Meus jogos favoritos de 2024 — João Pedro Boaventura

Os redatores do GameBlast comentam os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 03/01/2025


É aquela história: estou aqui para listar alguns dos meus jogos favoritos de 2024, seguindo a série de posts com as preferências dos redatores do GameBlast. Sem delongas, eis minha lista particular sem uma ordem qualitativa definida — lembrando que sou defensor da ideia de que está tudo bem em ter alguns favoritos, mas também ter a completa noção de que estão muito longe de serem os melhores (e vice-versa).

Like a Dragon: Infinite Wealth




Se você realmente quiser entender o que Like a Dragon: Infinite Wealth conquista como jogo, a nível analítico, a recomendação expressa é que você vá ler a análise que eu conduzi. Aqui, o jogo aparece não só pela sua excelência, mas por uma questão emocional, a um nível pessoal quase de desabafo.

Embora as especificidades não sejam do interesse de ninguém, a questão é que eu passei por uns problemas particulares no fim do ano passado que me deixaram bem mal e que acabaram se estendendo um pouco para o começo deste ano. Assim, Infinite Wealth acabou me ajudando um pouco no processo de me distrair, servindo como uma válvula de distração que me ajudou a me desligar um pouco de certas questões com as quais eu sinceramente estava cansado de ter que lidar.




Falar isso tudo isso assim é piegas, bem brega, mas foi uma questão de ser o jogo certo na hora certa, se valendo muito da personalidade do Ichiban, que sempre exala muito otimismo, sendo que a própria trajetória de vida dele não é exatamente das melhores. Por tudo o que representou, é fácil o meu favorito de 2024, sem dúvida alguma.

Granblue Fantasy: Relink



Apesar de eu ter dito tudo isso sobre o Infinite Wealth, o primeiro jogo que eu realmente peguei em 2024 foi o Granblue Fantasy: Relink. Ele obviamente não ressoou com o meu momento como o RPG do Ryu Ga Gotoku, mas ainda assim foi um título muito divertido pelo que ele ofereceu — e até serviu para preparar o terreno para a dita pedrada que veio a seguir.

Sem menosprezar o jogador e sem ignorar quaisquer práticas de game design modernas, a primeira grande aventura de grande porte baseada na marca da Cygames é um exemplo de como trabalhar um estilo tradicional para o gênero sem parecer arcaico e ultrapassado logo em seu lançamento. Acredito que, de todos os títulos que tive a oportunidade de experimentar ao longo do ano, Relink é facilmente o mais subestimado deles. Uma verdadeira graça do começo ao fim.

Stellar Blade



Uma das coisas que mais me atraíram, de forma prática, no Stellar Blade é que ele é um jogo de ação e ponto. Parece que todo mundo esqueceu que existe um miolo gigantesco entre a jogabilidade stylish action, tal como Devil May Cry ou Bayonetta, e os de rolamento troncho que os cultistas se iludem na crença de que é um gênero — e que poluem o mercado porque o gameplay característico desses daí é algo fácil de se fazer devido à precariedade inerente do estilo.

O game da SHIFT UP é um jogo de game design clássico, mas ainda adequado para a atual era tecnológica. Ele não leva o PlayStation 5 ao limite e isso é uma característica que o destaca no sentido de que a qualidade de um título é necessariamente atrelada a sobrecarregar o sistema, mas saber bem o que quer fazer e cumprir esses requisitos com excelência. Stellar Blade não quer ser uma experiência, e sim um jogo sem vergonha de ser o que é, trazendo uma jogabilidade com combate gostoso, construção de mundo imersiva e narrativa envolvente.




É um problema que ele faça um esforço homérico e constante na sua tentativa de emular o que torna a atmosfera melancólica dos games do Yoko Taro tão especiais? Sim, mas não. Como mencionado, ele sabe muito bem o que faz nesse objetivo e ainda assim consegue entregar um produto que não passa uma impressão de mera cópia, então está tudo bem. Aliás, ele pediu tanto “mamãe, quero ser Nier: Automata” que ele finalmente conseguiu e o DLC cosmético foi lançado agora no fim do ano.

Dragon Ball Sparking! Zero



Para se ter uma ideia, eu tive duas cópias de Dragon Ball Z Budokai Tenkaichi 3. O motivo é basicamente porque eu joguei tanto o game no meu Wii que o CD simplesmente foi completamente carcomido de tanto que foi lido pelo videogame — o que me fez ter que descolar um novo.

Daí, a minha expectativa para Dragon Ball Sparking! Zero era considerável. E, quanto maior a minha expectativa para algo, mais chato eu acabo ficando quando me deparo com qualquer coisinha fora do lugar ou que não deveria ser como está se apresentando no momento. Por sorte, o novo game da série é exatamente o que eu esperava para ele. Até mesmo nos seus defeitinhos plenamente previsíveis.




Infelizmente não disponho de tempo ou paciência para ficar eternamente na mesma atividade da mesma forma que o meu eu moleque, mas pelo menos eu fiz jus ao meu próprio legado e, com uma habilidade decorrente da mais pura memória muscular, fechei uma belíssima platina para a minha conta.

Lollipop Chainsaw RePOP

Joguei três remasterizações mais ou menos no mesmo período, uma após a outra (setembro/outubro): Lollipop Chainsaw RePOP, Dead Rising Deluxe Remaster e Shadows of the Damned: Hella Remastered. Acho realmente hilário que a que parecia ser a mais humilde e pior acabada é a que ofereceu a melhor experiência prática de jogo das três, que é a do Lollipop.




Essa impressão, sendo sincero, passou demais também pelas lambanças do marketing, que não sabia a diferença na nomenclatura de um remaster para um remake; que não conseguia explicar minimamente todas as funções do jogo novo; e como a Dragami Games, responsável pela versão, também tem bem menos grife do que a Grasshopper Manufacture e a Capcom.

É óbvio que essa percepção passa também pelo que se espera de cada uma das empresas e da consistência de cada um dos produtos originais, lá atrás. Em sua época, Lollipop Chainsaw já era um jogo bem melhor do que o Shadows of the Damned, que por sua vez perdeu a oportunidade de promover algumas melhorias de qualidade de vida que o RePOP teve. Em relação ao Dead Rising, você sempre espera mais de uma companhia que dispõe de todos os recursos aos quais a Capcom tem acesso, né? Ainda mais se a decisão é colocar um baita "DELUXE" no título do remaster.




O único aspecto que Lollipop Chainsaw RePOP acaba deixando a desejar em relação aos outros dois é no custo-benefício, uma vez que Shadows of the Damned se mostra bem mais acessível nesse aspecto, mesmo consistindo em um produto relativamente aquém no tratamento de relançamento. O Dead Rising Deluxe Remaster já nem entra no comparativo porque a competição desse daí é com ele mesmo em sua versão original (e perde nesse quesito).

Menções honrosas

Os games a seguir também conseguiram alugar um espaço aconchegante na minha mente, mas dividem o mesmo quartinho, então meus comentários a respeito de cada um serão mais sucintos.
  • Children of the Sun: trata-se um híbrido de shooter e puzzle cheio de personalidade que remete aos trabalhos do começo de carreira do Suda51, com toda aquela atmosfera cheia de mistério e paranoia, conspiração e ultraviolência. Gostei bastante.
  • Endless Ocean Luminous: eu não sei nem o motivo, mas é isso aí mesmo. Não tenho justificativas além das minhas cento e cinquenta horas de jogo.
  • Gori Cuddly Carnage: se Stellar Blade é um jogo de ação mais cadenciado, Gori Cuddly Carnage é exatamente aquele hack and slash esmagador de botão que anda cada vez mais raro na indústria. Em suma, pegue o gato do Stray, faça-o contrair lyssavirus e equipe-o com um mortal hoverboard acoplado com lâminas. É isso. Pura visceralidade fofa.
  • Shadows of the Damned: Hella Remastered: segue um dos meus jogos de horror favoritos, mas, como já bem mencionei, fiquei um pouco decepcionado com a qualidade do remaster, que poderia ter arrumado alguns dos defeitos técnicos presentes na versão original. Uma pena.

De olho em 2025

Para encerrar, também estou de olho em alguns lançamentos para o ano que se inicia. De cara, já estou esperando a aventura solo de Goro Majima em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii. Ainda nessa abordagem diferenciada e maluca, muito me interessam Showa American Story e Hotel Barcelona.

Falando de jogos de um porte maior, sigo acompanhando Assassin’s Creed Shadows com um olhar mais crítico (esperando o melhor); Pokémon Legends Z-A, uma vez que o Legends Arceus foi facilmente a última experiência de Pokémon que me entreteu de forma legítima; e Dune: Awakening, cuja demo que testei durante a BGS me surpreendeu muito positivamente pelas possibilidades oferecidas. Bleach: Rebirth of Souls fecha o bonde porque a obra do meu mano Tite Kubo finalmente está sendo inocentada depois de anos de apedrejamento — e porque eu sou um entusiasta de jogos de anime completamente questionáveis. 

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
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João Pedro Boaventura
É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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