Análise: ROBOBEAT — A balada do pistoleiro está diferente

Escolha uma música e use as batidas dela ao seu favor para abater inimigos dentro do ritmo.

em 03/02/2025
Existem pessoas que só conseguem fazer seu trabalho de maneira confortável usando fones de ouvido e escutando aquela playlist marota — me incluo nesse grupo. Claro que estou falando de tarefas corriqueiras, como atualizar planilhas, escrever textos ou montar gráficos, mas isso serve para caçar recompensas armado com dois revólveres? Sim!

ROBOBEAT te proporciona a experiência de aniquilar robôs ao toque de fitas cassete. Resta saber se essa harmonia combina ou não com o ritmo do jogador. O shooter roguelite já havia sido lançado para PC no ano passado e agora chega ao PlayStation 5, Xbox Series X/S e Nintendo Switch.

Na batida

Ace é um caçador de recompensas robótico que está perseguindo sua presa da vez, Frazzer. Para encontrar o seu alvo, ele precisa cruzar um esconderijo que está em constante mudança. Assim começa ROBOBEAT.

Aqui, temos um shooter com a mecânica peculiar de se alinhar ao ritmo da batida da música que está tocando. Inclusive, só podemos entrar em uma das cinco fases ao escolher uma fita cassete, que dará o andamento da ação, literalmente. Basta abrir o menu, pegar suas armas e atravessar os cenários, gerados de maneira procedural.

A playlist conta com músicas originais e faixas compostas para outros shooters, como Ultrakill, Dusk e Bullet per Minute, e assim que determinamos qual vai tocar, a nossa mira recebe impulsos e marcações que acompanham o ritmo das batidas. Mas não é só isso que a música condiciona: o ímpeto dos robôs que temos que exterminar também é condicionado pela mesma melodia que estamos escutando, e isso influencia diretamente na postura que o jogador adota e, consequentemente, em como ele irá progredir.

Esse aspecto dá uma característica única a cada partida, podendo deixá-la mais branda ou frenética de acordo com o que está tocando. Isso é importante para que cada jogador adeque seu estilo aos comandos oferecidos da maneira que achar melhor.

É uma pena que nos consoles não haja a possibilidade de utilizar músicas customizáveis de uma playlist própria por um pen drive, como no PC. Por mais que a seleção de canções seja vasta, seria divertido sincronizar nossa pasta de favoritos no jogo e explodir párias cibernéticos com algo mais próximo do nosso gosto.

Entre paredes e projéteis

No controle de Ace, podemos deslizar, dar saltos duplos e até nos agarrar às paredes, tudo isso enquanto temos uma arma em cada mão. Mesmo quem não tem muita intimidade com jogos de tiro em primeira pessoa consegue ter um desempenho razoável de início, e nada que um pouco de prática não resolva, independentemente da frequência rítmica escolhida.

A possibilidade de ter duas armas logo de cara também é algo bem bacana. Como o foco é sempre atirar no ritmo da música, não precisamos nos preocupar com coletar munição pelo caminho. A precisão com a batida vai determinar o dano causado, ou se o tiro simplesmente não fez nem cócegas.

Sempre que iniciamos uma nova partida, a nossa dupla bélica já está pronta para a ação, e ela pode variar por pistolas comuns, que podem atirar repetidamente e seguir muitas batidas por minuto; escopetas e espingardas, que já têm um tempo de carregamento maior e servem mais para complementar a outra arma; e itens mais criativos, como uma raquete que dispara bolinhas de pingue-pongue. Essa última é altamente destrutiva, mas precisa ser “carregada” com um movimento de saque a cada três disparos.

Como em todo roguelite que se preze, podemos coletar melhorias pelo caminho que perduram para as próximas jogadas. Esses aditivos modificam as propriedades dos nossos tiros, como a adição de explosivos ou fazê-los ricochetear nas paredes, e até nos dão algumas outras habilidades, como teletransportes curtos ou emanar pulsos eletromagnéticos ao saltar. Tudo isso é feito na oficina, encontrada no hub e em salas específicas, e comprado com blips, a moeda do jogo.

Esses locais especiais são encontrados atrás de portas marcadas. Algumas só continuam te levando ao perigo, mas outras, devidamente assinaladas, podem te render itens para recuperar vida, novas armas, músicas inéditas, benefícios temporários e as já citadas oficinas.

Talvez o ponto mais fraco de ROBOBEAT seja seu level design. Mesmo com todas as camadas que a mistura de armas específicas com o ritmo das músicas proporciona ao jogador, as salas que temos que atravessar, mesmo que geradas aleatoriamente, acabam emanando aquela sensação de “mais do mesmo”.

Há uma variação de cores e tipos de inimigos que ajuda a suavizar esse efeito, mas, ainda assim, é perceptível a reutilização de plataformas, pilastras, rampas e afins. Outro ponto que me pareceu estranho foi o fato de não poder revisitar uma área encerrada antes para realizar um grind para melhora de habilidades. Se encerramos uma área, ela ficará fechada e só a atual permanece aberta.

Ainda assim, para ser justo, ROBOBEAT consegue prender o jogador. Mesmo com o layout repetido das fases, o apelo musical supera esse contratempo. Sem hipocrisia nenhuma, mesmo com a minha habilidade limitada para jogos de tiro, me vi jogando várias partidas consecutivamente, só para experimentar as diferentes combinações de armas e músicas.

Ritmo matador

ROBOBEAT consegue usar sua maior qualidade, que é a união de shooter e ritmo, para superar os defeitos pontuais que apresenta no level design. Seria legal poder contar com uma playlist customizada, visto que isso já é possível no PC, mas isso não chega a ser demérito nenhum para o título, que entretém com seu dinamismo e ação rápida.

Prós

  • A mecânica de usar o ritmo das músicas para pautar o andamento do que acontece na tela funciona bem e consegue ser um ótimo chamariz;
  • Jogabilidade simples e sem rodeios, que não pune quem é novato e motiva a sempre continuar jogando;
  • Armas únicas e criativas, cada uma com um funcionamento único;
  • A escolha de ser um roguelite, no qual o jogador pode manter suas melhorias, casou bem com a proposta.

Contras

  • Não é possível adicionar músicas próprias na versão de console;
  • Não poder revisitar uma área previamente fechada impede que o jogador faça um grind que pode ser necessário para enfrentar desafios futuros;
  • O level design é um pouco repetitivo.
ROBOBEAT — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Kwalee
Siga o Blast nas Redes Sociais
Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).