Análise: Threefold Recital traz uma trama agradável inspirada em contos chineses

Na pele de Taiqing, Transia e Triratna, descubra os segredos que podem abalar os alicerces de Bluescales.

em 13/01/2025
Desenvolvido pela Everscape Games e publicado pela indienova, Threefold Recital é uma aventura narrativa 2D com elementos de plataforma protagonizada por três seres antropomórficos. Apesar de suas sessões interativas serem repetitivas e pouco divertidas, o jogo apresenta uma trama que vale a pena conferir.

A origem dos seres antropomórficos

A história de Threefold Recital é inspirada em mitologias chinesas e traz um mundo no qual magia e tecnologias avançadas coexistem. Durante um período remoto, um sacerdote taoísta e um monge budista, amigos íntimos apesar de suas diferenças religiosas, reuniam-se em um templo abandonado para discutir suas ideias, aprendizados e descobertas sobre o mundo.

Muitas vezes, esses debates se estendiam por vários dias, atraindo a curiosidade de animais que passaram a observar esses momentos atentamente. Com o conhecimento adquirido, alguns desses bichos desenvolveram habilidades especiais, incluindo a capacidade de se transformar em criaturas humanoides. Esses talentos foram transmitidos ao longo das eras, dando origem aos diversos seres antropomórficos.

Neste contexto, conhecemos Triratna, um lobo monge; Taiqing, uma raposa sacerdote; e Transia, uma cobra artista. Juntos, eles investigam e se envolvem em uma grande conspiração relacionada às profundas mudanças que estão ocorrendo há algum tempo na Metrópole de Bluescales, região onde o jogo se passa.

A trama é o ponto mais forte

Como uma aventura narrativa, grande parte da campanha de Threefold Recital foca em diálogos e no desenvolvimento da história. Esse é, sem dúvida, o aspecto mais positivo do jogo, pois a trama traz algumas situações interessantes que conseguem prender a nossa atenção.

Os primeiros capítulos do game são protagonizados por cada um dos heróis principais em contextos diferentes, o que ajuda a mostrar um pouco mais de suas particularidades. Contudo, com o decorrer da campanha, os três unem suas forças para tentar compreender o que de fato está acontecendo.

Em algumas ocasiões, o jogo introduz momentos de investigação, nos quais é necessário reunir pistas para solucionar um mistério. Embora os erros não acarretem penalidades relevantes, desvendar o que está acontecendo ao lado dos personagens torna a experiência bastante satisfatória e divertida.

O enredo de Threefold Recital também surpreende com algumas reviravoltas chocantes, algumas delas um tanto tristes. Infelizmente, o título não conta com legendas em português, o que é uma ausência muito significativa em obras dessa espécie.


Os momentos interativos se tornam rapidamente repetitivos

Além dos momentos de diálogo, Threefold Recital apresenta sessões interativas, nas quais exploramos cenários 2D em uma perspectiva side-scrolling. Durante essas ocasiões, é importante interagir com personagens e objetos para descobrir como progredir na campanha.

Um aspecto interessante é que cada herói possui uma habilidade única, essencial para superar situações específicas. Triratna tem a capacidade de enxergar os fios de causa e efeito que conectam todas as coisas do mundo, vínculos que podem ser rompidos por meio de um minijogo no qual serramos as cordas para alterar determinados eventos.

Por sua vez, Taiqing possui o talento de transmutar objetos taoístas, criando itens com diversos efeitos, como quebrar barreiras ou revelar espécies de portais. Por fim, Transia tem o dom de entrar em pinturas e de modificar a aparência de outros seres.

Infelizmente, ainda que essas técnicas sejam bem integradas à história, o uso dessas maestrias se mostra muito mais interessante na teoria do que na prática, isso porque os puzzles apresentados não são tão criativos e se tornam rapidamente repetitivos. Além disso, o jogo inclui algumas sessões de plataforma que, assim como os enigmas, não conseguem se destacar muito.

O problema se intensifica ainda mais pelo fato de que, em várias ocasiões, a resolução dos desafios depende excessivamente da repetição e da exploração às cegas pelos cenários. Como os ambientes são pequenos e com poucos elementos, certos capítulos nos forçam a percorrer os mesmos corredores repetidamente em busca de algo que permita o avanço da campanha.

Embora isso possa não incomodar inicialmente, com o tempo, essa fórmula se torna bastante cansativa, criando a sensação de que há uma barreira desinteressante e pouco divertida dificultando o nosso progresso e nos afastando da boa história que o jogo tem a oferecer.


Uma aventura narrativa que vale a pena conferir

Threefold Recital é uma experiência narrativa interessante, trazendo um universo envolvente inspirado em mitologias chinesas. Embora a repetitividade e a baixa inspiração das sessões interativas acabem prejudicando o ritmo da aventura, trata-se de um jogo que vale a pena ser conferido por sua história.

Prós

  • Apresenta uma trama cativante, com bons personagens, um mundo interessante e reviravoltas chocantes;
  • De certo modo, as habilidades de cada herói são interessantes e bem integradas à história;
  • Descobrir juntamente com os personagens o segredo por trás de alguns mistérios relacionados ao mundo é bastante satisfatório.

Contras

  • Os enigmas e as sessões de plataforma se tornam rapidamente monótonos e carecem de criatividade;
  • A resolução dos desafios depende frequentemente da repetição e da exploração de cenários pequenos, o que pode tornar a experiência cansativa;
  • Ausência de legendas em português.
Threefold Recital — PC —  Nota: 7.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela indienova
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Lucas Oliveira
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