Análise: Diesel Legacy: The Brazen Age une porradaria e visuais únicos em combates dinâmicos e cheios de estilo

Com uma estética dieselpunk e um elenco que esbanja personalidade, o jogo entrega uma experiência criativa e divertida para os fãs de jogos de luta.

em 16/01/2025
Beat ‘em ups e jogos de luta sempre foram gêneros que andaram por caminhos paralelos, separados apenas por algumas diferenças. Diesel Legacy: The Brazen Age é um interessante jogo de luta que consegue incorporar de maneira criativa elementos de beat ‘em ups.

As muitas camadas de uma cidade

Diesel Legacy pode ter um elenco enxuto, de apenas 10 lutadores, mas consegue compensar muito bem com criatividade e estilo. Cada um deles está envolvido na história de como a promissora cidade de New Liberty teve sua ascensão tecnológica corrompida pela empresa FALCORP, do industrialista Hieronymus Frazer.

Enquanto alguns, como o operário Rory Lyons e a entregadora Ruby Hilyard, vivem na parte mais baixa e pobre da cidade, outros personagens estão cercados de riqueza e luxo, como a atriz Damnika e o artista circense Adrik. No fim, todos têm seus motivos para irem atrás de Frazer e provocar a derrocada da FALCORP.

Para ilustrar os acontecimentos da vida de cada um, o modo História traz uma série de estágios com combates 1v1, 2v1 e 2v2, e é no sistema de combate que Diesel Legacy traz a melhor parte de sua proposta.

Mudança de planos

Relembrando os bons tempos do primeiro Fatal Fury, é possível fazer com que os lutadores alternem entre três planos de profundidade durante a luta, como se estivessem se deslocando pelo caminho de um beat’ em up. Inclusive, há algumas fases que se desenrolam dessa maneira, com nosso “justiceiro” percorrendo uma rota enquanto senta a porrada em um bando de inimigos.

Entretanto, a jogabilidade é totalmente voltada para o esquema tradicional de jogos de luta bidimensionais, com quatro botões de ataque, um de esquiva, diversos comandos para especiais e um super. O fato de ter um botão que precisa estar pressionado apenas para trocar de plano facilita o dinamismo da jogabilidade, permitindo alternar rapidamente entre pular, agachar e escapar do oponente ao se mover para o fundo ou a frente da tela.

Por falar em dinamismo, algo que me surpreendeu positivamente em Diesel Legacy é o quanto os combates são fluidos, mesmo com esse vai e vem pela tela. Em lutas de 1v1, por exemplo, é possível se deslocar rapidamente pela tela e evitar situações corriqueiras em outros títulos do gênero, como ficar preso em um combo no canto da tela que nem sempre pode ser bloqueado.

Já as lutas de 2v2 são bem mais divertidas, pois os parceiros de uma mesma equipe podem simplesmente focar seus ataques em apenas um alvo, criando combinações extensas e devastadoras usando golpes curtos e de fácil execução. Talvez os jogadores mais tradicionais não gostem tanto do número de coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas isso não diminui o fato de que o serviço de colocar quatro jogadores ao mesmo tempo foi bem feito.

Além do modo História, que traz toda a trama principal dividida em mais de 10 capítulos por personagem, contamos com o bom e velho Arcade, um modo para Treino e outro para disputas individuais, que podem acontecer de maneira local ou online.

O Arcade não tem segredo: escolhemos um lutador e passamos por uma sequência direta de oito lutas. O Treino é bastante completo para um jogo indie, trazendo indicadores de frames e hitbox para a galera que gosta de calcular meticulosamente os danos causados.

O online tem um funcionamento praticamente perfeito. Em todo tempo que analisei Diesel Legacy, não tive problemas de conexão ou para achar oponentes, seja em partidas simples ou em duplas. A imprevisibilidade das combinações entre lutadores, inclusive, torna as lutas 2v2 um pouco mais interessantes que as individuais.

Entretanto, senti falta de duas coisas que são padrão em jogos de luta: a primeira é um seletor de dificuldade para os modos Arcade e História. É estranho sentir que algumas lutas são rápidas e fáceis enquanto outras são um pouco mais trabalhosas, não havendo uma curva de aprendizado de fato; além disso, contamos apenas com o Treino para descobrir combinações e golpes especiais. Seria bem-vindo um modo para aprender combos básicos e avançados de cada personagem, os famosos “Trials”, ajudando assim a criar mais intimidade com as características de cada um.  

Mais que uma carinha bonita

Diesel Legacy consegue emanar um certo charme graças à sua estética dieselpunk. Desde os lutadores até os cenários, temos uma composição visual bem bacana que, pelo menos puxando pela minha memória, não é nada frequente em jogos de luta. Os arquétipos típicos do gênero estão muito bem representados por figuras que combinam com esse ambiente. 

Temos os humanos regulares, como o operário ruim de saúde, a gângster e a atriz; até seres mais exóticos, como um ex-assassino que se tornou mágico, um cientista que usa um tanque de combustível portátil para planar e soltar rajadas de fogo, e uma lutadora de rua que conta com o auxílio de braços mecânicos sobressalentes. E, claro, também há um gigantesco autômato industrial, com alto poder destrutivo, mas de lentidão considerável.

A trilha sonora também segue na mesma pegada, fugindo daquela coisa de ter temas cheios de energia e focando em algo mais adequado para essa estética, que evoca elementos inspirados de uma época mais antiga, em meados da Revolução Industrial. Então temos uma influência pesada do jazz, blues, swing e canções que lembram os antigos cabarés, com cantoras de vozes poderosas acompanhadas de metais como saxophones, tubas, trombones e trompetes.

Não é exagero dizer que escutar a trilha sonora separadamente do jogo traz um sentimento de assistir a um filme antigo, em preto e branco. E isso nem de longe é um problema.

Uma grata surpresa

Diesel Legacy: The Brazen Age fez jus às suas promessas, sem deixar nada a desejar em relação aos grandes nomes do gênero. Se você gosta de jogos de luta e quer experimentar uma proposta um pouco mais variada, vale a pena dar uma chance, especialmente aos combates em dupla. Os pequenos erros cometidos não tiram em nada o mérito de um jogo que soube entregar o que prometeu.

Prós

  • A estética dieselpunk foi uma ótima pedida para compor elenco, cenários e trilha sonora com características bem distintas do que temos atualmente no gênero;
  • A jogabilidade com mudança de planos e com até quatro participantes cria um caos divertido;
  • Comandos simples de aprender e que combinam bem com cada um dos personagens;
  • Modo História entrelaça as narrativas dos personagens de maneira interessante;
  • Online com partidas rápidas e pouco tempo de espera para encontrar adversários.

Contras

  • Ausência de um seletor de dificuldade, pois a curva de aprendizado é um pouco agressiva;
  • Um modo para aprender combos e peculiaridades de cada lutador viria a calhar;
  • O excesso de coisas acontecendo ao mesmo tempo pode incomodar quem gosta de algo mais tradicional.
Diesel Legacy: The Brazen Age — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Maximum Entertainment
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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