Análise: Waiting in the Lime Forest é um mistério simples e morno

Com uma resolução previsível, a obra falha em construir algo especial em seu gênero.

em 05/02/2025
Desenvolvido pela UNICA como um dos dois títulos de estreia da marca Baron du Juvenile, Waiting in the Lime Forest é um jogo de aventura textual em estilo point-and-click. Com um estilo curioso nos tons esverdeados de suas ilustrações, a obra cria uma boa atmosfera, mas apresenta um mistério simples e pouco inspirado.

Uma carta, uma festa e um assassinato

A história começa com o jogador enviando uma carta para Oliver Heathcote, um rapaz que participou da Primeira Guerra Mundial. Preocupado com o seu amigo, Edward convida o jovem a participar de uma festa em sua casa. Podemos escolher as frases que usaremos na carta e, com isso, abrimos também algumas palavras-chave dependendo das nossas escolhas.

Infelizmente, o que era para ser um momento de descontração acaba em uma grave tragédia. O filho do primo de Edward, Aspen, é esfaqueado de forma misteriosa enquanto estava sozinho no celeiro. Durante o momento, Oliver grita que viu o criminoso e corre atrás dele, mas não o encontra.

Enquanto a polícia suspeita de Oliver, ele e Edward decidem investigar juntos o caso para tentar descobrir quem foi o responsável. Embora não tenha conseguido ver com muita clareza o culpado, o nosso amigo suspeita que um antigo conhecido que ele acreditava ter morrido na guerra seja o responsável.

Um rapaz no centro de tudo

Com cerca de duas horas de gameplay, a história de Waiting in the Lime Forest é um tanto simples e direta ao ponto. Não há muitas pistas para investigar e o caso rapidamente traz as informações do que aconteceu, embora conte com um pequeno desvio de trajetória e deixe alguns pontos abertos para interpretação.

Embora o jogo tenha um início envolvente e promissor, a única figura que ganha um bom desenvolvimento durante a trama inteira é Oliver. Ele é a verdadeira figura central de toda a história, que gira sempre em torno de explorar as nuances da sua personalidade.

Seria ele realmente capaz de assassinar a sangue frio? O amigo dele realmente existe? O quão quebrada está a sua personalidade como um indivíduo dependente de álcool e considerado um fracasso pela família (e, ao que tudo indica, por si mesmo)?

Se por um lado o personagem dele é de fato interessante com sua psique fraturada, todo o resto da trama é raso e superficial. Nenhum outro personagem parece importar de verdade e até mesmo o desenvolvimento do mistério é deixado de lado com uma reta final muito fraca.

Um livro de páginas esverdeadas

Um ponto que chama a atenção em Waiting in the Lime Forest é o seu visual um tanto peculiar. Os ambientes e personagens possuem um estilo monocromático na cor verde, cuja única cor que foge à regra é o vermelho do sangue que escorre em certos pontos da trama. O mapa da cidade também usa cores, com um tom marrom de papel velho e cores para marcar as localidades, e os nomes das pessoas nos diálogos também.

No canto direito da tela, temos uma caixa de diálogos com aspecto vertical. Quando um personagem fala, uma imagem do seu rosto aparece ao lado dessa caixa mostrando as suas expressões. Com um estilo pixel art e cores reduzidas, a expressividade facial dos personagens é louvável, demonstrando muito bem apreensão em particular.

Apesar do estilo, a obra acaba ficando com uma sensação de falta de polimento em alguns detalhes, como os rastros pixelados brancos nas bordas dos rostos dos personagens e o mapa da cidade que parece torto. As animações também são demasiadamente simples e muitas vezes menos animadas do que o ideal, ficando com uma aparência de algo que precisava de mais cuidado no desenvolvimento.

Esse problema também afeta um pouco a tradução. Embora a maior parte do jogo esteja razoável para a leitura em inglês, há algumas raras frases com expressões truncadas e outras que ficaram em japonês sem sequer alguma tradução. Também tive alguns momentos em que estranhamente o botão Menu (onde fica o sistema de save) desapareceu enquanto estava jogando.

Uma experiência superficial

Waiting in the Lime Forest é uma aventura textual estilosa, mas que acaba desenvolvendo mal a sua trama na sua curta duração. Para quem gosta muito do formato, acredito que ainda valha a pena explorar o jogo para ver a sua proposta, mas espero que futuros jogos da equipe consigam se mostrar mais cativantes e robustos.

Prós

  • Visualmente estiloso com suas pixel arts esverdeadas e expressivas;
  • A premissa e o início da experiência é envolvente.

Contras

  • A maior parte dos personagens e até mesmo o mistério central são tratados de forma superficial;
  • Animação e outros detalhes visuais pouco polidos;
  • Alguns raros casos de tradução truncada e total ausência dela em inglês;
  • O botão de Menu para salvar e alterar configurações desaparece em alguns momentos.
Waiting in the Lime Forest — PC — Nota: 5.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela WSS playground

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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