Análise: Chibi Ninja Shino-Kun: Treasure of Demon Tower — Um ninja que tem pressa de chegar ao topo

Um pequeno shinobi precisa escalar uma torre demoníaca e cheia de obstáculos para conseguir um grande tesouro.

em 25/02/2025
Parece que 2025 será um bom ano para os ninjas nos videogames. Ryu Hayabusa voltou com o remake Ninja Gaiden 2 Black e o anúncio de Ninja Gaiden 4; Joe Musashi vai retornar em um novo jogo da franquia Shinobi; Assassin’s Creed Shadows também focará na época do Japão feudal, trazendo a kunoichi Naoe como uma das protagonistas.

No meio de toda essa galera de peso, um pequeno shinobi vermelho que só tem um objetivo: escalar uma torre de mais de 100 andares para colocar as mãos em um tesouro. A missão de Chibi Ninja Shino-Kun: Treasure of Demon Tower parece simples, mas promete dar uma canseira até nos mais habilidosos.

Subindo na fúria

O estilo de ação de Chibi Ninja é simples: utilize suas artimanhas e movimentos para chegar até o final de cada um dos 100 estágios, divididos em cinco andares. Ele pode dar saltos duplos, deslizar, grudar em paredes, utilizar ganchos para se prender ao teto e voadoras para eliminar alguns inimigos pelo caminho. Entretanto, qualquer dano sofrido é letal e a fase precisa ser reiniciada, e o contador de tempo não para.

Como desafio extra, há um símbolo Yin-Yang em alguma parte do cenário. Coletar todos eles garante acesso à uma área secreta, que adiciona mais um andar completo (20 fases), com uma mistura de desafios dos outros cinco. É um fator replay curto, pois se você for um jogador de habilidade apurada conseguirá concluir tudo entre duas e três horas de jogo, mas ainda assim um prato cheio para quem gosta de testar as próprias habilidades e busca sempre o menor tempo para uma execução impecável.

O level design é um ponto alto e que me agradou bastante, pois mesmo com obstáculos bem posicionados, sejam armadilhas ou inimigos, sempre há uma maneira de realizar o caminho de maneira mais rápida. Entretanto, há alguns deslizes na resposta dos comandos que geram mortes inevitáveis, principalmente em setores que mesclam saltos duplos com quicar na parede.

Inevitavelmente, é necessário utilizar esses dois comandos um em seguida do outro em trechos mais complexos, mas nem sempre dá para entender se o pequeno ninja irá saltar na direção oposta da parede na qual ele estava grudado ou se o salto será vertical, paralelo à parede na qual ele já estava. Isso gera momentos de imprecisão que custam algumas tentativas de progresso.

Outro aspecto que merece atenção é a área de acerto do nosso personagem. Existem momentos nos quais parecemos estar seguros, mas o dano acontece mesmo sem o contato claro, principalmente com perigos móveis, como outros ninjas, fantasmas e demônios. Mesmo com a nossa investida, se o golpe não for preciso, a animação do chute encerra a pixels de distância, nos deixando vulneráveis e sem tempo de reação.

Esses problemas são chatinhos e podem pegar jogadores mais inexperientes, mas após um pouco de prática, e muitas falhas, são coisas que podem ser contornadas na base da memória muscular.

As cinco dimensões de uma torre

Tentar achar variações contundentes sem se tornar repetitivo por 100 fases pode parecer algo difícil, mas Chibi Ninja consegue cumprir com uma admirável competência. A identidade visual usa cores bem fortes para criar uma distância entre cada ambiente, e os obstáculos ajudam bastante nisso também.

Temos o início, que parece uma caverna e traz coisas mais simples; a área de gelo, que mistura pisos escorregadios com a busca por chaves e bolas de ferro gigantes; o penúltimo andar que traz paredes que devem ser explodidas por bombas que estão no caminho e rajadas de vento que nos empurram para onde não queremos ir, com direito à Lua observando nossos passos; isso só para citar os exemplos que mais me agradaram.

Em contrapartida, algo que eu particularmente acho que não ficou legal foi o vigésimo estágio de cada andar. Ele funciona como se fosse o desafio final de cada piso, nos fazendo progredir na vertical, fugindo de um conjunto de serras circulares. Minha cisma aqui é que seria mais legal se as serras fossem trocadas por algo que estivesse dentro do contexto da fase, como lava para a fase de fogo, ou trocasse a orientação para uma progressão descendente e fizesse o ninja fugir de uma avalanche. Claro que essa é uma observação meramente estética e não diminui em nada a complexidade proposta.

E por falar na parte estética, a proposta de ação rápida é muito bem amparada pelos visuais 8-bit e melodia estilo chiptune, que não se intimida em se tornar mais intensa a cada andar que avançamos. Resgata de maneira planejada uma vibe retrô, mas sem fazer de Chibi Ninja um jogo mergulhado de referências nostálgicas. 

Preciso como um ninja

Chibi Ninja Shino-Kun: Treasure of Demon Tower não esconde que foi feito para ser uma diversão direta ao ponto, principalmente para aqueles que gostam de desafios que se intensificam rapidamente. Claro que algumas melhorias na jogabilidade seriam bem-vindas, mas, ainda assim, o shinobi nanico caminha direitinho no passo dos grandes.

Prós

  • Mais de 100 níveis com uma variação bacana de level design, sem enrolação;
  • O arsenal de movimentos do ninja possibilita mais de uma maneira de superar os obstáculos;
  • Ótima mistura de ação rápida, visual 8-bit e trilha sonora que gruda na cabeça.

Contras

  • Há um leve atraso nos comandos em situações rápidas, como dar saltos duplos e grudar na parede em seguida;
  • O desafio das serras circulares podia ser substituído por algo que combinasse com o ambiente de cada andar;
  • A área de dano e acerto do personagem pode variar e nos levar a uma falha, mesmo quando deveríamos acertar o movimento necessário.
Chibi Ninja Shino-Kun: Treasure of Demon Tower — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisor: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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