Análise: The Legend of Heroes: Trails through Daybreak II: mergulhando novamente em Calvard

O novo RPG da franquia Trails é uma evolução interessante para o jogo anterior, embora conte com alguns deslizes.

em 08/02/2025
Continuando a trama do arco de Calvard iniciado no jogo anterior, Trails through Daybreak II é o 12º RPG da franquia Trails, iniciada em 2004 no Japão. Com a aparição de um ser similar a Van que está causando grandes atrocidades, logo o protagonista e seus companheiros da agência Arkride Solutions começam a se enveredar por várias linhas de investigação e descobrir que há muitos pontos mal resolvidos deixados pelo jogo anterior.

Dando continuidade ao jogo anterior

Uma série de assassinatos está acontecendo em Calvard, movimentando o submundo da República. O caso acaba levando Elaine Auclair a buscar a ajuda de Van Arkride para poderem resolver o problema, especialmente por conta de um detalhe especial: o responsável pelos incidentes tem uma forma similar à de Van, mas avermelhada.

Por conta disso, vários grupos já estavam de olho no rapaz e ela decidiu que o melhor a fazer era eles unirem forças para descobrir a verdade. O que eles não esperavam é que a busca levaria o grupo a abrir várias “feridas” que tinham ficado abertas no primeiro jogo, incluindo o paradeiro do último Genesis.

Já aviso de antemão que, enquanto o primeiro jogo era uma forma fácil de entrar na série, Daybreak II já traz um turbilhão de elementos dos anteriores. Detalhes de todos os arcos anteriores importam aqui e, embora o jogo seja bem claro e traga alguns documentos entre cada capítulo para explicar o contexto, faz uma diferença significativa ter vivenciado os eventos.

Em particular, é interessante mencionar que Nadia e Swin, de Trails into Reverie, são figuras de destaque em Daybreak II. Após o prólogo, temos histórias alternando entre dois grupos, com Van de um lado e os dois de outro.

Essa estrutura, que lembra um pouco a de Reverie, ajuda a trabalhar o elenco pouco a pouco em vez de ter que lidar com o grupo já inchado de figuras relevantes. De forma geral, a história acaba contando com uma boa dose de repetição e trazendo uma trama mais contida em comparação com o peso dos eventos dos três últimos jogos.

Para jogadores que esperavam algo mais grandioso, isso talvez seja desapontador, mas a trama tem elementos bem interessantes. Especialmente para quem já tinha gostado dos personagens, é uma ótima forma de explorar mais os indivíduos e as condições políticas da república de Calvard após os eventos do primeiro jogo.

Evoluindo as batalhas

Assim como o primeiro Daybreak, o novo jogo traz um combate de RPG que combina momentos de turno e ação. Começamos a explorar os ambientes de forma ativa, podendo atacar os inimigos diretamente. Depois, quando o jogador quiser ter opções mais elaboradas de combate pode ativar o Shard para entrar em modo de turno, que é padrão para os chefes e batalhas de história.

Apesar de seguir a mesma lógica com ataques básicos, um especial e o desvio, na prática, a obra é uma evolução considerável no combate. Os padrões dos inimigos em campo são mais elaborados, e temos agora a oportunidade de usar um contra-ataque chamado Cross Charge se desviarmos no momento exato do golpe.

Além disso tudo, a principal adição é que agora também é possível usar magia nesse combate de ação. Esse sistema possui suas restrições, já que só há um golpe mágico para cada personagem e uma barra de cooldown impede usá-lo consecutivamente.

Já o combate por turnos envolve uma estrutura com muito mais opções estratégicas. Além de ataques básicos e especiais individuais chamados Crafts, cada aliado possui magias chamadas Arts. A lista de opções disponíveis depende do equipamento do jogador, sendo possível modificar drasticamente a equipe de acordo com as estratégias para os inimigos atuais.

Para além de todos os elementos estratégicos que o jogador já podia abusar no primeiro jogo, Daybreak II introduz um sistema de EX Chain. Trata-se de um golpe em conjunto entre o personagem que estamos controlando aquele turno e o aliado mais próximo ligado a ele.

Para executá-lo, é necessário gastar pelo menos uma energia de Boost na hora de executar um Craft com um aliado ligado. O termo e o botão para ativar o boost aparecem na tela e brilham para indicar que a EX Chain será executada se o jogador confirmar o uso da sua habilidade.

É hora das estratégias

Para além da questão de escolher o que fazer no combate, o jogo conta com uma grande variedade de elementos de customização de equipe que fazem a diferença para avançar. Um bom exemplo disso é o sistema de Orbment, que, assim como no antecessor, traz bônus variados dependendo da linha utilizada.

Ao equipararmos esses benefícios na linha Weapon, nossos ataques passam a ter a chance de causar dano de um elemento correspondente. Já na Shield, as habilidades dizem respeito a melhorias de defesa, enquanto a Drive pode ampliar o dano das magias. Porém, a linha mais interessante é a Extra, que conta com vários tipos diferentes de poderes, muitos dos quais são ativados ao mudar do combate de ação para o de turno.

Também podemos usar equipamentos variados e elementos visuais como roupas, cores alternativas de cabelo, óculos, etc. Em geral, a maior parte dos equipamentos são focados em valores de atributos, mas as sub-armas podem afetar o combate em campo e os acessórios são uma ótima forma de prevenir efeitos causados pelos inimigos.

Os extras

Em comparação com o primeiro jogo, Daybreak II é mais robusto em elementos extras opcionais, com vários minigames, que incluem disputas de basquete e um jogo de cartas. A pescaria também está de volta, com um sistema bem robusto de definição de pontos da água para obter o peixe. Dependendo do ponto exato em que jogamos o anzol, é possível ter muito mais chances de encontrar criaturas raras.

Em alguns momentos, é necessário realizar um minigame de stealth, escondendo-se pelos ambientes para acompanhar indivíduos suspeitos sem ser notado, ou de hacking, que envolve guiar uma criatura virtual por um labirinto cheio de sentinelas. Como usual da série, há também várias quests opcionais que ajudam a dar ainda mais desenvolvimento para o universo.

Ainda temos uma espécie de sistema de varredura digital que pode nos indicar alguns objetos do mapa. Ele é útil em alguns momentos de busca de pistas, mas também pode ser usado para encontrar os melhores pontos de pesca e conseguir itens chamados shards.

Shards são uma espécie de moeda que serve para desbloquear itens variados incluindo cosméticos em um mecanismo de gacha no menu do Märchen Garten, que é um mundo virtual que idealmente o jogador deve explorar em todos os capítulos. Ao desbravar os andares desse labirinto, conseguimos itens variados e ainda mais shards do que vagando pelas cidades.

Como já é tradicional da série, no PC temos um menu de opções bem detalhado para configurar vários detalhes. Podemos ajustar não apenas a qualidade dos elementos gráficos, taxa de fps, configurações de controle e dificuldade, mas até mesmo a frequência dos autosaves e se queremos que o jogo nos indique as informações das músicas quando elas começam a tocar.

Um passo à frente

Trails through Daybreak II é uma boa continuação e um avanço consistente para a saga de Calvard. Apesar de alguns tropeços e de soar como um conjunto de eventos mais contidos para a ambientação geral da série, é mais uma obra de qualidade que é uma fácil recomendação para fãs de RPGs.

Prós

  • Sistema de combate que consegue explorar os elementos de turnos e ação e dar bons motivos para o jogador dominar ambos e a transição entre eles;
  • O combate de ação evolui em relação ao antecessor, trazendo mais profundidade nos padrões de inimigos e opções de movimentação do jogador;
  • Sistemas de Orbment, equipamentos e afins oferecem boa diversidade de customização;
  • Boa variedade de conteúdo opcional;
  • Versão de PC conta com configurações bem detalhadas para melhorar a experiência.

Contras

  • A estrutura narrativa pode incomodar alguns jogadores especialmente pela repetição e uma sensação de inchaço;
  • Por conta de alguns pontos da trama, o jogo acaba valendo menos a pena para quem não jogou todos os 11 anteriores.

Trails through Daybreak II — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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