Análise: Little Big Adventure - Twinsen's Quest — Um remake que consegiu melhorar e piorar algo que era bom

Com mais de 20 anos, retornamos a um planeta muito ensolarado que é dominado por um doutor maluco e que precisa ser derrotado por um pacifista.

em 02/01/2025
Mal começou 2025 e já colocarei vocês leitores para viajar no túnel do tempo (de novo). Em 1994, Little Big Adventure encantava uma parcela dos jogadores de PC com seu charme resultante do ponto de vista isométrico, com uma história cativante e estilo gráfico que chamava atenção (naquela época).

Duas décadas depois, temos um remake bastante inusitado deste título. Little Big Adventure - Twinsen’s Quest tenta trazer este universo mais uma vez, mas será que ele ainda consegue despertar algum encanto?

O herói improvável

O planeta Twinsun - nome dado por ele ter dois sóis e significa, literalmente, “Sóis Gêmeos” —, lar de Twinsen, sua irmã Luna, sua namorada Zoe e mais uma enorme diversidade de criaturas, vivia uma fase tranquila de harmonia. As coisas mudam com a chegada do Dr. FunFrock, que simplesmente toma o planeta e obriga os habitantes a migrarem para o hemisfério sul.

Por mais que sua irmã caçula e sua amada estivessem revoltadas, Twinsen sempre se manteve tranquilo e pacífico, apenas acreditando que tudo iria melhorar. Ele é obrigado a quebrar essa postura após ser capturado pelas tropas de FunFrock e fugir de uma prisão de segurança máxima. Esse evento levou um grupo de guardas a invadirem a casa de Twinsen e a levar a sua irmãzinha. Assim começa a aventura do nosso protagonista acidental.

Inclusive aqui já de cara há a primeira mudança notável do remake. Se no original a missão principal era resgatar Zoe, agora a “princesa” em perigo na situação é Luna. Há diversas outras mudanças na narrativa, todas bastante sutis, mas que ajudam a aventura a fluir de maneira leve, divertida e que até combina com a inocência noventista de alguns personagens daquela época.

Os aspectos artísticos de Twinsen’s Quest também passaram por uma revitalização bastante positiva. O visual do remake está mais colorido e caricato, em conjunto com gráficos low poly, o que culmina em um carisma bem peculiar para Twinsen e o universo que o ronda.

A trilha sonora também teve um toque especial de nostalgia, mérito do compositor Philippe Vachey. Ele foi o responsável pelas trilhas do título original e volta para revisitar alguns desses temas, além de trazer novos. 

Esqueceu como se briga?

Twinsen’s Quest é bonito, isso não dá para negar. Entretanto, sua funcionalidade é questionável, por diversos motivos. O intrépido herói tem que lidar com diversos tipos de guardas apenas com a fúria (adormecida) dos seus punhos e uma espécie de bola de tênis mágica, que ele arremessa de longe.

São poucos recursos? Sim, mas isso não seria um problema se eles fossem funcionais. Brigar mano a mano sempre dá prejuízo para Twinsen, pois ele é muito lento e ao conectar golpes, há momentos em que eles vão para direções aleatórias.

Quanto à nossa esfera mágica: ela é jogada, quica e acerta um guarda. São necessários vários acertos para que eles desmaiem, e nesse meio tempo entre uma bolada e outra, há um longo espaço dentro do qual podemos ser acertados por uma saraivada de tiros, e se isso acontece na presença de outros, eles se juntam e viramos alvo de um pelotão de fuzilamento. É game over na hora.

Os saltos de Twinsen também dão uma ligeira dor de cabeça. Não é estranho que diversas oportunidades sejam perdidas, pois sempre fica a sensação de que calculamos mal, ou que ele esbarrou em algum obstáculo invisível.

E agora, evocando novamente o jogo original e me fazendo às vezes de advogado do diabo, a regressão faz muita diferença. A versão de 1994 tinha um herói que pautava suas ações de acordo com o seu humor. Ele poderia manter uma postura mais veloz, furtiva ou forte. Isso, aliado a mecânica de tank da época, ajudou a chamar atenção para o jogo há 20 anos atrás e retirar essa característica do remake foi uma decisão totalmente equivocada.

Por fim, é muito fácil se perder entre missões, por mais que sigamos a narrativa à risca. O mapa não é nenhum pouco funcional na hora de buscar por direções. Twinsen ainda faz desenhos em um diário para relembrar de informações importantes, mas elas são jogadas para recapitularmos em algum momento impreciso no futuro.

Um sol bom e um sol ruim

Little Big Adventure: Twinsen’s Quest foi uma ótima escolha de título de uma era de ouro dos jogos de PC para ser trazido para a atualidade. Entretanto, mesmo com o carinho nos visuais, trilhas e com a história, a simplificação da jogabilidade roubou muito da personalidade do jogo original. Aliado à movimentação preguiçosa e demais defeitos técnicos, o que poderia ser uma aventura grandiosa acabou se tornando uma pequena lembrança.

Prós

  • A revitalização dos ambientes com elementos mais coloridos foi uma boa escolha;
  • Trilha sonora com participação da equipe do jogo original;
  • A mudança de história foi uma boa sacada para os tempos atuais.

Contras

  • A simplificação da jogabilidade, excluindo a variação de humores, foi uma péssima ideia;
  • O mapa não é funcional;
  • É fácil se perder entre objetivos e missões ao rondar pelos cenários;
  • Alguns bugs de colisão ao saltar;
  • Os comandos de ataque, sejam com socos ou com a bola mágica, são pavorosos.
Little Big Adventure: Twinsen's Quest — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Microids
Siga o Blast nas Redes Sociais
Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).