Saindo da aposentadoria
A trama de METAL SUITS: Contra-ataque é bem simples e um tanto escrachada. Em 4373, conhecemos Kevin, um idoso veterano de guerra que descansa e vive seus últimos dias de vida em uma espaçonave isolada, ao lado de seu cachorro, Andy. Tudo ia bem até que o veículo é invadido por alienígenas Golida, que jogam a dupla para fora, matando o pobre cão e deixando o humano praticamente destruído.
Jogado contra uma nave da força militar UPC, que foi destruída pelos alienígenas, Ellix, uma inteligência artificial remanescente da UPC, consegue trazer Kevin de volta através de um corpo robótico. Com um desejo de vingança contra os Golida pelo que fizeram com Andy, devemos guiar o capitão em uma missão para destruir os invasores e agir como um “John Wick espacial” em homenagem ao cãozinho.
Para isso, precisamos passar por diversos planetas para obter dispositivos que permitam controlar a nave até a base dos Golida. Como em um run and gun, Kevin deve atirar em tudo que se mexe, tomando cuidado para não ser atingido por projéteis inimigos e pelas armadilhas do cenário.
O ponto de variação nessa base de jogabilidade fica por conta dos Metal Suits, trajes tecnológicos encontrados ao longo do jogo, que conferem uma arma e um visual completamente distintos. Eles funcionam como uma versão sofisticada das armas de Metal Slug, e a variedade deles é consideravelmente alta. Temos desde trajes mais comuns, como o que concede uma minigun altamente destrutiva, até opções mais específicas, como o Urso-Bomba, que arremessa explosivos infinitos, e o Mestre dos Drones, que atira robôs circulares com mira teleguiada.
Um dos pontos altos de METAL SUITS: Contra-ataque é a variedade visual dos trajes, já que eles mudam completamente o design de Kevin. Os que mais gostei foram o Ninja, que traz aquele visual tradicional de um dançarino das sombras, e o Fora-da-Lei, meu favorito, que traz um figurino de cowboy e uma bela shotgun — e eu tenho uma preferência por esse tipo de arma em jogos de tiro.
Embora o Urso-Bomba não seja minha escolha favorita, tenho que ressaltar a minha decepção com a armadura de sabre laser. Com exceção de uma armadura específica, qualquer recurso de combate corpo a corpo em METAL SUITS é bastante insatisfatório, tanto em impacto quanto em poder. Usar o sabre me deixava um pouco triste, pois o fator “risco e a recompensa” de um combate de proximidade simplesmente não funcionam aqui.
No entanto, a distribuição das armaduras não é muito bem pensada, e já na terceira fase encontramos quase todas as opções disponíveis. É compreensível que se queira instigar o jogador com a quantidade de trajes, mas a falta de novidade nas fases seguintes frustra as expectativas e deixa a progressão um tanto repetitiva.
Os inimigos das fases também são poucos em variedade, com os mesmos minions verdes e olhudos repetindo-se, junto de outros grandalhões. Eles podem apresentar algum desafio se o jogador for muito descuidado, mas as armadilhas acabam se tornando o verdadeiro obstáculo em cada nível. Apesar disso, os chefes são bem diferentes, com cada um proporcionando aquele desafio de aprendizado de padrões tão característico dos jogos de ação, e isso funciona muito bem.
Capturando os planetas
METAL SUITS: Contra-ataque aposta em um formato tradicional. Cada planeta é dividido em várias fases, cuja estrutura lembra jogos como Dead Cells e, especialmente, Broforce. Os cenários são formados por blocos, sendo que alguns são destrutíveis e podem esconder segredos, atalhos ou armadilhas — tanto para nós quanto para os inimigos.
A verticalidade é bem explorada, mas pode ser traiçoeira, tornando saltos de fé um risco. Felizmente, Kevin consegue grudar nas paredes e deslizar, o que ajuda tanto a pousar com mais controle quanto a alcançar áreas elevadas.
O grande desafio dessa estrutura é a falta de variedade. Tirando algumas mecânicas específicas de cada planeta, os desafios se repetem: barris explosivos, brocas móveis, alavancas para abrir portas e teleportes. A complexidade aumenta conforme avançamos, mas a sensação de repetição surge rápido.
A duração das fases agrava esse problema. A maioria dos atos dura mais de quatro minutos e, para piorar, a quantidade de fases por planeta aumenta gradativamente. Começamos com três (sendo a última sempre um chefe), mas depois chegamos a quatro, cinco e até seis fases por mundo.
Outro ponto frustrante é o sistema de vidas. Começamos com duas e podemos encontrar mais pelo caminho, mas ao perder todas, voltamos ao início do ato. Não há opção de acessibilidade para vidas infinitas, o que pode desmotivar o jogador. Embora os checkpoints sejam generosos, perder todas as chances em uma fase longa e precisar recomeçar do zero é frustrante. Kevin, sem armadura, morre com um único golpe. Se ele renasce cercado de inimigos, a única saída é torcer para encontrar um equipamento antes de ser atingido.
Curiosamente, METAL SUITS nem precisaria desse recurso para estender a campanha. Há muitos segredos para descobrir, itens colecionáveis e desafios opcionais, oferecendo conteúdo extra para quem quiser explorar mais.
A variação entre os níveis fica por conta da arte, e nesse ponto o jogo se destaca. Apesar da simplicidade, a pixel art é charmosa, com backgrounds muito bonitos que ajudam a diferenciar cada planeta. No entanto, gostaria que o estilo das ilustrações dos personagens — com um toque de Super Mario Strikers — estivesse mais presente no jogo. Esse visual mais estilizado daria ainda mais personalidade à experiência.
Já a trilha sonora decepciona. Em um gênero com referências musicais tão marcantes como Contra, Metal Slug e Gunstar Heroes, METAL SUITS se contenta com faixas genéricas que oscilam entre rock e orquestra dramática, mas sem identidade própria. Isso contribui ainda mais para a sensação de repetição.
Divertido, mas arrastado
METAL SUITS: Contra-ataque é um jogo divertido para quem busca um entretenimento descompromissado. O sistema de armaduras se destaca, a dinâmica das fases é engajante nas primeiras horas e o visual é charmoso. O problema é que o ritmo não se mantém, com fases que se estendem sem trazer muitas novidades. Vale a pena conferir em uma boa promoção, especialmente para quem pretende jogar em doses curtas.
Prós:
- Grande número de armaduras, com armas e habilidades distintas;
- Visual em pixel art bem bonito, utilizando alguns recursos de iluminação modernos;
- Dinâmica de utilizar o cenário destrutivo a favor torna as fases mais estratégicas;
- Batalhas contra chefes divertidas de jogar, com padrões de ataque desafiadores;
- Localização de textos em português com poucos erros.
Contras:
- Má distribuição de novas armaduras faz com que a metade final da campanha se torne repetitiva;
- O jogo se estende demais pelo que seu conteúdo permite, aumentando a quantidade de atos por fases desnecessariamente e mantendo um sistema de vidas ultrapassado;
- Qualquer recurso de ataque físico é insatisfatório, tanto em impacto quanto em eficiência contra os inimigos;
- Músicas muito genéricas que não empolgam.
METAL SUITS: Contra-ataque — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Eggtart Inc.