Lançado primeiramente em 2023 para PC, Boti: Byteland Overlocked agora chega aos consoles para trazer uma interessante aventura dentro do mundo dos computadores, com direito ao estilo clássico de plataforma em 3D, além de alguns probleminhas pontuais.
Entre bytes e bugs
O herói do jogo leva o mesmo nome do título: Boti. Este pequeno robô mensageiro está encarregado de livrar a Bytelândia de bugs, glitches e malwares. Ele precisa viajar por diversas áreas e exterminar esses males virtuais. Para isso, ele conta com dois ajudantes igualmente robóticos: Zero e Um, que se encarregam de instruir nosso herói e soltar piadinhas de vez em quando.
Essa premissa abre uma boa justificativa para os grandes mundos tridimensionais que precisam ser explorados. Navegamos por lixo eletrônico, desbravamos bancos de dados e planamos por sistemas de rede, sempre coletando bytes de dados pelo caminho para abrir novos caminhos.
Há também uma boa porção de segredos escondidos, como baús, botcoins, trajes e registros de áudio, que contam um pouco mais sobre como a Bytelândia foi criada. Tirando o básico que é pular e bater, o robozinho pode planar e utilizar magnetismo para deslocar plataformas, se pendurar em ganchos e abrir caminhos. É um prato cheio para os fãs do gênero, mas existem alguns bugs que deixam de ser problema do Boti e viram nossos.
Boti: Byteland Overclocked possui 8 fases. Na primeira metade do jogo, entre a terceira e quarta fase, as coisas até fluem bem. Ao passar para a metade final, parece que acontece algum curto circuito. Além de alguns problemas pontuais de performance e de posicionamento da câmera, que apesar de ser livre às vezes muda repentinamente, houveram momentos nos quais eu pulei em plataformas e fui direto para o infinito.
Em vez de perder a vida e retornar ao checkpoint, o jogo abriu a tela de loading e me colocou de volta na tela principal da cidade. Pelo menos ao entrar na fase novamente não fui obrigado a refazer tudo do início.
Outra questão é que não é difícil ficar preso entre caixas ou lugares estreitos. Como é necessário explorar cada canto atrás dos segredos, sempre ocorre de ter uma passagem mais apertada do que outra, e se dermos um salto mal calculado ficamos em uma situação de soft lock, que nos obriga a sair e voltar da fase.
As partes nas quais pilotamos um bote em rios e tobogãs gigantes são pavorosos e deixam muito a desejar. A pequena embarcação acelera a esmo e a pilotagem não tem uma resposta precisa, resultando em várias viradas desordenadas e que nos levam na direção contrária de onde queremos ir. É simplesmente impossível fazer com que a navegação seja feita sem querer arrancar uns fios de cabelo no processo. Até o comando para sair do bote é difícil.
Há também trechos que temos que caminhar por cima de fios. Parece uma tarefa fácil, mas se nós não girarmos a câmera para uma posição que sempre coloque Boti indo em direção ao norte (para frente) nós podemos cair, mesmo fazendo a movimentação correta para os lados. Isso piora caso tenha alguma parte desencapada, que exija o uso do pulo.
E por fim, um erro específico que ocorreu na quinta fase: o comando de salto parou de funcionar justamente em uma parte repleta de inimigos e explosões. Foi necessário que eu sacrificasse o robozinho, para que ao retornar o comando voltasse a responder.
É imprescindível em um jogo de plataforma 3D que a movimentação seja precisa e que a câmera não deixe o jogador na mão, e infelizmente nesse quesito, Boti: Byteland Overclocked acaba dando uma engasgada. Nada que um patch de correção não resolva, já que muitos outros já foram feitos desde o seu lançamento.
Um variado ecossistema virtual
Se na performance Boti: Byteland Overclocked dá suas derrapadas, no quesito visual o trabalho já é um pouco mais competente. Cada fase tem uma ambientação bastante única, mesmo que contando com o mesmo tipo de inimigo. Temos desde arranha-céus com placas luminosas até as entranhas tóxicas da dark web, inteligentemente retratadas como um lixão.
Outro ponto chamativo é o carisma tanto do protagonista quanto dos seus ajudantes e das demais pessoas, tanto pelas fases quanto na cidade. Todas elas oferecem interações curiosas e levemente divertidas. O fato de poder trocar a roupa de Boti para coisas mais divertidas e temáticas também ajuda a torná-lo mais querido pelos jogadores.
Esse lançamento para os consoles traz todo conteúdo base junto de DLCs lançados anteriormente para o PC, então temos mais algumas adições interessantes. Há uma área gelada com temática natalina, na qual podemos pegar presentes e desbloquear trajes da época. Boti pode virar um biscoito de gengibre, uma rena, um boneco de neve ou até o próprio Papai Noel.
A outra área extra traz um visual mais assustador, com gincanas inspiradas no Halloween. Nela, percorremos áreas coletando dados que nos possibilitam chegar ao final de uma espécie de labirinto. Como recompensa, ganhamos bilhetes de loteria, usados para liberar mais alguns itens cosméticos e entradas em uma pequena galeria.
Com todo esse charme virtual, é uma pena que nenhuma das músicas de Boti seja marcante. As vozes, em inglês, até fazem um bom trabalho, mas os temas de cada fase simplesmente não têm apelo nenhum, o que é uma pena, visto o tanto de canções memoráveis que surgiram com este gênero ao longo dos anos.
Merece um patch de correção
É uma pena que os problemas de Boti: Byteland Overclocked comprometem a diversão do jogador. Ele tem uma ótima ideia e ambiente muito bem trabalhado na temática que se propõe. Entretanto, é mais do que necessário que correções sejam feitas para que o pequeno robô mensageiro ganhe o destaque que merece.
Prós
- Inclusão de todos os DLCs lançados para PC previamente;
- As fases tem ambientação criativa dentro da temática virtual;
- Personagens carismáticos e divertidos;
- Ótimo fator replay, com diversos segredos para encontrar.
Contras
- Erros de performance e bugs, como plataformas que somem, comandos que param de responder e lugares que prendem o personagem, resultando em soft lock;
- Os trechos com o bote são horríveis;
- A trilha sonora é ignorável;
- Mesmo controlada pelo jogador, em alguns momentos a câmera consegue nos fazer perder a noção do espaço.
Boti: Byteland Overclocked — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Untold Tales