Já vimos no GameBlast dez grandes jogos que completarão dez anos em 2025. Naquele agora distante 2015 não tivemos os skates voadores que De Volta para o Futuro 2 previu, mas o lado independente da indústria de videogames já se erguia do chão em plena ascensão da era digital.
Por isso, vejamos dez indies memoráveis lançados em 2015, por ordem de aniversário.
Menção honrosa: Ori and the Blind Forest
Ori nos encantou e emocionou, mas, tendo sido financiado pela Microsoft e sendo propriedade da bigtech, não pode ser considerado um jogo independente. Mesmo assim, vale mencioná-lo aqui honrosamente por um motivo: tudo o que o tornou marcante foi fruto do trabalho de uma desenvolvedora indie, a Moon Studios.
Ela repetiu a dose em 2020 com Ori and the Will of the Wisps, mas, depois, seguiu seu próprio caminho com uma IP própria para poder lançar seu novo jogo nas plataformas que preferir. No Rest For the Wicked está em acesso antecipado no Steam e ainda não tem data para o lançamento final.
Axiom Verge
- Lançamento: 31/03/2015
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch/PS Vita/Wii U
Hoje em dia, já somos um tanto acostumados a jogos desenvolvidos por uma única pessoa, mas, em 2015, isso ainda não era tão comum. Foi o que aconteceu com Axiom Verge, inteiramente criado por Thomas Happ.
Com estilo visual 8-bits, o que realmente chamou atenção foi a qualidade da produção, conseguindo se igualar em vários aspectos a jogos de sua principal inspiração, a série Metroid. A história de ficção científica dimensional e a variedade de armas foram dois pontos altos que mantiveram o jogo sendo indicado na comunidade de metroidvania até hoje. Em 2021 o jogo ganhou uma sequência, mas as mudanças de design não tiveram a mesma recepção marcante do antecessor.
Crypt of the NecroDancer
- Lançamento: 23/04/2015
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch/PS Vita/Android/iOS
Um dungeon crawler roguelike de ritmo. Tudo se move na batida da música, com grande estilo, induzindo a um passo hipnótico e intrincado em que espaço se torna tempo. Além de bem recebido pelo público, o jogo tem uma grande marca de seu sucesso: é uma das raras empresas às quais a Nintendo cedeu a série The Legend of Zelda para produzir um spin-off. Cadence of Hyrule foi lançado em 2019, adaptando a mesma ideia para o mundo de Link.
Mesmo agora, dez anos depois, a Brace Yourself Games levará a série em frente com um novo jogo de combate de ritmo, Rift of the NecroDancer, que será lançado logo mais, em 5 de fevereiro, para PC.
Broken Age
- Lançamento: 28/04/2015 (Ato 2)
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch/PS Vita/Android/iOS
Ok, ok, Broken Age começou a ser lançado em 2014, mas foi apenas a primeira metade — que terminava em uma reviravolta gigantesca e deixou o povo na vontade. Foi apenas em 2015 que a segunda parte foi lançada e o jogo ficou finalmente completo.
Broken Age marcou o retorno de Tim Schaffer às aventuras de point and click após longos anos ausente — ele provavelmente é o maior nome no gênero. Além disso, o título foi financiado por uma campanha de Kickstarter de sucesso absoluto, com quase 3,5 milhões de dólares arrecadados antes de a plataforma se tornar febre no meio indie. Em 2019, a desenvolvedora Double Fine foi comprada pela Microsoft e adicionada à Xbox Game Studios, deixando de ser independente.
Her Story
- Lançamento: 24/06/2015
- Plataformas: PC/iOS/Android
Her Story pode até ser descrito como um filme interativo, mas é bem mais que isso. É um mistério no qual reviramos os arquivos de um caso sem solução, assistindo aos fragmentos de interrogatório de uma mulher. Para isso, usamos uma interface de computador e um sistema de busca, escrevendo palavras-chaves a partir do que “pescamos” das falas dela.
Cada pesquisa pode revelar apenas cinco vídeos, então seguimos vários fios, tecendo uma rede de depoimentos que é ao mesmo tempo complexa e lógica, dando ao jogo uma estrutura ímpar que se conecta diretamente ao raciocínio de quem joga. Sam Barlow, o criador, continuou na ativa dos jogos com cara de filmes interativos, produzindo Telling Lies e Immortality.
Rocket League
- Lançamento: 07/07/2015
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch
A Psyonix era uma desenvolvedora de suporte, trabalhando por contrato para outras empresas, mas tinha a vontade de fazer seu próprio jogo. Foi assim que nasceu Supersonic Acrobatic Rocket-Powered Battle-Cars, um jogo de 2008 que não teve o sucesso esperado, mas serviu de protótipo para uma nova e melhor tentativa alguns anos depois: Rocket League.
Dessa vez, a investida no mundo do futebol de carros acrobáticos turbinados conquistou o público com partidas espetaculares e dinâmicas em sua física extravagante. Deu tão certo que o jogo continua em voga mesmo após uma década, com atualizações e campeonatos. Em 2019, a Pysonix foi adquirida pela Epic Games, deixando de ser independente e, em 2020, Rocket League se tornou gratuito.
Everybody’s Gone to the Rapture
- Lançamento: 11/08/2015
- Plataformas: PC/PS4
Em tradução livre, o nome do jogo é “todos sumiram no arrebatamento”, o que resume muito bem a situação que encontramos. Nesse walking simulator, investigamos o completo desaparecimento de todas as pessoas de um vilarejo inglês junto a uma instalação científica. O lugar é detalhado, cheio de vestígios que nos ajudam a intuir o que aconteceu, incluindo luzes estranhas e convenientes que formam cenas e diálogos do passado recente.
A exploração do cenário e a narrativa ambiental é um grande passo adiante em relação a Dear Esther, o walking simulator anterior da desenvolvedora The Chinese Room. Ela continua em atividade e, em 2024, lançou Still Wakes the Deep.
Lovers in a Dangerous Spacetime
- Lançamento: 09/09/2015
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch
Entre no caos de ação cooperativa para até quatro pessoas! Em Lovers in a Dangerous Spacetime, cada pessoa deve ocupar os vários postos para controlar uma única nave com canhões, escudos e motores e resgatar os amigos aprisionados no espaço enquanto enfrenta hordas de criaturas. É aquele tipo de jogo em que as pessoas precisam de muita coordenação entre si, com gritos de “eu vou pro escudo!”, “atire o laser!”, “eles estão vindo de cima!”, “tire a gente daqui enquanto eu protejo a fuga!”.
Existe a possibilidade de jogar sozinho, trocando de personagens, mas o jogo não foi feito para isso. Basta ter mais uma pessoa, porém, para ele se tornar um dos melhores games cooperativos já feitos.
Undertale
- Lançamento: 15/09/2015
- Plataformas: PC/PS5/XSX/PS4/XBO/Switch/PS Vita
Dez anos atrás, Toby Fox encantou o mundo dos games com Undertale, um RPG estranho, subversivo e cativante. Nele, controlamos uma criança humana que caiu no mundo dos monstros.
O diferencial é a importância do sistema de moralidade, pois podemos enfrentar os seres que encontramos em batalhas de tiro de novinha ou dialogar para resolver as situações de forma pacífica. As escolhas determinam o andamento da aventura, uma propriedade muito apropriada a um jogo que reflete sobre emoções e relações com o outro.
SOMA
- Lançamento: 22/09/2015
- Plataformas: PC/PS4/XBO/Switch
A Frictional Games fez bastante barulho quando lançou Amnesia: Dark Descent, um survival horror sem combate, no qual só podemos fugir e nos esconder. Embora o jogo tenha se tornado uma série com quatro títulos, apenas outra obra da empresa teve um destaque parecido ao primeiro Amnesia: SOMA.
A desenvolvedora continua aqui seu foco na gameplay de vulnerabilidade e na imersão em uma narrativa de mistério inquietante, mas desta vez nos leva a uma ficção científica que se passa no isolamento sufocante de uma instalação submarina.
Downwell
- Lançamento: 14/10/2015
- Plataformas: PC/PS4/Switch/PS Vita/Android/iOS
O minimalismo de Downwell é sua maior força. É isso que garante a eficiência de um loop de gameplay intenso, dinâmico e gratificante: com apenas direcionais e um botão de ação, o protagonista cai em velocidade, manobrando enquanto atira para baixo, acerta inimigos pelo caminho, acumula combos e adquire melhorias, indo cada vez mais fundo no poço. É pura adrenalina de pegar e jogar, sem pontas soltas nem pesos mortos.
Depois disso, seu desenvolvedor solo, Ojiro Fumoto, chegou a ser contratado pela Nintendo, mas não demorou a voltar a ser independente e lançou Poinpy para iOS e Android, uma espécie de Downwell invertido e com ideias próprias. Fumoto também participou de vários jogos daquela que foi uma das grandes surpresas de 2024, a meta-coletânea UFO 50.
Independentemente
Sempre que vejo rumos desagradáveis na indústria de games, lembro que, apesar de tudo, os indies estão aqui para salvar o dia. Suas ideias enriquecem esse meio tão prolífico e tentam fazer nossas vidas um pouco melhores com sua diversão beleza e entretenimento. Esses foram dez indies memoráveis de 2015. Agora, vejamos: quais jogos colocarei daqui a um ano na lista de 2016?
Revisão: Vitor Tibério