Análise: Project Tower é uma grata surpresa de início de ano

Em uma misteriosa torre que parece não ter fim, um prisioneiro luta em busca de sua liberdade.

em 18/01/2025

Apesar de não ser uma regra, os primeiros dias de um ano novo costumam ser mais tranquilos para os videogames, com os grandes lançamentos do ano começando a chegar lá pela metade de janeiro. Esse é o momento em que jogos menores podem aproveitar para ter os seus 15 minutos de fama e tentar chamar a atenção do grande público. Nesse sentido, Project Tower foi certeiro em seu lançamento.

Desenvolvido pela Yummy Games — um estúdio independente composto por apenas quatro pessoas — e lançado em 6 de janeiro para PS5 e PC, o jogo é uma mistura “maluca” de vários conceitos já vistos em outros jogos, mas que, de alguma forma, consegue criar algo especial.

Quem eu sou? O que estou fazendo aqui?

Descobrir o que é Project Tower faz parte da graça do jogo. O mistério sobre tudo o que está acontecendo irá te acompanhar por boa parte da aventura. Aqui, somos colocados na pele do prisioneiro 437, um protagonista misterioso que não faz a mínima ideia de quem é e de como foi parar naquela misteriosa torre.


O propósito dessa enigmática torre é ser um ambiente controlado de treinamento, em que cada andar testará um aspecto diferente do indivíduo, com cada um deles tendo sua fauna, flora e desafios únicos. Não se sabe ao certo quem criou essa torre ou há quanto tempo ela existe, mas sabemos que ninguém nunca conseguiu chegar ao seu fim (até então).

O que move o prisioneiro 437 a continuar lutando é a esperança de que, no último andar, encontrará respostas para todas as suas perguntas e sua tão sonhada liberdade.

Quem está por trás desses experimentos? Como viemos parar aqui? Será que essa torre realmente tem um fim? Continue subindo os andares até descobrir — ou morra tentando.

Uma jogabilidade divertida, mas deveras falha

Em seu gameplay, o jogo mistura alguns conceitos de bullet hell, tiro em terceira pessoa e quebra-cabeças, tendo trechos extremamente frenéticos, mas também pausando para a calmaria. Tudo vai depender de qual aspecto o andar em questão está testando; por vezes, esse teste será de paciência, por vezes de habilidade.


Cada andar possui uma ambientação completamente diferente da anterior, passando por desertos, geleiras e até mesmo o fundo do oceano, e tendo inimigos únicos para cada um desses ambientes.

O maior desafio está justamente em enfrentar esses inimigos. Cada um deles tem padrões de ataques específicos, o que toma tempo do jogador até que ele domine e supere o oponente. E é justamente aqui que o jogo brilha.

Os inimigos comuns que populam as fases nem chamam tanto a atenção, mas as lutas contra os chefes, essas sim, são de tirar o fôlego.

A sua dificuldade é extremamente elevada, o que pode afastar alguns jogadores mais casuais. Por ser baseado em memorização de padrões de ataque, o jogador irá morrer várias vezes até conseguir finalmente superar o inimigo. Contudo, o sentimento de superação após uma dessas batalhas é a coisa mais gratificante que a torre proporciona.

Para ajudar o prisioneiro 437 a superar os andares, ele contará com um conjunto de quatro armas, cada uma delas com padrões de disparo diferentes para ocasiões específicas. Certos inimigos são mais sensíveis a certos tipos de armas, o que gera uma estratégia ainda maior no combate.


O personagem também tem o poder de se transformar na maioria das criaturas que enfrenta. Após derrotar determinados inimigos, 437 tem a opção de fazer uma cópia de seu DNA e absorver suas habilidades.

Essas habilidades irão te ajudar a resolver alguns quebra-cabeças bem simples que funcionam como interlúdios entre fases. A maioria deles consiste em arrastar caixas para uma posição específica para desbloquear o caminho para o próximo andar da torre.

Boas ideias ofuscadas por problemas técnicos

Enquanto falamos dos defeitos e das qualidades de Project Tower, é importante mantermos em mente seu escopo: um jogo ambicioso, mas desenvolvido por um time pequeno e com pouquíssimos recursos — o que não significa que ele seja isento de críticas.


Apesar de a Yummy Games ter criado uma boa base de jogabilidade, é nítido que falta uma certa dose de polimento em algumas coisas. Por conta do quão frenético o jogo se propõe a ser, por diversas vezes os controles não funcionam como deveriam ou não acompanham a velocidade do jogador.

Bugs de cenários também são algo constante, com 437 ficando preso em cantos ou atravessando o chão e caindo eternamente.

No PC, sua performance é péssima, com travamentos e quedas de quadro a todo momento. Em minha experiência pessoal, por várias vezes o jogo simplesmente fechava sem motivo aparente, me fazendo perder alguns bons minutos de progresso, principalmente nas lutas contra chefes.

Outro ponto a ser mencionado são suas animações, que são truncadas e, na sua maioria, feias. Não é o tipo de coisa que o jogador irá reparar nas criaturas monstruosas que enfrenta, mas basta prestar um pouco de atenção no 437 para notar como ele corre, anda e pula de um jeito esquisito.

Imperfeito, mas divertido. E isso é o que importa

Project Tower foi oficialmente o primeiro jogo que terminei em 2025. Ainda temos 349 dias pela frente, e é difícil dizer se ele irá se manter numa possível lista de melhores do ano, mas, sem dúvidas, foi um ótimo jeito de começar 2025.

Para aqueles que buscam uma experiência rápida (que pode levar uma média de seis horas) e que saia um pouco do âmbito dos "tripouei", este é um prato cheio. Se você quer testar seus reflexos e descobrir se consegue desviar de todas essas bolinhas coloridas, encontrou o jogo certo.

Prós

  • Jogabilidade frenética e empolgante;
  • Ótimas lutas contra chefes;
  • Excelente enredo.

Contras

  • Bugs e travamentos constantes;
  • Baixa performance no PC;
  • Animações truncadas.
Project Tower — PC/PS5 —  Nota: 7.0
Versão utilizada para a análise: PC

Revisão: Beatriz Castro






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Kevyn Menezes
Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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