Análise: Virtua Fighter 5 R.E.V.O. é mais uma versão do melhor jogo da franquia, agora no PC

Após um relançamento um tanto morno no PS4, a nova versão conta com rollback netcode e rebalanceamentos.

em 28/01/2025
 
Virtua Fighter 5 foi um marco significativo para a lendária franquia de jogos de luta da Sega. Lançado originalmente em 2006, o título trouxe gráficos de ponta, um elenco diversificado com estilos de luta únicos, animações impressionantes e a jogabilidade técnica que é a marca registrada da série.

Após diversas versões lançadas para consoles e fliperamas, o PC finalmente recebe sua dose de pancadaria seguista com Virtua Fighter 5 R.E.V.O. Baseado no trabalho realizado pelo estúdio Ryu Ga Gotoku (de Yakuza/Like a Dragon) em Ultimate Showdown para PS4, esta nova versão apresenta mudanças no balanceamento e inclui o tão pedido rollback netcode.

Mais bonito que nunca

A versão Ultimate Showdown trouxe Virtua Fighter 5 para a Dragon Engine, o motor gráfico utilizado em Yakuza/Like a Dragon. Como consequência, o jogo recebeu melhorias significativas em iluminação, shaders e modelagem quando comparado à edição anterior, Final Showdown. R.E.V.O. aproveita esse excelente trabalho, agora adaptado ao PC, com todos os benefícios que a plataforma proporciona.

Entre os destaques estão a compatibilidade com monitores acima de 60hz e ultrawide, suporte a resolução 4K, recursos de upscaling como FSR e DLSS, além de várias configurações para tornar o jogo acessível a máquinas menos potentes. O trabalho de otimização impressiona, mantendo o padrão de qualidade dos títulos mais recentes que utilizam o mesmo motor.

Além disso, todas as novidades introduzidas anteriormente estão presentes aqui: efeitos de colisão mais claros, uma interface totalmente reformulada — que troca o estilo metalizado do jogo original por uma estética inspirada em tintas — e os mesmo modos do lançamento de 2021. 

Todo o conteúdo extra lançado em Ultimate Showdown também está disponível para compra em R.E.V.O., incluindo os visuais low poly que prestam homenagem ao primeiro Virtua Fighter, as skins inspiradas nos personagens de Tekken e as novas roupas de banho criadas para celebrar os 30 anos da franquia.

E, claro, uma nova abertura foi criada para o relançamento, desta vez cantada por Takenobu Mitsuyoshi, compositor e intérprete da lendária música tema de Daytona USA. É sempre divertido ouvir sua voz marcante e seu sotaque carregado, e aqui ele entrega uma música bem divertida. Já as vozes e os efeitos sonoros abafados continuam remetendo à versão de 2006, que a essa altura, se tornaram um charme peculiar por sua estranheza.

A beleza da tecnicidade

Como acredito que R.E.V.O. será uma introdução perfeita para muitos novos jogadores nas arenas de Virtua Fighter, vou explicar brevemente como a jogabilidade funciona. O sistema de combate é baseado em três botões principais: soco, chute e defesa.

Embora pareça simples no papel, o uso prático da combinação desses botões com o direcional oferece uma profundidade impressionante. Além dos combos pré-definidos, certos golpes exigem de posicionamento, condições específicas de certos personagens e interações estratégicas com o cenário e o oponente.

Com seu compromisso com o realismo, Virtua Fighter dispensa poderes especiais ou elementos fantasiosos. Aqui, tudo gira em torno do puro domínio das artes marciais, de forma que cada movimento nos eixos conta. É fácil de aprender e se divertir, mas o verdadeiro desafio está em dominar o sistema, algo que varia conforme o personagem selecionado.

Embora a base da jogabilidade permaneça inalterada, R.E.V.O. traz mudanças no equilíbrio estabelecido em Final Showdown. Treze anos depois, os personagens receberam novos ataques, ajustes de atributos, correções de bugs e uma série de alterações que renovam a experiência para os veteranos do quinto jogo.

Conteúdo single player simples, online com problemas

Uma crítica recorrente a Virtua Fighter 5 R.E.V.O., herdada de algumas das versões anteriores, é a falta de conteúdo single player. O único modo solo disponível é o arcade, e este não oferece cenas animadas como recompensa ao final da jornada, nem desbloqueio de roupas ou itens significativos.


Embora exista um menu de customização de personagens, suas opções são restritas e disponível apenas para quem pagou pela versão de 30 anos. Basicamente, escolhe-se um modelo base e alteram-se texturas, pequenos detalhes e acessórios. Por outro lado, é possível equipar itens inusitados, como miniaturas de consoles como o Mega Drive, Saturn ou Dreamcast nas costas dos lutadores, o que adiciona um toque divertido.

Todo o destaque de R.E.V.O. está no modo online, robusto e bem estruturado. Ele permite criar saguões com diversas opções de interatividade, incluindo modo espectador em tempo real e chat de texto. Há também o tradicional sistema de busca por partidas ranqueadas, várias opções de personalização de perfil e torneios semanais online.



Uma grande melhoria é o abandono do sistema de conexão delay-based em favor do rollback netcode, que tenta prever os movimentos dos jogadores para minimizar atrasos nos comandos e garantir uma experiência fluida. Se acontecer uma falha da previsão, a partida volta alguns quadros para corrigir as animações.

Implementar rollback em jogos de movimentação 3D é uma tarefa complexa, mas o estúdio Ryu Ga Gotoku acertou parcialmente. Tanto nos testes realizados durante a beta de dezembro, quanto na versão de lançamento, a maioria das partidas mostrou fluidez consistente, sem atrasos perceptíveis ou os habituais efeitos colaterais do netcode.
 

Entretanto, há uma certa estranheza na parte de matchmaking, já que o filtro de opções nas buscas por partida parece não funcionar como deveria. Encontrei diversos jogadores com mais de 100ms de ping, e embora isso não tenha me prejudicado diretamente, jogadores de alto nível certamente notarão alterações mínimas. É algo que pode ser corrigido em futuras atualizações, e espero que seja em breve.

Mais uma oportunidade de conhecer o que de melhor a franquia pode oferecer (por enquanto)

É sempre positivo ver títulos consagrados chegando a mais plataformas, especialmente ao PC. Virtua Fighter 5 R.E.V.O. não apenas expande o alcance da icônica franquia da Sega, como também tenta apresentar a experiência definitiva para o cenário competitivo online, apesar de tropeçar no matchmaking. Agora, só nos resta aguardar o próximo capítulo dessa saga, que promete trazer uma grande revolução para os jogos de luta 3D.

Prós:

  • Instauração de rollback netcode, aproveitando melhor dos recursos online da versão anterior;
  • Gráficos aprimorados pela plataforma de PC, com maior resolução e maior fluidez para monitores compatíveis;
  • Combate extremamente fluido e satisfatório, contando com belíssimas animações e uma boa sensação de impacto;
  • Nova abertura cantada pelo carismático Takenobu Mitsuyoshi.

Contras:

  • Problemas de matchmaking, que ignora os filtros de busca pré-estabelecidos;
  • Conteúdo single player continua raso e inferior ao Final Showdown, incluindo a necessidade de pagar a mais para customizar os lutadores;
  • A qualidade dos efeitos sonoros e de vozes continua com aquele abafado da versão original;
  • Ausência de legendas em português.
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. — PC — Nota: 8.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sega

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Alecsander "Alec" Oliveira
Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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