Impressões: Promise Mascot Agency encanta por meio do mais puro caos

Drama yakuza dos criadores de Paradise Killer mostra paixão por tudo que representa em cada centímetro de seu mundo aberto.

em 27/02/2025


Antes de eu sequer ter jogado um único minuto de Promise Mascot Agency, eu já tinha decidido: esse é meu GOTY de 2025. Anunciado em abril do ano passado e prontamente coberto por mim neste humilde site a cada mínimo detalhe revelado, o título, criado pelo estúdio que deu à luz ao bizarramente estiloso Paradise Killer, com designs de personagem feitos por Ikumi Nakamura (ex-Tango Gameworks) e um protagonista com a voz de Takaya Kuroda (mais conhecido como Kazuma Kiryu), tem um pedigree de dar inveja a qualquer um.

A premissa é muito, mas muito simples. Você controla Michizane “Michi” Sugawara, o “Zelador” da Família Shimazu, grupo yakuza da região de Kyushu. Um belo dia, Michi é vítima de uma emboscada e perde uma grande quantia de dinheiro para os inimigos da organização; como resultado, ele é expulso da família, tem o mindinho amputado e é exilado por sua matriarca para a cidadezinha de Kaso-Machi, onde deve trabalhar para pagar a dívida que contraiu com ela. 

Esse trabalho é o de se tornar gerente de uma agência de mascotes, cuja dona é a filha de um de seus superiores: Pinky, uma simpática (porém explosiva) mascote que tem a forma de, veja que coincidência, um mindinho decepado. Os dois conseguem a permissão hesitante do prefeito para voltar aos negócios e decidem começar a fazer sua parte para que Kaso-Machi prospere como deveria — tudo isso enquanto investigam o incidente por trás do exílio de Michi, além dos misteriosos rumores a respeito de uma maldição na cidade que faria yakuzas definharem e morrerem. Tá vendo? Só isso! 

Brincadeiras à parte, Promise Mascot Agency tem muito para balancear, e sua tagline diz tudo: “drama criminal de gerenciamento de mascotes em mundo aberto”. A Kaizen Game Works, time por trás do projeto, só divulgou uma pequena parte do que está pronto, na forma de uma demo gratuita de 80 minutos que estará disponível até 3 de março para PC (via Steam), PlayStation 5 e Xbox Series X|S, mas ouso dizer que minha aposta no título como melhor jogo do ano já está me rendendo um bom lucro. Entre no kei truck e vamos rodar a cidade!

Um yakuza, um dedo e um sonho

Promise Mascot Agency, ao que tudo indica, começa com várias cutscenes que explicam a história que acabei de contar. Na demo, contudo, somos guiados diretamente à ação: Pinky brevemente apresenta o pano de fundo e o funcionamento da agência, e, daí, temos de rodar a cidade atrás de mão de obra e trabalho. 

Nosso principal e único meio de locomoção é o kei truck atualizável de Michi, seu xodó desde os tempos de yakuza. Dirigi-lo pela cidadezinha semiabandonada é uma delícia, uma experiência tão caótica quanto a premissa insana do título merece. O jogador é plenamente encorajado a se jogar de penhascos para cortar caminho e causar “pequenos” acidentes de trânsito ao jogar outros carros para fora da estrada. 

Visto que Paradise Killer funcionava do mesmo modo, fazendo do mundo aberto praticamente uma sandbox, pode-se dizer que esse é o jeito Kaizen Game Works de ser. Além disso, assim como no primeiro jogo do estúdio, em Promise Mascot Agency a trilha sonora aumenta de tamanho conforme encontramos as músicas pelo mundo, dando ainda mais incentivos para seguir explorando cada cantinho. 

Na versão de PlayStation 5, também se destaca o excelente uso do controle: os gatilhos contam com pressão adaptável (que pode ser desligada, caso necessário) e a voz de Pinky constantemente vem dos alto-falantes enquanto ela reage ao movimento do carro (ela fica na parte traseira, encarando o mundão ao redor). 

Mas só tem maluco nessa cidade?

As estrelas de Promise Mascot Agency já estão no nome do jogo: as mascotes. Kaso-Machi é populada por dezenas de criaturinhas esquisitas, cada uma com a própria personalidade, função e complexos. 

A grande estrela é, claro, Pinky, que balanceia o temperamento tranquilo e sério de Michi com uma boa dose de problemas de controle de raiva. A performance de Ayano Shibuya (que também já foi a Purah em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom) é digna de elogios: a voz que ela dá à personagem é fofinha e estridente, mas sem irritar demais. 


Outras mascotes são tão fora da casinha quanto nossa “mindinha”: temos também um bloco de tofu chorão, um gatinho viciado em pornografia e uma gótica soturna que não é bem paga. Cada um representa um aspecto da vida em Kaso-Machi e a Promise Mascot Agency se propõe a ser um porto seguro para todos eles. 

O elenco humano também não fica para trás no quesito maluquice. Assim como devemos conversar com as mascotes e recrutá-las, é também importante cair nas graças das pessoas da cidade, tanto para conseguir trabalhos quanto para ter quem pode ajudar quando os mascotes se metem em problemas (aí entramos em uma curta fase de deckbuilder, na qual as cartas são os “heróis” locais, como o mecânico, o dono da estação de trem abandonada e a adolescente estressadinha que ajuda a gerir a agência). 


Tanto nas conversas com as mascotes quanto com os humanos locais, o que mais se destaca é o senso de humor do jogo: bizarro e irreverente, entre piadas sobre a vida antiga de Michi, que vendia DVDs adultos como parte do trabalho na yakuza, e os incidentes misteriosos que Pinky causou para ser odiada por tantas pessoas, ele garante uma demo divertidíssima a cada momento. 

Comparando o título mais uma vez a Paradise Killer, Promise Mascot Agency opta por construir um elenco que faz Kaso-Machi parecer uma cidade real. Em contraste, seu antecessor se passava em uma ilha onde quase todos os habitantes já tinham morrido; só restavam os imortais que faziam tudo funcionar (e o mortal em quem planejam jogar a culpa de todos os crimes que cometeram). O foco era em uma boa lista de suspeitos; aqui, a Kaizen Game Works prefere explorar seus novos personagens como pessoas, membros de uma comunidade.

Prometeu e já está cumprindo


Atendendo a todas as expectativas, Promise Mascot Agency mostra a que veio em uma demo imperdível, mas ainda esconde muito de seu verdadeiro potencial. Com pouco mais de uma hora de duração, fica um gostinho de quero mais, entre os fatos ocultos sobre o exílio de Michi, as mascotes que ainda não conhecemos e o enorme tamanho do mapa completo planejado para Kaso-Machi.

O produto final estará disponível em 10 de abril de 2025 para todas as plataformas que receberam a demo e também para o Nintendo Switch. Considere dar uma chance para este pequeno negócio local!

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

Siga o Blast nas Redes Sociais
Hiero de Lima
Jornalista formada pela PUC-SP e eterna apaixonada por videogames, especialmente aqueles japoneses de mistério. Sempre tem alguma redação gigante para escrever depois que zera um Yakuza.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).