Die in the Dungeon é mais um daqueles títulos indie que oferece uma variação interessante do gênero de construção de coleções. Em vez de cartas, usamos dados que precisam ser posicionados em um tabuleiro para ativar seus efeitos, nos desafiando a utilizar os espaços da melhor maneira possível. Essa ideia é explorada em desafios e poderes criativos, resultando em uma experiência notável e completa, apesar de estar em acesso antecipado.
Lançando dados para explorar e lutar
Em Die in the Dungeon, sapos aventureiros desbravam calabouços recheados de armadilhas e monstros. Como é de praxe do gênero, os mapas oferecem várias rotas com diferentes pontos de interesse, como combates, lojas e eventos. As paredes das masmorras se alteram com frequência, resultando em partidas que apresentam caminhos e desafios únicos.O cerne da aventura é o tradicional combate por turnos, que tem uma ideia principal bem única. A cada rodada, recebemos um conjunto de dados que representam diferentes ações, como atacar, defender ou curar, e para ativá-los é necessário encaixá-los em um tabuleiro. As ações dos inimigos são explicitadas, o que nos permite reagir com consciência.
O diferencial é que muitos dos dados contam com efeitos especiais muitas vezes dependentes dos espaços no tabuleiro: alguns fortalecem espaços próximos, outros copiam habilidades de poliedros distantes, certas combinações ativam vantagens específicas, e assim por diante. Com isso, o desafio é encontrar configurações que aproveitem as casas da área de jogo da melhor maneira possível.
No decorrer da campanha, fortalecemos o aventureiro com novos dados e com relíquias com poderes passivos. Além disso, é possível alterar os valores das faces dos poliedros ou adicionar características que mudam suas propriedades, abrindo novas opções estratégicas. Ser derrotado significa recomeçar a jornada do zero, mas novos dados e relíquias são desbloqueados aos poucos, aumentando a variedade das partidas futuras.
Sorte, tática e tabuleiros em confrontos elaborados
Em um mundo de roguelikes de construção de baralhos muito similares, Die in the Dungeon consegue se destacar com suas mecânicas criativas e envolventes. No início, o jogo não me chamou tanta atenção, mas conforme novos conteúdos foram surgindo, fui sendo surpreendido e cativado pela profundidade das mecânicas.A jogabilidade de encaixar os poliedros no tabuleiro é simples à primeira vista, mas logo se revela cheia de nuances. O segredo está em combinar efeitos de forma estratégica para desferir golpes devastadores, aproveitando ao máximo o espaço disponível em desafios que lembram pequenos puzzles.
De longe, o mais legal no jogo está na variedade de opções disponíveis para os heróis além das ações básicas. Há dados que aumentam o poder de espaços específicos do tabuleiro, alguns poliedros persistem nas casas entre os turnos, já outros ativam seus efeitos imediatamente. Há também uma pitada de sorte: um único dado pode assumir diferentes valores em um mesmo combate e alguns poderes permitem rolá-los novamente. Isso, em conjunto com propriedades modificáveis e outras customizações, tornam os embates altamente estratégicos e variados.
Os inimigos não são apenas obstáculos, mas elementos que moldam a estratégia a cada partida. Um cavaleiro, por exemplo, só pode ser ferido em casas específicas, exigindo precisão no posicionamento. Já a aranha espalha teias pelo tabuleiro, reduzindo o poder de certas áreas, enquanto os médicos da peste envenenam espaços adjacentes, criando um efeito de propagação perigoso. A situação fica complicada quando diferentes monstros atacam simultaneamente, exigindo ainda mais atenção para conseguir vencer. A variedade de inimigos é boa e me diverti montando estratégias para sobrepujá-los.
O nome do jogo faz um trocadilho, pois “die” pode ser tanto morrer quanto dado. E a morte é frequente, afinal a dificuldade é intensa. Fui derrotado inúmeras vezes até aprender os conceitos básicos, mas aos poucos aprendi os melindres e consegui chegar cada vez mais longe — como é de praxe, a receita para o sucesso é montar um conjunto equilibrado de dados, de preferência fazendo sinergias com as relíquias.
Completo, mas inacabado
Apesar de ter sido lançado em acesso antecipado, Die in the Dungeon já oferece uma experiência completa. Três áreas estão disponíveis, assim como um trio de heróis com tabuleiros e poderes próprios. Além disso, inúmeras relíquias e dados são desbloqueados aos poucos conforme terminamos as partidas.No entanto, a meu ver, ainda há pontos que podem ser melhorados. O balanceamento da dificuldade ainda precisa de ajustes, pois algumas combinações de inimigos exigem um conjunto específico de dados para serem vencidas, tornando certas partidas excessivamente punitivas. Há inimigos, inclusive, que são capazes de derrotar os aventureiros com pouquíssimos ataques, o que gera um pouco de frustração.
Apesar de boa, a variedade de conteúdo precisa ser expandida. Durante a jornada, é comum ver os mesmos tipos de oponentes várias vezes, assim como os eventos. Além disso, falta um pouco de personalidade a cada uma das três áreas, que são muito similares entre si. Por fim, a história é inexistente, ficando a dúvida do motivo dos sapos aventureiros estarem explorando esses calabouços perigosos.
Felizmente, isso deve mudar. A desenvolvedora divulgou o roteiro de atualizações dos próximos meses, que inclui mais eventos, inimigos, relíquias e dados, heróis inéditos, desenvolvimento da história e até mesmo segredos. Se tudo isso for cumprido, o jogo terá características suficientes para se tornar um dos grandes destaques do gênero.
Um roguelike que já deu certo
Die in the Dungeon já se mostra uma experiência sólida e envolvente, com mecânicas criativas que desafiam o jogador a pensar estrategicamente a cada partida. A combinação de dados, tabuleiro e efeitos especiais resulta em combates dinâmicos e variados, garantindo partidas recompensadoras para quem gosta de desafios táticos. Mesmo em acesso antecipado, o jogo oferece um bom nível de conteúdo, com múltiplos heróis, inimigos e relíquias que enriquecem as partidas.Ainda assim, há espaço para refinamentos. O balanceamento da dificuldade pode ser ajustado para evitar momentos excessivamente frustrantes, e a variedade de conteúdo poderia ser ampliada para manter o frescor das partidas. No entanto, com um cronograma de atualizações promissor, Die in the Dungeon tem potencial para se tornar um dos destaques do gênero, consolidando sua identidade única no cenário dos roguelikes.
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela HypeTrain Digital
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