Sid Meier's Civilization VII é o mais recente título da tradicional série de estratégia 4X (explorar, expandir, extrair, exterminar) publicada pela 2K. Com inovações que renovam a experiência de jogo sem abandonar a essência da franquia, o jogo se destaca como mais uma adição de qualidade à série e um grande nome dentro do gênero.
Líderes e civilizações em diferentes eras
Civilization VII mantém muitos dos elementos clássicos da série, oferecendo uma jogabilidade na qual o jogador constrói e administra uma civilização em grande escala ao mesmo tempo em que compete pela dominação do mapa contra outros indivíduos, sejam eles controlados por inteligência artificial ou por jogadores reais.
O grande diferencial desta edição em relação aos seus antecessores é a liberdade de combinação entre líderes e civilizações. Aqui, o jogador pode selecionar uma figura histórica e utilizá-la em qualquer uma das nações disponíveis. Na prática, isso abre espaço para cenários inusitados, como Maquiavel liderando o Egito ou Confúcio no comando da civilização Maia.
Civilization VII também se diferencia por trazer três eras distintas: Antiguidade, Exploração e Moderna. Além de permitir ao jogador escolher em qual período iniciar, o jogo possibilita transições progressivas entre essas eras após o preenchimento de uma barra específica, a qual é determinada pelas conquistas militares, culturais, científicas e econômicas. Vale destacar que, quando um indivíduo alcança uma nova época, a mudança ocorre para todos os participantes.
Cada era conta com suas próprias civilizações, e o jogador pode escolher uma nova a cada passagem de tempo. Nesse sentido, as alternativas disponíveis no novo período são influenciadas tanto pelas decisões tomadas na era anterior quanto por fatores históricos e geográficos.
De certa forma, essa transição reinicia a partida, pois nem todos os benefícios adquiridos até aquele ponto são transferidos para o novo período. Como resultado, o competidor melhor posicionado no primeiro ato não será, necessariamente, o vencedor final, o que acaba tornando a campanha mais dinâmica e imprevisível.
Além disso, considerando que cada líder e civilização oferecem benefícios distintos, Civilization VII proporciona uma liberdade de customização fascinante, permitindo ao jogador moldar inúmeras combinações e estratégias ao longo das partidas. Embora a troca de eras limite, de certa forma, o progresso exagerado de quem está vencendo, ela não o pune diretamente, já que as conquistas obtidas até então permitem ao competidor em questão acessar um rol maior de nações e obter alguns bônus extras.
Complexo, mas intuitivo
Civilization VII segue o tradicional modelo de estratégia por turnos, no qual o mundo é dividido em hexágonos pelos quais o jogador pode se locomover. A cada período, o assentamento gera rendimentos, sendo eles cultura, essencial para a descoberta de novos cívicos (conjunto de regras que levam a sociedade a evoluir); ouro, usado na manutenção e aquisição de diversos recursos; alimento, necessário para aumentar a população; felicidade, que mede a satisfação do povo; influência, fundamental nas ações diplomáticas com outros líderes; produção, utilizada em construções variadas; e ciência, indispensável para a descoberta de novas tecnologias.
À medida que desenvolvemos nossa civilização e construímos novas estruturas de produção e entretenimento, a quantidade desses recursos gerados por turno aumenta, criando um ciclo no qual o jogador se mantém expandindo seus domínios constantemente, seja pela criação de novas cidades ou pela conquista militar.
No jogo, nossa movimentação é realizada por unidades, que podem entrar em confronto com outros grupos ao se aproximar deles ou atacar à distância quando o alvo está dentro de seu alcance. Além das unidades militares, cujas características variam conforme a civilização utilizada e as tecnologias adquiridas, também temos indivíduos destinados a explorar o mundo e fundar novas cidades.
É claro que todas essas explicações são bastante básicas, pois o título entrega uma profundidade considerável por trás de cada sistema, o que exigirá que o jogador dedique bastante tempo ao game para aprender tudo o que ele tem a oferecer e se destacar nas partidas.
Apesar disso, também é verdade que Civilization VII é um jogo bastante acessível para novos jogadores, não apenas em comparação aos outros produtos da série, mas também dentro do gênero de estratégia 4X. Muito disso se deve ao fato de podermos ativar a opção de tutoriais constantes, os quais são didáticos e surgem à medida que realizamos as ações mais relevantes.
Além disso, essa entrada conta com um sistema de conselheiros para as áreas militares, culturais, científicas e econômicas, sendo que cada um deles apresenta objetivos claros que ajudam o jogador a cumprir os requisitos necessários para evoluir a sua nação e avançar de era.
Embora isso possa incomodar alguns jogadores com mais experiência, todo o sistema de gerenciamento de cidades também é bastante simplificado nesta obra, consistindo basicamente em clicar nos espaços vazios para expandir o centro urbano, com as opções sendo apresentadas pelo próprio jogo sempre que os recursos necessários estão disponíveis.
O título ainda conta com a tradicional Civilopédia, um extenso catálogo que reúne as informações mais relevantes e pode ser acessado a qualquer momento. Também vale destacar que o game está legendado em português, o que é um aspecto muito positivo, considerando a alta quantidade de mecânicas, tutoriais e textos.
Graças a todos esses aspectos, mesmo possuindo inúmeros sistemas a serem explorados e não sendo um jogo necessariamente fácil, Civilization VII consegue ser uma obra bastante intuitiva e acessível para jogadores que estão conhecendo o gênero agora.
Limitado em alguns aspectos
Apesar de todas as suas qualidades, Civilization VII apresenta certos elementos que podem incomodar alguns jogadores, especialmente aqueles mais saudosistas que têm um forte vínculo com as edições anteriores. Nesse sentido, o maior exemplo dessa afirmação está relacionado à diplomacia, que, neste título, parece superficial e repetitiva, destoando das inúmeras situações imprevisíveis que o sistema de eras consegue gerar.
Embora seja possível espionar outros reinos para roubar tecnologias, impedir pesquisas ou estabelecer tratados de ajuda militar e livre navegação entre os territórios, as interações entre os líderes não vão muito além disso. Aqui, a maior parte das reuniões, mesmo quando realizadas com indivíduos de culturas completamente diferentes, se resume a pedidos que não geram efeitos duradouros, como apoiar a celebração de determinados festivais.
Essa carência de alternativas também se estende às tentativas de celebração de paz após confrontos entre os líderes, que, neste jogo, se resumem quase exclusivamente a entregar ou trocar cidades. Isso acaba reduzindo a importância do ouro e dos demais recursos em uma guerra e as possibilidades de negociação que eles poderiam gerar, como já vimos serem explorados em outros títulos da série e em bons games que imitam essas mecânicas.
Sendo assim, se, por um lado, Civilization VII se apresenta como um produto bastante convidativo para aqueles sem muita prática com a franquia, para os indivíduos que já dedicaram centenas de horas aos títulos anteriores, esta entrada pode parecer um pouco limitada e superficial em determinados aspectos, especialmente no que diz respeito à diplomacia e ao gerenciamento das cidades.
Um ótimo jogo de estratégia
Sid Meier's Civilization VII oferece uma experiência renovada para a franquia, trazendo inovações que tornam o jogo mais acessível, ao mesmo tempo em que mantêm as partidas dinâmicas por muito tempo. Embora alguns elementos, como as relações diplomáticas, deixem a desejar em termos de variação, a profundidade estratégica que caracteriza a série e o gênero permanece, em grande parte, intacta.
Prós
- Amigável para novos jogadores, com tutoriais constantes que facilitam a compreensão de suas mecânicas e conselheiros que fornecem objetivos de avanço claros;
- A possibilidade de escolher qualquer líder para diferentes civilizações oferece uma grande flexibilidade estratégica e cria cenários inusitados;
- As transições entre as eras não apenas adicionam mais nuances estratégicas, mas tornam as partidas mais imprevisíveis, com o vencedor podendo surgir de competidores que não começaram tão bem;
- Legendado em português.
Contras
- As interações entre líderes são repetitivas e não oferecem muitas opções de negociação, o que limitada a profundidade das relações diplomáticas;
- O sistema de expansão das cidades é muito mais simples do que nos jogos anteriores, o que pode desapontar os jogadores que esperam um gerenciamento mais complexo.
Sid Meier's Civilization VII — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela 2K