Mark of the Deep é uma épica aventura de piratas repleta de mistérios e desafios. Desenvolvido pelo estúdio indie brasileiro Mad Mimic, o jogo tem como destaque uma narrativa envolvente e a combinação de elementos de dois gêneros bem populares no cenário gamer: o metroidvania e o soulslike. Na análise de hoje, vamos explorar esta intrigante aventura que equilibra diversão e desafio de maneira bem convincente, tornando-a uma experiência cativante para os jogadores exigentes quando o assunto é aventura.
O mistério do Guardião da Marca
Em Mark of the Deep, conhecemos Marcus "Rookie" Ramsey, um jovem marujo de uma tripulação de intrépidos piratas surpreendidos por uma violenta tempestade em alto-mar, que culmina no naufrágio do Sereia Raivosa em uma misteriosa ilha. O local não consta em nenhum mapa conhecido, e nem o mais experiente lobo do mar sabe de sua existência. Após despertar do acidente, Rookie inicia uma jornada pelo estranho território em busca de seus camaradas.
Entretanto, o mistério da ilha vai além de sua natureza desconhecida. O lugar, já tendo recebido outras vítimas de naufrágios, carrega uma maldição sombria: aqueles que ali chegam são gradualmente transformados em criaturas marítimas monstruosas, como se fosse uma doença que vai consumindo seus corpos aos poucos.
Por razões ainda desconhecidas, Rookie é imune à maldição. Ele descobre ser o uma espécie de herói profetizado chamado de Guardião da Marca, um título que o torna capaz de resistir à peste. Armado com seu imponente anzol, o jovem embarca em uma perigosa missão para salvar seus companheiros, enfrentando monstros e desafios que habitam o local. Apenas Rookie e seus talentos únicos podem resgatar sua tripulação e encontrar uma forma de escapar dessa ilha sombria.
Uma mistura de estilos
Mark of the Deep é um jogo de aventura no qual assumimos o papel de Rookie em uma jornada pelas labirínticas áreas de uma misteriosa ilha onde ele e seus companheiros piratas estão presos. A missão de Rookie é reunir seus camaradas enquanto enfrenta os perigos das criaturas que habitam o lugar.
A principal arma de Rookie é um imponente anzol, semelhante a uma espada, e, posteriormente, ele adquire armas de fogo, como uma pederneira e um bacamarte. Essas armas permitem que sejam feitos ataques à distância e ajudam na resolução de alguns puzzles ambientais.
Na ilha, Rookie precisa superar áreas repletas de inimigos e enigmas para progredir. Ao longo da jornada ele obtém novos equipamentos, como o anzol gancho, que possibilita atravessar abismos, realizar investidas e solucionar puzzles. Mark of the Deep combina dois gêneros populares na indústria, especialmente no cenário indie: soulslike e metroidvania.
No aspecto “souls”, o jogo incorpora mecânicas de combate e mobilidade, como o clássico rolamento para esquivar-se de ataques, uso de poções para recuperar vida, pontos de salvamento que restauram a saúde (e revivem os inimigos), além de customização de equipamentos.
No lado “metroidvania”, o design de níveis exige que Rookie obtenha habilidades específicas para acessar novas áreas, como o anzol gancho e uma técnica para refletir projéteis, útil tanto em combate quanto na resolução de puzzles. Os pontos de salvamento também funcionam como locais de viagem rápida, e a exploração recompensa os jogadores com segredos que muitas vezes estão ocultos devido à perspectiva da câmera do jogo.
A fusão desses dois gêneros é bem equilibrada, resultando em uma experiência gratificante. Isso se soma a uma narrativa intrigante que incentiva o jogador a avançar para poder desvendar o que realmente ocorreu no naufrágio da tripulação de Rookie. Por meio de tabuletas e diálogos com outros personagens, somos apresentados gradualmente a uma mitologia bem estruturada, enriquecendo a aventura com temas de pirataria.
Outro destaque é que, sendo um projeto brasileiro, Mark of the Deep está totalmente localizado para o português, incluindo dublagem. No entanto, a qualidade das atuações varia bastante. Grande parte do elenco é composta por influenciadores digitais brasileiros, como Coelho no Japão, Enaldinho, Patife, Rakin, Thiago Leifert, Ana Xisdê, Haru, entre outros.
Embora alguns entreguem boas performances, outros demonstram empenho mais baixo ou enfrentam limitações na atuação. O resultado oscila entre momentos de excelente qualidade e outros questionáveis, o que pode não agradar a todos.
Uma aventura bem dosada
De forma geral, Mark of the Deep oferece uma experiência satisfatória no gênero de aventura. Com uma curva de aprendizado acessível, o jogo apresenta o mundo de forma eficiente nos primeiros momentos, permitindo que o jogador se familiarize com os desafios que encontrará na jornada de Rookie.
À medida em que nós encontramos os companheiros do protagonista, eles se reúnem em uma área central que funciona como um hub. Esse espaço oferece acesso a outras regiões e concentra os principais serviços disponíveis para Rookie, como compra de itens e aprimoramento de equipamentos. Quanto mais tripulantes são resgatados, mais atividades e serviços são liberados, auxiliando o progresso do jogador.
O combate evolui de simples a desafiador conforme avançamos para áreas mais específicas do mapa. Seguindo a fórmula “souls”, é possível desbloquear atalhos para facilitar a movimentação, especialmente após ser derrotado, evitando percursos extensos. Entretanto, o jogo não penaliza o jogador ao ser abatido; não há perda de dinheiro ou de equipamentos. Sempre que Rookie morre, ele retorna ao último ponto de salvamento registrado, mantendo seus recursos. Embora os inimigos ressuscitem, arenas menores e chefes derrotados permanecem vencidos, acelerando o progresso em áreas já exploradas.
Alguns momentos colocam o jogador em situações intensas, como lutas contra chefes ou confrontos em áreas com diversos inimigos de padrões variados atacando simultaneamente. Apesar de ser acessível em determinados aspectos, Mark of the Deep não hesita em lembrar suas inspirações, desafiando o jogador nas batalhas.
A exploração, o combate, os puzzles e a narrativa trabalham em harmonia, complementando a experiência geral. Juntos, esses elementos oferecem muitas horas de imersão, seja pela busca pela conclusão da aventura, pelas missões adicionais ou pelos segredos escondidos na ilha. Mark of the Deep é uma excelente recomendação para quem aprecia um bom jogo de aventura.
Mais um exemplo e qualidade dentro do cenário gamer nacional
Mark of the Deep é um título que sabe aproveitar o melhor dos gêneros metroidvania e soulslike para criar uma aventura envolvente e desafiadora. Com mecânicas acessíveis e uma curva de aprendizado amigável, o jogo consegue equilibrar exploração, combates intensos e narrativa cativante, resultando em uma experiência memorável.
A ambientação misteriosa, aliada à mitologia bem desenvolvida, torna a jornada de Rookie imersiva e recompensadora. Apesar de algumas inconsistências, especialmente na dublagem, o jogo se destaca como um excelente exemplo do potencial da indústria brasileira e já pode ser considerado um dos melhores jogos já desenvolvidos no Brasil.
Prós
- A combinação dos gêneros metroidvania e soulslike funciona muito bem;
- A curva de aprendizado amigável torna a experiência acessível para jogadores iniciantes;
- Segredos e desafios bem distribuídos pelo mapa tornam a sensação de recompensa gratificante;
- A narrativa é bem integrada ao gameplay.
Contras
- A qualidade das atuações vocais de vários personagens empobrece levemente a experiência;
- A ausência de punições mais severas em mortes diminui a sensação de risco.
- Alguns momentos se mostram excessivamente difíceis em comparação ao restante do jogo.
Mark of the Deep — PC — Nota: 8.5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Light Up Games