Análise: Basureroes: Invasion — O time de heróis que nós precisamos

Salve a cidade de uma invasão alienígena com um grupo que é especializado em lidar com qualquer tipo de lixo, mesmo que venha de outro planeta.

em 30/01/2025
Todo grupo de heróis que se preze é responsável por limpar a cidade de qualquer perigo. Em Basureroes: Invasion isso é interpretado ao pé da letra com um time que leva a sério seu dever, eliminando a escória que assola a cidade.

Cuidando do lixo com uma super equipe

Algo curioso é que os Basureróis (versão traduzida do nome do jogo) tem como temática heróis lixeiros. Esse termo deriva da palavra espanhola “basurero”, que significa ao pé da letra “coletor de lixo”. Logo, todos eles têm vestimentas e codinomes que seguem essa temática: 


Lixeiro Mascarado: o líder da equipe que só consegue atacar de perto, mas compensa com a habilidade de planar no ar e cobrir longas distâncias;

Recicladora Noturna: ela é a segunda heroína a usar esse codinome, já que o primeiro se aposentou. Ela é uma expert em tiros a distância, se tornando uma escolha regular que é recomendada para iniciantes;
 
Vingador Latão: O misterioso vingador que usa uma lata de lixo como capacete é o especialista em explosivos, disparando bombas que servem para destruir rochedos e blocos de neve que estão pelo caminho e escondem rotas secretas;  

Resíduo Orgânico: este habilidoso integrante do clã bananinja é um dos poucos que contam com duas armas. A primeira é um bumerangue, que atinge oponentes que estão um pouco mais longe. A segunda é um bastão, que além de servir para se defender de quem está perto, pode ser utilizado para impulsionar saltos e como alavanca para abrir portas.

Ainda haverá mais algumas pessoas especiais que deixarão o time maior, mas não darei mais detalhes para evitar spoilers.

O grupo já havia defendido a cidade de Nova Genésia das ameaças do Dr. Diógenes há 10 anos. Agora ele tentou voltar, mas acabou capturado por alienígenas que querem invadir o planeta. Cabe ao grupo de heróis se reunir para extinguir essa nova ameaça intergaláctica. Com esse enredo, escolhemos um dos personagens e ao progredirmos salvamos os demais, podendo alterar entre eles e usar suas habilidades únicas para salvar algumas pessoas que estão pelo caminho… e um cachorrinho.

A dinâmica de alternar entre os heróis é bem trabalhada. O level design de Basureroes privilegia a habilidade específica de alguns deles, mas isso não quer dizer que não são todos de importância vital para concluir uma fase pela primeira vez. Todos eles, além de saltar e terem suas armas de combate, podem escalar paredes, como em Mega Man X. Inclusive, quem conhece a série do robôzinho azul vai perceber muitas inspirações, em inimigos, sessões de plataformas e batalhas contra os chefes, mas tudo com a personalidade única do próprio jogo.

Quanto a salvar as pessoas pelo caminho, que é o motivo para refazer cada estágio, eles estão sempre em locais secretos, por isso é importante sempre estar atento há alavancas e escadas escondidas. E tem o cachorrinho, que altera um pouco a jogabilidade. Os humanos só precisam ser tocados, mas os cachorrinhos precisam ser carregados por todo o caminho, o que faz com que nós não possamos atacar ou realizar qualquer outro tipo de ação única.

Podemos pegar e soltar o bichinho a qualquer momento para liquidar os extraterrestres pelo caminho que ele espera bem comportado. Agora, se tomamos algum tipo de dano ele foge correndo e temos que ir atrás. É uma maneira bastante criativa de desafiar os reflexos e atenção dos jogadores.

A única coisa que pode acabar dando uma cansada é o fato de que, ao repetir as fases com novos heróis para resgatar quem ficou para trás, é necessário fazer o estágio todo do começo ao fim, inclusive a luta contra o chefe. Seria mais benéfico se pudéssemos apenas iniciar e sair livremente de um local previamente finalizado.

Referente aos comandos, o jogo apresentou apenas dois leves defeitos. O primeiro envolve o próprio cachorro. Para pegá-lo temos que segurar para cima e para soltar, para baixo. Descer escadas, o que também é feito segurando para baixo, sempre resulta em soltar o filhote acidentalmente. Nesse caso seria muito melhor ter um botão de ação só para interagir com ele.

O segundo está na troca de personagens. Podemos alternar entre os heróis disponíveis a qualquer momento (tanto no mapa quanto na fase) com o toque dos botões superiores do controle. Aqui a questão é uma leve travada se tentamos fazer isso em movimento, como tentando escalar uma parede ou ao atirar em alguém. Não é algo constante, mas fica mais perceptível em áreas mais complexas.

Mesmo com esses leves engasgos, o ritmo da ação não desampara o jogador que terá que ficar atento em diversos momentos, mas não irá sofrer uma longa sequência de mortes só para passar uma parte. Isso mostra o quanto a curva de dificuldade é agradável, sempre oferecendo novos obstáculos para acentuar a memória muscular do jogador e para fazê-lo aproveitar o melhor que cada membro dos Basureróis pode oferecer em cada setor.

Vasculhando cada canto da cidade

Outro mérito forte que Basureroes traz é a variedade entre suas fases e, consequentemente, seu level design. Além do ótimo uso do visual 8-bit, temos locais com uma ótima variação de segmentos. Nossa missão nos leva por telhados, esgotos, um laboratório, uma usina, florestas e até um lixão (quem diria, não?). Mesmo lugares com temáticas próximas são bem diferenciados entre si no desafio proposto.

Há momentos em que elementos de variação de jogabilidade são inseridos, como o uso de naves e motos, mas infelizmente eles duram apenas uma fase. Seria interessante se eles fossem explorados em mais de uma situação, como aconteceu com o carrinho de mina, que foi utilizado não só na fase em questão, mas que também voltou nas partes finais.

Além disso, o jogo traz diversas referências sutis muito bacanas. Os próprios heróis, em seus diálogos, fazem piadas sobre como os vilões sempre falam do plano deles antes de executarem de fato, entre outras observações espertinhas. Alguns dos cidadãos resgatados se parecem muito com personalidades famosas e outros personagens icônicos dos quadrinhos.

Os cachorrinhos que precisam ser resgatados também esbanjam personalidade. Cada um vem vestido de maneira a fazer referência à fase na qual ele se encontra. Temos um astronauta, um policial, um bombeiro, um alienígena, um cowboy, um ninja, isso só para citar alguns. Parecem bobagens, mas são detalhes importantes que conferem uma personalidade única à cidade de Nova Genésia.

Toda essa ação necessita de uma trilha sonora a altura e graças aos deuses virtuais, isso também foi trazido. O tradicional chiptune que acompanha aventuras 8-bit não faz feio e acompanha muitíssimo bem o ritmo da ação, nos fazendo sentir toda a adrenalina dos resgates e batalhas dos Basureróis.

Basureróis, avante!.. se der

Um dos principais aspectos de Basureroes é o seu modo multiplayer. Até quatro jogadores podem se reunir, de maneira local, para salvar a cidade. Outra escolha interessante é ou a opção de ter a morte de um colega influenciando no resto da equipe, ou essa ser tratada de maneira independente. Caso alguém já tenha começado sozinho, é possível retomar a missão adicionando seus amigos de onde parou, sem problemas.

Entretanto, convenhamos, é meio difícil reunir quatro jogadores de maneira local nos dias de hoje, ainda mais com cada um jogando em um console. Então, seria muito bem-vindo ter um multiplayer online, de preferência com crossplay, já que Basureroes: Invasion será lançado para todas as plataformas em funcionamento atualmente.

Outra ideia que daria certo seria a de poder adicionar os outros heróis comandados por CPU, mesmo que obedecendo a comandos pré-estabelecidos pelo jogador no controle. Isso seria bacana para dar uma noção de como seria jogar com os quatro integrantes principais do time ao mesmo tempo.

Do lixo ao luxo

Basureroes: Invasion é um excelente título de ação 2D plataforma. Ele não nega em momento nenhum que se inspirou nos clássicos do gênero, mas não se intimida e consegue mostrar uma personalidade única, cheia de criatividade, bom humor e com desafio na medida para agradar iniciantes e veteranos. Se você gosta desse tipo de jogo, acabou de encontrar um título indispensável para sua biblioteca.

Prós

  • A variedade de heróis traz nuances interessantes para a jogabilidade e contribui para a assimilação e aprendizado da curva de desafio;
  • O time de heróis tem integrantes carismáticos e bem humorados, além de carregar diversas referências à cultura em geral;
  • Ótimo uso do casamento entre visual 8-bit e melodias em chiptune;
  • Excelente level design, com sessões criativas que estimulam o uso dos diferentes poderes do time;
  • Multiplayer para até quatro jogadores.

Contras

  • Os trechos que variam a dinâmica do jogo, como as fases de nave e moto aparecem pouco;
  • É obrigatório refazer o estágio todo ao revisitá-lo para resgatar os civis que ficaram para trás;
  • Um leve travamento para trocar de personagem e descer escadas com o cachorrinho pode causar confusões;
  • Seria interessante ter multiplayer online ou poder acrescentar heróis controlados pela CPU.
Basureroes: Invasion — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela JanduSoft
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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