Análise: Dead Dragons nos leva a uma jornada em busca de dragões perdidos

O título da KEMCO compensa suas fragilidades com um sistema de combate divertido.

em 27/02/2025
Nos últimos anos, a KEMCO tem resgatado alguns de seus RPGs publicados originalmente para dispositivos móveis, trazendo-os para as plataformas atuais. A aposta da vez é Dead Dragons, um jogo desenvolvido pela MAGITEC que, apesar de suas limitações, consegue entreter.

O retorno dos dragões

Em Dead Dragons, somos apresentados a um mundo onde os dragões foram extintos há mais de um século. Nesse cenário, conhecemos Will, um jovem cujo pai era um estudioso obstinado em provar que essas criaturas ainda existem.

Certo dia, ao investigar um estranho barulho vindo de uma montanha, Will se depara com um dragão e acaba salvando uma garota misteriosa chamada Shikina. No entanto, como consequência desse encontro, ele recebe uma cicatriz que lhe concede poderes especiais, mas que também consome sua vida gradativamente.

Após conversar com o líder da vila de Shikina, nosso herói descobre que a única maneira de se livrar da marca é derrotando o dragão responsável por ela. Assim, ele e sua nova companheira, com o auxílio de mais alguns aliados feitos ao longo do caminho, partem em uma jornada para encontrar a criatura lendária.

Embora a premissa não seja muito original, a trama de Dead Dragons é surpreendentemente interessante, possuindo reviravoltas bem-amarradas e contando com alguns personagens carismáticos.

Lamentavelmente, o título não conta com legendas em português, o que é sempre uma limitação significativa. Outro ponto negativo é que os retratos dos indivíduos utilizados durante os diálogos não variam conforme as situações, o que diminui o impacto dos momentos mais dramáticos.

Uma fórmula clássica, mas com limitações

Dead Dragons tenta emular a estrutura clássica de RPGs 2D tradicionais, apresentando um mundo exterior teoricamente vasto, mas com pontos de interesse internos limitados, sendo a maioria deles cidades e cavernas. Como não é possível explorar florestas e muitas ilhas são apenas grandes massas de terra sem conteúdo relevante, o mapa acaba parecendo bem menor na prática.

Os confrontos com monstros se iniciam de forma aleatória tanto nas masmorras quanto no mundo exterior. Embora a frequência dos encontros seja exageradamente alta em alguns momentos, temos fácil acesso a itens que permitem evitá-los.

No que diz respeito às masmorras, elas seguem um padrão pouco envolvente, com a maioria apresentando um layout labiríntico artificial, claramente projetado para prolongar a duração do jogo. Apesar disso, há duas ou três dungeons com enigmas de navegação razoavelmente interessantes.

Vale destacar que, mesmo sem indicações claras no mapa sobre a localização da missão atual, é fácil descobrir para onde ir. Além das pistas serem transmitidas de forma clara durante os diálogos entre os personagens, elas podem ser conferidas em uma seção específica que resume os passos do grupo até o momento.

Um trio rotacional

O sistema de combate de Dead Dragons segue o tradicional modelo baseado em turnos, mas adiciona algumas nuances estratégicas. Apesar de o jogo contar com cinco personagens ao todo, apenas três podem estar ativos na batalha, com a possibilidade de alterá-los a qualquer momento.

A grande particularidade dos embates em Dead Dragons reside no fato de que os três heróis são posicionados em uma linha vertical, na qual o primeiro é o mais suscetível a receber ataques, mas também o único capaz de executar golpes físicos de curto alcance. Os demais, por sua vez, podem utilizar magias ou habilidades físicas de longo alcance.

Nesse sentido, o jogo oferece uma opção interessante, em que os personagens rotacionam suas posições à medida que realizam um ataque. Assim, mesmo que um guerreiro esteja no final da fila, o que normalmente o impediria de atacar, ele pode alcançar a primeira posição e realizar seu golpe.

Juntamente a essa mecânica, o game apresenta um sistema no qual conseguimos equipar um bônus específico em cada uma das três posições, como aumento de dano físico ou mágico, ou melhorias na recepção de habilidades restaurativas.

Na prática, essa abordagem oferece uma nuance estratégica interessante, especialmente em confrontos mais longos, permitindo que o jogador combine e se aproveite de diferentes efeitos. Vale destacar que também é possível manter os personagens em suas posições fixas, mantendo um bônus ativo de forma contínua para cada indivíduo.

Personalização interessante

Em Dead Dragons, quando um herói sobe de nível, recebemos pontos que podem ser distribuídos em um sistema de personalização composto por Attack, que aumenta o dano físico; Endurance, que melhora a defesa; Support, que aumenta a velocidade; Magic, que eleva o dano mágico; Healing, que aprimora a defesa contra golpes mágicos; e Special, que incrementa a destreza.

Além de influenciar os parâmetros dos indivíduos, essa mecânica possibilita a aquisição de novas habilidades. Para exemplificar, aumentar o nível de Healing concede maestrias de restauração, enquanto melhorar o Attack desbloqueia talentos físicos.

Ainda que cada personagem tenha uma predisposição natural para determinados atributos, o jogador tem total liberdade para distribuir seus pontos da forma que preferir, resultando em um nível de customização bastante interessante.

Para finalizar, é importante destacar que Dead Dragons conta com uma loja especial que utiliza uma moeda específica. Nela, conseguimos adquirir itens consumíveis de efeito permanente, como aumento de atributos, além de desbloquear o acesso a duas masmorras especiais, as quais abrigam equipamentos extremamente úteis.

Para fãs fervorosos do gênero

Dead Dragons se fundamenta em elementos clássicos de RPGs para oferecer uma experiência simples, mas que consegue entreter. Embora o título tenha limitações consideráveis em alguns aspectos, para aqueles que já exploraram de tudo e um pouco mais no gênero e estão sempre em busca de novas aventuras, há conteúdo suficiente aqui para garantir algumas boas horas de diversão.


Prós

  • Apesar da premissa batida, a trama apresenta reviravoltas que funcionam e alguns personagens carismáticos;
  • As mecânicas de rotação e bônus de posições trazem uma interessante camada estratégica ao combate;
  • O sistema de distribuição de pontos permite ao jogador moldar os personagens conforme preferir, oferecendo uma boa liberdade de customização.

Contras

  • Durante os diálogos, os retratos dos personagens não mudam conforme as situações, o que acaba diminuindo o impacto dos momentos mais dramáticos;
  • Embora o mapa seja visualmente vasto, na prática, o mundo conta com poucas áreas realmente exploráveis;
  • O layout das masmorras é pouco envolvente e estica a duração do jogo de forma artificial;
  • Ausência de legendas em português.
Dead Dragons — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch/Mobile —  Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela KEMCO
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Lucas Oliveira
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