Impressões: Path of Exile 2 caminha para ser um marco do seu gênero

O jogo entrou em Acesso Antecipado no começo do mês e já alcançou números impressionantes.

em 20/12/2024

Depois de mais de dez anos do jogo original, Path of Exile 2 chegou às plataformas em formato de Acesso Antecipado no dia 06 de dezembro e foi recebido com números impressionantes no Steam, com mais de meio milhão de pessoas jogando simultaneamente. Atualmente, o jogo conta com um acesso pago, mas, no futuro, o modelo será gratuito. Mesmo assim, boa parte dos jogadores já estão usufruindo do novo capítulo da franquia.

Com uma gameplay mais lenta, sistemas mais simples, mais classes, armas, inimigos e localidade, Path of Exile 2 aposta em uma experiência mais brutal focada em um público menos casual e mais exigente, exatamente o que pode explicar o sucesso estrondoso. Entretanto, como de praxe do Acesso Antecipado, existem diversas mecânicas e escolhas dos devs que são, no mínimo, questionáveis.

A corrupção se espalha



Quando o Conde de Ogham cede ao poder e à malícia, a corrupção começa a se espalhar novamente pelo mundo, criando monstros, ameaças e segredos terríveis nas terras de Wraeclast. Se a premissa parece um tanto quanto genérica, não se preocupe, é exatamente como ela se parece pra mim também. Talvez o ponto mais fraco de POE 2 seja exatamente sua narrativa. Boa parte da diversão está na dificuldade de vencer os terríveis inimigos das terras desoladas, mesmo que, na maioria do tempo, você mal saiba ou se importe com o que, de fato, está acontecendo.

Talvez o único ponto em que eu concorde que seu concorrente Diablo 4 seja superior no momento é exatamente na cinematografia e no nível de comprometimento em tornar a história uma jornada narrativamente envolvente. Dito isso, não acho que seja, de fato, um impedimento para a experiência como um todo, quando se olha para a profundidade de sua gameplay e sistemas.

O caminho do exílio



Logo nos primeiros minutos, uma cena de execução é o seu menu para escolher a classe inicial. Apesar da criatividade, não é possível personalizar seu personagem, ou seja, a aparência é diretamente ligada às habilidades e classe dele. Passando desse pequeno empecilho, depois de uma pequena cutscene de fuga, sua jornada ao desconhecido brutal começa.

A primeira diferença perceptível com o seu antecessor está na cadência do combate. Aqui, a velocidade é diminuída para uma experiência mais cadenciada, porém a dificuldade ainda está lá no alto. Mesmo nos primeiros chefes é possível sentir o quão brutal cada encontro é. Mesmo jogando na dificuldade padrão, eu e diversos amigos tivemos nossa boa cota de derrotas contra os principais monstros do mundo.

Com o botão de rolamento e chefões que têm padrões e designs dignos de um trabalho da FromSoftware, cada nova área é carregada com o perigo da morte iminente; além disso, o sistema de habilidades, que gira em torno da construção de gemas principais e de suporte, pode ser demais para jogadores casuais, mas, pra mim, é exatamente a diferença de foco que torna Path of Exile 2 um jogo único do seu gênero.

Forje sua lenda



Atualmente, no jogo, temos seis classes das doze prometidas. Mercenário, Monge, Bruxa, Patrulheira, Feiticeira e Guerreiro são as escolhas disponíveis e cada uma tem até duas escolhas de ascensão, o que seriam as subclasses no caso. As habilidades ativas, ou seja, os poderes de cada personagem são encontrados como drops do mundo, as chamadas gemas brutas de habilidade.

Já a build propriamente dita é a árvore de habilidade passiva, tão extensa e complexa que daria pra fazer um texto inteiro só sobre ela. A junção desses dois sistemas, juntamente com as joias de suporte, que modificam as habilidades adquiridas, tornam o ato de buildar extremamente complexo, mas, também, muito amplo e controlável. Atualmente, com minha bruxa, consegui juntar as gemas necessárias para ter foco em ataque em área, porém também com uma forte habilidade carregável contra alvos únicos.




Essa dificuldade até na montagem do personagem já é parte característica da experiência que os desenvolvedores querem oferecer. O mundo de POE 2 vai te mastigar e, para vencê-lo, você tem que passar a barreira dos sistemas também. Entretanto, nem tudo funciona como rosas, principalmente a parte de dar upgrade nos equipamentos, que é feito por orbs que também são a moeda recorrente no jogo e, pra mim, atualmente não existe algo dentro do jogo que deixe isso claro.

O perigo espreita



Com uso de regiões proceduralmente geradas, cada vez que você entra em alguma das áreas de POE 2 é uma roleta-russa contra a morte. Contudo, o que torna mais interessante, além da mudança de layout toda vez, é a diversidade de monstro, tanto visualmente quanto mecanicamente. Só nas dez primeiras horas eu devo ter visto quase o dobro de monstros que Diablo 4, um jogo que deve ter mais que o dobro de orçamento de POE 2.

A arte, no geral, aproxima-se muito dos ARPG do início dos anos 2000, com foco na escuridão e no famoso Grim Dark, que reflete em obras e jogos como Berserker e Dark Souls, e até mesmo em Diablo. Com a construção de builds já citadas e um caminho quase labiríntico para chegar ao chefe da área, a grande sacada está em sobreviver e eliminar os inimigos da melhor forma, culminando nas lutas de chefe. O único problema fica quando boa parte das quests demandam encontrar algo ou algum caminho e gera a frustração de andar por muito tempo nos mapas gigantescos só para encontrar aleatoriamente o objetivo.

Um dos chefões que mais me marcou no início foi exatamente o Conde de Ogham, um soldado com uma espada enorme e poderes de gelo que, no meio da batalha, torna-se um grande lobo de 3 cabeças. Os ataques sincronizados dele, e uma área de efeito gigantesca, tornaram a batalha uma experiência muito parecida com as lutas de soulslike. Eu tinha que desviar, atacar no momento certo, usar as gemas certas, entender seus padrões e dançar conforme sua música. Uma luta que te deixa ativamente trabalhando além de apertar os botões para matar o inimigo.

A caminho da grandeza


Path of Exile 2 já era antecipado como um dos grandes lançamentos de 2024, e ele chega ao apagar das luzes para arrebatar a comunidade de ARPG e preparar o caminho pra um lançamento sólido em 2025. A recepção gigantesca mesmo no período de Acesso Antecipado pago já mostra a força que o projeto tem seguindo no próximo ano.

Neste momento, existem muitas críticas que os jogadores mais veteranos estão levando para a desenvolvedora Grinding Gear Games e imagino que boa parte será ouvida no intuito de lapidar o jogo para se tornar a joia que a comunidade tanto esperava, porém logo agora já é possível ver o fundamento sólido da visão criativa que a equipe tem pro projeto, que evita abraçar o mundo, mas agradar uma parcela seleta dos jogadores mais hardcore.

Revisão: Alessandra Ribeiro
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Grinding Gear Games.
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Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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