Uma jornada de autodescoberta e reconexão
Tales of Graces é um RPG de ação originalmente lançado no Wii e posteriormente relançado em uma edição mais robusta (Graces f) para PS3, que incluía um epílogo jogável. Agora, o jogo foi relançado em um pacote que busca preservar a experiência e revitalizá-la com a atualização de alguns elementos de qualidade de vida.
Após conhecer a misteriosa Sophie, que não possui memórias de seu passado, e o príncipe Richard, o jovem e seus amigos mais íntimos acabam passando por eventos traumáticos. Esse momento fratura a relação entre essas crianças, que se separam e passam a ter vidas em que esses amigos não estão presentes.
Francamente falando, quando joguei Graces f pela primeira vez no PS3, não me importei tanto com os eventos e personagens, que no geral me pareceram fracos. Porém, retornando à obra atualmente, noto que há uma ótima sensibilidade na condução dos dramas que envolvem esses indivíduos.
Agilidade e dinamismo
Uma das maiores forças da franquia Tales of é, sem sombra de dúvidas, o seu combate. Trata-se de uma franquia de RPGs de ação em que as batalhas seguem um formato que se assemelha bastante a jogos de luta, com inputs específicos resultando em ataques diferentes para realizar combos.Em comparação com os jogos que de fato fazem parte do gênero, a estrutura é geralmente simplificada para associações mais básicas de comandos, mas a lógica continua sendo similar. Dentro da arena de combate, é importante saber encadear bem os golpes, se defender e se posicionar bem para lidar com os múltiplos inimigos, mas o jogador também conta com aliados que agem de forma independente em sua equipe.
O sistema serve como um limite temporário para o uso de técnicas em vez do jogador ter um MP. A mudança não é apenas de nome, mas pelo fato de que basta um pouco de tempo em batalha para recuperar os pontos e poder executar mais técnicas, impedindo que o jogador fique incapacitado de usar suas habilidades.
Em comparação com um sistema de recursos mais limitado, o CC estimula o aprendizado do timing e a experimentação com mais frequência em vez de ser comedido com os gastos. Outro ponto importante é que, em vez de golpes básicos e especiais, temos as artes A e B, ambas com seus combos específicos.
As diferenças entre elas envolvem o fato de que os ataques A não podem ser customizados, enquanto é possível alterar quais golpes B estão associados a certos atalhos. Inimigos podem ser mais fracos a um dos dois tipos, além das suas outras desvantagens elementais. Há ainda dinâmicas específicas da transição entre golpes, com Asbel desembainhando a sua espada para usar técnicas B e depois podendo curar um pouco de sua vida ao voltar ao A.
Riqueza em customização
Além da escolha de golpes B para associar aos atalhos,Tales of Graces f permite escolher quaisquer personagens ativos no momento para controlar. Também é possível solicitar que os aliados usem técnicas específicas e alterar os seus equipamentos até mesmo no meio do combate.Para melhorar a competência dos nossos personagens, podemos selecionar armas, armaduras e outros itens que afetam atributos (como ataque e defesa) e podem contar com bônus passivos diversos. Em vez de simplesmente descartar esses itens quando ficam obsoletos, um dos pontos interessantes do jogo é a forma como podemos fortalecê-los com o tempo.
O equipamento melhorado ganha atributos e adiciona passivas que variam de acordo com as gemas utilizadas. Para poder fazer um novo upgrade depois, será necessário fazer com que os personagens usem o item em batalha até que a cor dele no menu mude de azul para laranja e uma notificação apareça ao fim do combate.
Ao todo, esses sistemas fazem com que a customização dos aliados seja recheada de recursos para explorarmos. Vale muito a pena conhecer esses sistemas para fazer com que os personagens fiquem mais fortes e ainda melhores de usar em batalha.
Um mundo recheado de coisas para fazer
Para além de tudo que eu comentei, ainda é importante ter em mente a exploração de mundo. Como é tradicional da série, temos muitas coisas para fazer e podemos encontrar muitos tesouros e elementos secundários ao explorar os mapas.Visualmente falando, é importante ter em mente que a exploração pode ser um pouco confusa. Especialmente nas áreas que conectam cidades e dungeons, há colinas e áreas de mata que não se distinguem tão claramente dos pontos exploráveis quanto deveriam.
Ainda vale destacar que temos um sistema de Eleth Mixer, que é uma espécie de gerador de itens que consome energia conforme andamos. Graças a ele, podemos tanto alimentar os personagens (recuperando HP e adicionando bônus) durante ou depois as batalhas quanto gerar materiais para uso ou para Dualize. Com livros especiais que encontramos ao longo do tempo, liberamos ainda mais vantagens.
Novidades da remasterização
Em termos visuais, confesso que Tales of Graces f Remastered não parece um avanço significativo, especialmente graças a algumas texturas borradas dos ambientes e modelos um pouco "quadrados" demais. Mesmo assim, o jogo continua sendo bem charmoso visualmente, com modelos de personagens bem expressivos e ambientes coloridos e ricos em detalhes, então não considero isso um problema significativo.No PC, joguei em Full HD e 60fps com as configurações gráficas ligadas no máximo e não precisei me preocupar com alterar os valores. As configurações gráficas incluem a possibilidade de reduzir a resolução, fixar o fps em 30, 60 ou 120, alterar valores de qualidade de sombras, anti-aliasing e filtragem anisotrópica. Também há um outro menu para ajustar o brilho.
É possível jogar tanto no teclado e mouse quanto no controle e ajustar os botões designados para cada ação no menu apropriado. O multiplayer tradicional da série também está disponível, bastando designar que personagem estará associado a cada controle, com o primeiro jogador assumindo a navegação por menus e afins. Também é possível trocar entre as vozes em inglês e japonês, o foco da câmera em batalha e a velocidade das mensagens.
De fato, a quantidade é tão alta, que assim que terminei o jogo e fui começar um New Game+, que também conta com a loja, meus pontos subsequentes eram muito menores do que os iniciais. Com isso, fiquei seriamente contemplando começar uma nova partida do zero para poder fazer tudo que perdi em minha primeira exploração para não perder os benefícios.
Ao fim das batalhas, também temos legendas para as mensagens de vitória, um elemento tradicional da franquia. Esses momentos são bem divertidos de poder acompanhar com a ajuda do texto no canto, mas há também algumas falas especiais durante as batalhas, como as da luta final, que ficam sem esse auxílio.
De forma geral, a sensação é a de que a remasterização traz adições úteis para deixar a experiência mais confortável, mas que cabia mais esforço. Um bom exemplo disso é o museu in-game, que conta com elementos como skits, músicas e vozes, mas não aproveita a ocasião para trazer mais informações sobre o processo de produção.
Uma nova chance
Tales of Graces f Remastered é uma nova oportunidade de um ótimo jogo da franquia chegar a uma nova audiência e permite que fãs antigos possam reviver essa pérola nos sistemas atuais. Embora não consiga se destacar em termos de remasterização, com muitos outros projetos de mais competência no mercado, o pacote completo de RPG de ação é uma fácil indicação para fãs do gênero.
Prós
- Combate de ação dinâmico que recompensa o domínio do timing e combos;
- Sistemas de títulos e equipamentos repleto de opções para explorar;
- Personagens carismáticos cujos dramas pessoais são bem apresentados;
- Boa variedade de tesouros e eventos espalhados pelo mundo valorizam a exploração;
- Os sistemas de Dualize e Eleth Mixer valorizam o uso de itens;
- As adições ao jogo, embora simples, fazem a experiência ser mais confortável.
Contras
- Ambientes com fronteiras confusas de exploração;
- As indicações de onde ir acabam ignorando alguns dos puzzles que impedem progresso na segunda metade do jogo;
- Algumas falas de batalha mereciam também ter legendas;
- O museu poderia trazer mais informações sobre as músicas e legendas para as vozes em vez de ter “apenas o conteúdo”.
Tales of Graces f Remastered — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco