Impressões: Boyhood's End ainda está em sua infância, mas já mostra boas qualidades como aventura narrativa

O jogo conta a história de um menino hacker em um mundo controlado por uma máquina poderosa.

em 04/02/2025
Atualmente em acesso antecipado no PC (Steam), Boyhood's End é uma aventura textual de ficção científica desenvolvida por buriki clock em parceria com a WSS Playground. No momento, o jogo conta apenas com o primeiro capítulo completo e o segundo em andamento, mas já demonstra um forte potencial em sua trama.

Preso em uma distopia

Boyhood’s End conta a história de Giovanni Stylus, um rapaz de 15 anos que é considerado o pior ser humano na avaliação geral de “coeficiente humano”. Essa nota foi atribuída por R. Karellen, uma máquina que comanda a humanidade e define tudo que os indivíduos têm acesso dentro da sociedade.

Neste universo futurista, a humanidade foi toda reunida sob o comando de Karellen em uma sociedade organizada e confortável para vários indivíduos. Porém, as comodidades também vem com o cerceamento dos direitos de quem ousar ser dissidente: esses indivíduos são punidos em sua pontuação e vão sendo considerados progressivamente de menor valor.

Sem entrar em grandes detalhes, Giovanni já passou muito tempo com a sua nota baixa graças a certos eventos relacionados com a sua família. Apesar da estrutura injusta, ele teve a chance de estudar em um colégio de prestígio, que é onde a história começa após uma breve introdução de eventos que aparentemente acontecem no futuro.

Como o jogo ainda não está completo, é cedo para falar sobre a trama. Ela ainda está longe de ser fechada, tendo mais quatro capítulos indicados no menu inicial. Apesar disso, a obra consegue montar muito bem a sensação de violência estrutural, opressão e desespero do protagonista no seu primeiro capítulo até alcançar o seu clímax. Ao tentar reviver certos momentos da trama, o jogo também indica que as escolhas podem ter impactos futuros.

Já no segundo capítulo temos a chance de conhecer vários seres humanos tratados como indivíduos ilegais que vivem às margens no planeta Mollian. Esses “ratos” lutam da sua própria maneira para continuar vivos em uma comunidade hacker cheia de figuras peculiares.

Hacking: abrindo o futuro

Apesar das suas condições de vida, Giovanni não é um menino comum: ele é na verdade um hacker bem habilidoso. Com um computador pessoal e todos os seus conhecimentos de programação, ele é um dos poucos seres humanos que, mesmo vivendo dentro do sistema opressivo de Karellen, ainda consegue manipular as máquinas a seu favor.

Já no início do jogo aprendemos que ele consegue usar os códigos das máquinas para entrar em seus sistemas e adquirir novas informações. Na Dark Web, ele atua sob o pseudônimo “Handler”, executando tarefas variadas para as pessoas que o contratam.

Durante a trama, temos várias oportunidades para explorar esse sistema, coletando informações, invadindo sistemas e alterando a programação de algumas máquinas. Há em particular duas metodologias, uma envolvendo o uso de um terminal do computador e outra diretamente apertando um botão e selecionando a máquina desejada.

De forma geral, há uma boa variedade de elementos de gameplay, incluindo sequências de fuga e stealth e a navegação por menus de computador em busca de informações. Como um todo, a experiência tem tido um bom ritmo até o momento e, mesmo com as variações, a gameplay é simples o suficiente para que a obra seja fácil de aproveitar para qualquer tipo de jogador desde que a narrativa cative a pessoa.

Com os trechos mais recentes do capítulo dois, foram introduzidas disputas virtuais em um estilo de puzzle de ação. Cabe ao jogador empurrar pedras para tentar alcançar uma bandeira o mais rápido possível. Em alguns casos, temos adversários e é possível ver como eles se movimentam em uma pequena tela no canto superior direito do jogo.

Por fim, gostaria de destacar que o jogo é muito charmoso em seus aspectos audiovisuais. Além das pixel arts bastante coloridas usadas para o mapa, objetos e os NPCs dentro dele, há vários cut-ins estilosos e até mesmo efeitos para mostrar as expressões faciais de Giovanni enquanto lê novas informações no computador.

A direção sonora também é ótima em reforçar a ambientação futurista da obra, contando com várias músicas de qualidade. Porém, dentre elas, é especialmente interessante a transição para “Hacking” composta por AAAA. Junto com uma animação que mostra Giovanni assumindo uma postura séria e se concentrando, a evolução da música para um toque mais agitado é um momento bem catártico.

Muito chão pela frente

Boyhood's End é uma aventura de ficção científica que possui um grande potencial, mas ainda está apenas no início. Já é possível ver uma ambientação bem envolvente e uma variedade de gameplay que podem ser grandes forças para o produto completo, mas ainda é necessário que a obra seja mais desenvolvida para melhor avaliar se as suas qualidades permanecerão ou até terão a chance de melhorar no futuro.

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela WSS playground

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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