Análise: Ys Memoire: The Oath in Felghana é a remasterização de um RPG de ação simples, dinâmico e muito divertido

Apesar de um pouco limitado em certos pontos, vale a pena conferir esta aventura em uma terra repleta de lutas e explorações agradáveis.

em 06/01/2025

Existem muitas séries de RPG de ação oriundas do mercado japonês, tais como Final Fantasy, Tales of e Star Ocean. Neste início de ano, outra franquia famosa do gênero recebe um novo lançamento: Ys Memoire: The Oath in Felghana, que remasteriza uma ótima aventura que logo vai completar 20 anos. Pegue sua espada e não esqueça o anel mágico, pois essa análise vai começar!

Um novo/velho capítulo

Ys é uma franquia famosa de RPGs de ação, surgida em 1987 nos PCs. The Oath in Felghana é mais um dos títulos da série e foi lançado no Japão em 2005; inclusive, na verdade ele é um remake de Ys III: Wanderers from Ys, de 1990. Apesar de o enredo seguir de forma praticamente fiel o enredo da sua fonte, em termos de jogabilidade foram várias as mudanças implementadas. De maneira geral, temos um jogo mais dinâmico e direto, com mais foco no gênero ação do que no RPG.
Caixa do jogo Wanderers from Ys para Super Nintendo
A versão remasterizada que chega hoje, agora chamada de Ys Memoire: The Oath in Felghana, traz algumas novidades pontuais em relação ao original. O protagonista, que também é o principal personagem da franquia, recebeu uma dublagem novinha em folha (que pode ser habilitada ou não). Aliás, o trabalho de som no geral recebeu um tratamento para atingir uma alta definição, incluindo a adição da trilha sonora do game original.
 
Os visuais também foram remasterizados, de forma que, mesmo que ainda tenham aquele aspecto mais datado — sobretudo nas texturas —, estejam mais afiados e agradáveis ao olhar. Ainda nesse quesito, o game recebeu novas ilustrações para os personagens, usando um estilo mais moderno e elegante (é possível alternar entre o clássico e o novo). Em termos de desempenho, o game roda de forma suave e rápida.
Fica a critério do jogador escolher entre a arte original (esquerda) e a nova
Aliás, falando em velocidade, é possível ativar um modo que acelera em 1.5 ou 2 vezes a velocidade normal do jogo. Assim, é possível percorrer grandes distâncias ou derrotar hordas de inimigos fracos mais rapidamente. Outra opção interessante é a possibilidade de ligar o modo sem dano por quedas, que facilita as seções de plataforma das explorações do game.

Lutar é preciso (e divertido)

Vamos agora falar um pouco do jogo em si: Ys Memoire: The Oath in Felghana é um RPG de ação, com mais foco no segundo elemento. Adol Christin, protagonista recorrente da franquia Ys, desembarca na terra natal de seu colega, Dogi. Eles, entretanto, descobrem que alguma coisa está errada com a região Redmont, incluindo seu território e seus habitantes.
O enredo envolve itens místicos, traições e momentos perigosos
Além dos constantes ataques de vários tipos de monstros, o Rei da província de Felghana está explorando a população local. Como o leitor já deve imaginar, os dois problemas se relacionam, cabendo ao jogador, no papel de Adol, explorar a região para resolver a situação. Pelo caminho, o herói fará novas amizades e inimigos, enfrentará vilões poderosos e obterá habilidades incríveis.
Várias surpresas te esperam ao longo da história
A jogabilidade é no estilo hack ‘n slash, tradicional da série Ys, com foco em combos rápidos e agradáveis de executar. Curiosamente, itens para cura e bônus de status não podem ser armazenados no inventário, mas sim coletados ao derrotar inimigos. Sua duração é atrelada ao combate: quanto mais vilões forem enfrentados, mais reforços serão obtidos, além de durarem por mais tempo.
Os combates são velozes e envolventes
Embora seja estranho não contar com consumíveis durante as lutas, essa característica de Oath in Felghana é interessante. Não somente ela incentiva um constante ataque aos inimigos — para ganhar bônus como velocidade e experiência extras —, mas também torna cada luta mais valiosa. Afinal, uma valiosa quantidade de vida pode ser recuperada logo ao final do próximo embate.

Muito mais do que ação

Além de ataques de espada, Adol pode obter anéis para disparar magias poderosas. Elas têm relação com os elementos, como bolas de fogo e lâminas de vento, fazendo uso de uma barra de magia que se recupera periodicamente. Outros recursos incluem um especial (Boost) que carrega com o tempo, fortalecendo golpes e recuperando vida, e pulos para ataques aéreos.

Adol pode liberar grandes poderes com seu boost
Falando neles, os pulos também podem ser usados para explorar o mundo de Felghana. Inclusive, num estilo metroidvania característico de vários jogos da série Ys, o jogador pode retornar a partes já percorridas no mapa, agora com novas habilidades, para alcançar áreas antes inacessíveis. As mecânicas de plataforma não são incríveis, mas cumprem seu papel e até oferecem algumas boas surpresas

Além das lutas, as habilidades dos anéis permitem explorações únicas
De maneira geral, o nível de dificuldade do game é alto, principalmente nos chefes. Ele não chega a ser injusto, mas é preciso ficar sempre atento aos inimigos e atacar somente no momento certo. Subir de nível para melhorar seus atributos, assim como melhorar equipamentos, fazem parte do elemento RPG e são essenciais. A câmera do jogo é chatinha de se acostumar, o que pode levar a interpretações erradas sobre os embates.
Os chefes reservam desafios consideráveis
Como o seu combate, o game é bastante dinâmico, constantemente apresentando novas localidades, inimigos, itens e chefes. Combine isso com as mecânicas que incentivam o combate e The Oath in Felghana nunca deixa as coisas caírem no marasmo. Minha única restrição nesse sentido é quanto à quantidade/qualidade de novidades na jogabilidade.

Apesar de satisfatórios, os combates e as seções de plataforma são relativamente simples e não se renovam de forma significativa. Com algumas poucas horas o jogador já vai conhecer basicamente tudo que é importante até o final da história. Algo mais aceito em jogos antigos, hoje em dia seriam esperadas novidades como novos personagens jogáveis, transformações e equipamentos mais vistosos.

A idade chega para todos

Aliás, eu gostaria que Ys Memoire: The Oath in Felghana fosse, de forma geral, mais vistoso (ainda que seja uma remasterização e não um remake). Tal como os visuais e a jogabilidade, a história é interessante, mas poderia proporcionar mais, dando mais profundidade aos personagens e impacto às ações de Adol. As missões secundárias são legais, mas tímidas, assim como customizações de equipamentos e magias.

É satisfatório ver Adol ficar cada vez mais poderoso

Mesmo o mapa do jogo é bastante simplificado, dificultando revisitas a lugares conhecidos em busca de segredos. É uma pena, pois como a campanha é relativamente curta (menos de 10 horas), isso ajudaria a explorar os cenários em busca de segredos e para resolver as missões secundárias. É possível obter alguns itens diferentes ao longo da aventura, como fortalecedores para as magias, mas nada que justifique uma segunda campanha.

Seria legal ter um pouco mais de novidades
 Temos alguns extras na forma de um boss rush (luta em sequência contra chefes) e um museu, com artes e uns poucos vídeos, liberados conforme avançamos na história. Honestamente, eu gostaria que esse “relançamento” pudesse trazer um pouco mais, não somente para atrair novos jogadores, mas para os fãs fiéis. Afinal, o jogo em si acaba sofrendo um pouco devido a elementos datados e seria legal compensar de outras formas.

Temos algumas opções para conhecer mais do universo do jogo
Pode parecer meio contraditório, mas mesmo conseguindo nunca cair na mesmice — constantemente trazendo alguma novidade à história, aos equipamentos ou às habilidades —, a remasterização não consegue entregar o suficiente. Afinal, é um jogo de quase 20 anos de idade, em tempos em que bastava menos para atingir um alto nível de qualidade e quantidade.

Ys: Memories of Celceta, por exemplo, é outro RPG de ação estrelando Adol Christin. Apesar de também ter alguma idade, esse game é (originalmente) mais recente que Oath in Felghana, conseguindo entregar uma experiência mais completa. Eu entendo que uma remasterização não muda a experiência original significativamente, então creio que alguns extras a mais — artes e vídeos promocionais, animações na campanha, etc. — poderiam ter feito a diferença.

Uma clássica e boa aventura

Apesar dos pesares, Ys Memoire: The Oath in Felghana consegue sim entregar uma aventura muito divertida e envolvente. Mesmo com alguns probleminhas oriundos da sua idade, tais como visuais um pouquinho feios e jogabilidade relativamente simples, temos aqui uma experiência muito agradável graças aos combates rápidos e bom nível de desafio. Fica a sugestão para os fãs de RPG de ação, sobretudo com aquela pegada mais clássica.

Embora um pouco envelhecida, Oath in Felghana ainda entrega uma boa aventura

Prós

  • Remasterização é uma ótima oportunidade para conhecer uma grande aventura, repleta de diversão e desafio;
  • Jogabilidade dinâmica incentiva o combate constante ao longo da campanha, fazendo uso de mecânicas sólidas;
  • Aventura é interessante e oferece uma boa variedade de acontecimentos fantásticos;
  • Nível de dificuldade é afiado, oferecendo desafios radicais;
  • Opções como velocidade aumentada, novas ilustrações e dublagem, entre outras, melhoram a qualidade da jogatina.

Contras

  • De maneira geral, as mecânicas de jogo não se renovam de forma significativa com o tempo;
  • A remasterização poderia ter trazido mais conteúdo, incluindo mídias extras e desafios inéditos;
  • Os visuais são um pouco datados para os padrões atuais, sobretudo em termos de texturas e da câmera.
Ys Memoire: The Oath in Felghana — PC/PS5/PS4 — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise redigida com cópia digital cedida pela XSEED Games
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Matheus Senna de Oliveira
é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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