC/PS5 — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Narração: Juliana Dias
Análise produzida com cópia digital cedida pela PlayStation Publishing
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Alan Murilo
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