Desenvolvido pela VANGUARD e publicado pela KEMCO, Dragon Takers é um RPG com combate baseado em turnos que foi lançado originalmente para dispositivos móveis em 2024. Agora também disponível nas principais plataformas das gerações atual e passada, o título oferece uma experiência que não se destaca muito em nenhum aspecto.
O terror imposto pelo Exército dos Dragões
Em Dragon Takers, acompanhamos a história de Helio, um jovem morador do vilarejo de Haven que dedica seus dias tentando atender a todas solicitações dos outros habitantes do local devido à sua falta de habilidades especiais.
Em um determinado dia, a vila é atacada pelo Exército dos Dragões, que é liderado pelo Imperador Tiberius e vem conquistando diversas regiões ao redor do mundo. Durante o ataque, Liana, uma amiga de longa data do protagonista, é sequestrada.
Em meio à desesperança, Helio acaba despertando a lendária habilidade Skill Taker, que lhe permite roubar as técnicas de seus adversários. Nesse contexto e com a ajuda de aliadas que encontra ao longo do caminho, ele parte em uma jornada para resgatar Liana e libertar o mundo do exército malfeitor.
A história de Dragon Takers até cumpre seu papel, mas não vai muito além disso, trazendo personagens sem profundidade e reviravoltas previsíveis. Além disso, embora os retratos dos indivíduos durante os diálogos sejam bem-feitos, independentemente da situação, há apenas um modelo para cada um, o que reduz o impacto das cenas mais dramáticas ou perigosas. Outro ponto negativo é a ausência do português entre as opções de idioma.
Explorando para se fortalecer
Dragon Takers apresenta uma jogabilidade semelhante ao que vemos em séries e títulos tradicionais do gênero, mas de forma simplificada e, por vezes, limitada. Como de costume, temos aqui um mundo exterior que conecta diversas áreas internas, como cidades e masmorras.
Embora o mapa passe inicialmente a impressão de ser vasto, não demora muito para percebermos que ele é bastante linear, com as cidades sendo separadas por zonas que mais parecem corredores. Infelizmente, não há muito o que fazer nesses ambientes externos.
Por sua vez, as masmorras possuem uma estrutura mais interessante, com algumas da segunda metade do jogo apresentando puzzles que, embora sejam simples, conseguem adicionar uma certa variedade à gameplay. Além disso, essas dungeons contêm uma boa quantidade de baús com equipamentos e itens consumíveis.
Em Dragon Takers, os centros urbanos não desempenham um papel relevante além de servir como pontos para que a campanha avance, não oferecendo nem mesmo comércios essenciais. Assim, a exploração das masmorras se torna necessária, pois essa acaba sendo a melhor maneira de adquirir novos equipamentos.
O problema é que essa navegação minuciosa acaba resultando em alguns embates indesejados, que ocorrem aleatoriamente tanto no mundo exterior quanto nas masmorras. Embora se trate de um jogo claramente inspirado em RPGs tradicionais, há maneiras mais inteligentes de lidar com os confrontos do que simplesmente iniciá-los a cada cinco ou dez passos.
Um sistema de combate até funcional, mas sem profundidade
O combate em Dragon Takers ocorre em primeira pessoa e segue o modelo clássico de turnos. Aqui, o grupo é composto por quatro personagens, sendo que, durante boa parte da campanha, o protagonista está sempre acompanhado pelas mesmas três aliadas.
A grande particularidade do jogo é a habilidade Skill Taker, que permite ao Helio aprender os golpes dos adversários, um recurso que é ativado sempre que utilizamos o seu golpe padrão. Nesse sentido, cada monstro possui um ou mais talentos que podem ser adquiridos pelo jogador, e as chances de aprender cada golpe são claramente visíveis na tela de combate.
Curiosamente, embora essa mecânica permita ao protagonista adquirir diversos tipos de poderes e forneça um motivo extra para querermos batalhar, apenas uma pequena quantidade deles pode ser "equipada" simultaneamente, com os espaços disponíveis aumentando à medida que subimos de nível.
No geral, o sistema de combate de Dragon Takers até funciona bem, mas carece de profundidade. Embora existam diferentes habilidades elementais e variados tipos de poderes, além de fraquezas e a possibilidade de aplicar buffs e debuffs, esses sistemas pouco influenciam na prática. No final das contas, basta atacar com os golpes mais fortes e se curar quando necessário para vencer a maioria das lutas.
Além disso, os personagens do grupo não se diferenciam muito entre si, já que todos possuem técnicas extremamente similares. Somada à semelhança de seus atributos, essa falta de variedade elimina a necessidade de qualquer tipo de cuidado ou formação de estratégia durante os confrontos.
A despeito de todas essas ressalvas, o maior problema de Dragon Takers está em sua interface, que apresenta menus desnecessariamente frustrantes. Um exemplo disso diz respeito aos equipamentos: em vez de podermos acessar cada personagem individualmente para definir seus itens, precisamos percorrer todo o catálogo de objetos, sem qualquer tipo de filtro ou separação, para encontrar armas, armaduras e acessórios e equipá-los um a um.
Limitado demais para ser memorável
Dragon Takers é um RPG que não se destaca muito em nenhum aspecto. Sua história é previsível, os personagens carecem de profundidade e a jogabilidade, apesar de razoavelmente funcional, é limitada e pouco estratégica. Embora possa entreter fãs fervorosos do gênero em busca de uma aventura rápida e sem grandes desafios, dificilmente deixará uma impressão duradoura.
Prós
- Apesar das falhas, o enredo cumpre seu papel e os visuais dos personagens nos diálogos são bem-feitos;
- Embora simples, os desafios em algumas dungeons ajudam a variar um pouco a jogabilidade;
- A despeito das limitações, o sistema de combate é funcional e a mecânica de roubar habilidades dos inimigos adiciona um motivo extra para batalharmos.
Contras
- O enredo é previsível, os personagens são rasos e, apesar de belos, os retratos não variam conforme as situações, o que limita o impacto dos momentos dramáticos;
- O mundo do jogo é pobre e não incentiva a exploração, trazendo áreas externas que são praticamente corredores;
- A extrema similaridade entre os personagens e suas habilidades, combinada com a pouca relevância das diferentes maestrias, elimina qualquer necessidade de estratégia e torna os combates rasos;
- A navegação pelos menus, especialmente no gerenciamento de equipamentos, é confusa e pouco intuitiva;
- Ausência de legendas em português.
Dragon Takers — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch/Mobile — Nota: 5.5Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela KEMCO