Impressões: Type-NOISE: Shonen Shojo parece unir o melhor de Danganronpa e Zero Escape em um único jogo

Embora a demo traga elementos que precisam ser melhorados, já dá para sentir que o jogo tem potencial para brilhar no mar de indies.

em 21/02/2025

Quando pensamos em mistérios envolvendo adolescentes em cenários improváveis, um dos grandes nomes da atualidade é, sem dúvidas, Danganronpa. Agora, quando falamos de jogos que sabem incorporar muito bem situações de vida e morte e elementos de escape-the-room, a série Zero Escape é a queridinha de fãs do gênero.


Desse modo, a proposta de Type-NOISE: Shonen Shojo, de DankHearts, parece unir o melhor das duas franquias supracitadas: seis adolescentes amnésicos — três garotos e três garotas — foram transportados à distópica Noise Scramble City, vigiada por uma entidade chamada Spectre.

A misteriosa Noise Scramble City, onde traumas tomam forma

Em uma cidade labiríntica que mescla realidade e pesadelos, os traumas das pessoas tomam forma e se tornam prisões. Este local é a enigmática Noise Scramble City, que, a princípio, se parece com Shibuya, mas está longe de sê-la.

Sem memórias ou respostas, os jovens carregam consigo um trauma profundo, denominado Noises. Essas lembranças são tanto obstáculos quanto chaves para a verdade, sendo elementos importantíssimos para a solução dos mistérios espalhados em Noise Scramble City.


Os seis protagonistas, além de suas características distintas, lidam com desafios internos marcantes: Zena Yugamizora, a heroína determinada, busca se espelhar em seus ídolos tokusatsu para superar seus medos; Itsuki Hozuki carrega uma inveja ardente que afeta suas decisões; Honoka Kirishima, sempre desconfiada, luta contra sua paranoia; Kaito Shimizu, assombrado pela baixa autoestima, tenta encontrar seu próprio valor; Hiyori Endo, uma streamer manipuladora e movida por sua persona digital, se perde entre verdades e mentiras; e Soto Ochibana, demasiadamente altruísta, enfrenta o dilema de equilibrar suas boas intenções com a dura realidade.

Para escapar, precisarão coletar fragmentos de seu passado, enfrentando medos e verdades ocultas. Essa fusão entre narrativa e mecânica de quebra-cabeças é o que torna o jogo instigante; embora siga uma fórmula similar à que vemos em Danganronpa e Zero Escape, o fato de os personagens serem tão singulares e precisarem lidar com seus traumas consegue fazer com que Type-NOISE não seja uma mera cópia do que já existe na indústria.


Para este texto, a DankHearts nos forneceu a mesma demo que será disponibilizada ao público no dia 24 de fevereiro, durante o Steam Next Fest. Desse modo, tivemos acesso às versões 1.0 e 2.0 da demonstração, que cobrem, respectivamente, parte do passado de Hiyori, o prólogo e o capítulo 1 do jogo.

A principal diferença entre essas versões é que a primeira já nos coloca no meio do jogo, após os jovens se reunirem em Noise Scramble City, enquanto a segunda nos permite conhecer um pouco mais de Zena, Soto, Haruka e Itsuki.

O cerne da experiência

De praxe no gênero, os quebra-cabeças de Type-NOISE são intercalados com porções de visual novel. Ao longo das investigações para escapar dos cenários, podemos interagir com elementos para desbloquear fragmentos das memórias dos personagens, que, uma vez completas, trazem dicas para seguir na exploração e até mesmo habilitar novas interações nos lugares.

Além disso, certos itens que obtemos durante as investigações podem ser combinados para criar novas ferramentas. Um exemplo clássico disso, visto no prólogo, é juntar o cabo e a parte de metal de uma chave de fenda para que possamos desparafusar uma lousa e rotacioná-la para seguir na coleta de pistas.


No entanto, durante minha experiência com a demo, em todos os momentos de escape the room, percebi que alguns puzzles eram bastante diretos, permitindo que as soluções fossem alcançadas sem a necessidade de revisitar os Noises. Senti que isso, por vezes, enfraqueceu o impacto da mecânica de reconstrução de memória, já que a resolução de certos desafios poderia ser mais integrada à exploração do passado dos personagens, tal qual a intenção (acredito eu) do jogo.

Ainda assim, a demo apresenta um ótimo equilíbrio entre exploração e narrativa, com cenários que exigem investigação cuidadosa para encontrar fragmentos de memória e desvendar pistas escondidas nos cenários. Estou curiosa para ver que outros tipos de puzzles serão incluídos ao jogo e conhecer mais sobre os personagens.

Um audiovisual polido

Mesmo para uma versão de demonstração, já dá para notar uma ótima composição audiovisual. Os designs dos personagens são excelentes, bem como as CGs, e as músicas e efeitos sonoros usados conseguem adicionar bastante imersão à história e à exploração.

A interface de usuário é de fácil navegação, especialmente indicando quando memórias podem ser reconstruídas ou objetos, combinados, e existe a possibilidade de ativar ou não dicas de como prosseguir nas investigações. Além disso, um diferencial bacana é uma opção de “scanner” que nos facilita saber com quais elementos podemos interagir em cada cenário, evitando que saiamos clicando a esmo por aí.

Claro, esse scanner ainda precisa ser polido, pois por algumas vezes percebi que ele indicava elementos com os quais eu já havia interagido, mesmo após completar os Noises. Por fim, acredito que uma dublagem para os personagens trará ainda mais vida aos a eles e às suas emoções, e o texto em inglês precisa ser revisto, já que existem alguns probleminhas de digitação aqui e ali (falta de espaçamento entre palavras e letras “comidas” acidentalmente).

Ajustes necessários e expectativas para o lançamento

Analisando os materiais disponíveis publicamente, especialmente as screenshots no Steam, Type-NOISE: Shonen Shojo demonstra um forte potencial como um título indie que consegue prestar homenagens a jogos conceituados no mercado. No início deste texto, mencionei Danganronpa e Zero Escape, mas temos referências a NEEDY STREAMER OVERLOAD e Ace Attorney também.

Há outros pontos que podem ser refinados, mas urgentemente é necessária uma melhor integração entre puzzles e Noises, a fim de alinhar o resultado à proposta do jogo. De todo modo, Type-NOISE já possui uma promissora experiência narrativa e nos resta aguardar o lançamento completo para ver até onde a jornada desses seis jovens nos levará.



Revisão: Beatriz Castro
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida por DankHearts
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Juliana Paiva Zapparoli
Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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