Need for Speed: Underground 2 — 20 anos de um marco nos jogos de corrida

Com muita música, tunagem e corridas ilegais, as ruas de Bayview ainda continuam eternas nos corações dos fãs.v

em 07/12/2024

Lançado em novembro de 2004, Need for Speed: Underground 2 rapidamente se consolidou como um dos títulos mais icônicos da franquia e como um pilar dos jogos de corrida da década de 2000. Em comemoração aos seus 20 anos, vamos revisitar esse clássico que marcou uma geração com sua ótima trilha sonora, tuning automotivo, ótima história e um mundo aberto marcante.

Bem-vindo a Bayview

Como sucessor direto do Underground de 2003, a sequência tinha o desafio de superar o impacto estrondoso do primeiro jogo, que trouxe as corridas noturnas e a personalização extrema para o mainstream dos videogames. A equipe da Black Box — estúdio responsável pelo desenvolvimento — sabia que não bastava apenas repetir a fórmula, era preciso expandi-la. E foi exatamente isso que fizeram.

A introdução de Bayview, uma cidade fictícia completamente explorável, foi um divisor de águas. Enquanto o primeiro Underground se restringia a menus e seleções de eventos, Underground 2 permitia que os jogadores dirigissem livremente pela cidade, descobrindo eventos, lojas e segredos no processo. Essa transição para um mundo aberto caiu como uma luva para os jogos da franquia e que só foi cada vez mais aperfeiçoado nos lançamentos seguintes, dando uma imersão ainda maior para os jogadores que podiam explorar cada canto da cidade em busca de novos eventos para disputar.

Bayview era um cenário vivo, inspirado por cidades como Los Angeles e Tóquio, com áreas distintas, incluindo o centro urbano iluminado por neon, colinas sinuosas perfeitas para drifts e uma zona portuária repleta de desafios técnicos.


A cultura do tuning nos anos 2000

A essência de Underground 2 estava em sua abordagem quase obsessiva ao tuning automotivo. Cada aspecto do veículo podia ser personalizado, desde os elementos funcionais, como turbo, suspensão e nitro, até os estéticos, como pinturas, decalques e kits de carroceria.

A obsessão pelo detalhe refletia a influência direta da cultura automotiva da época, popularizada por filmes como Velozes e Furiosos e programas de televisão como Pimp My Ride. O jogo não apenas permitia que os jogadores criassem veículos únicos, mas incentivava essa personalização ao vincular upgrades estéticos ao sistema de reputação. Quanto mais chamativo fosse seu carro, maior seria sua pontuação em eventos como os infames Showoff.

Para muitos jogadores, passar horas nas garagens de personalização tornou-se tão prazeroso quanto as próprias corridas. As opções ofereciam um nível de liberdade que era revolucionário para a época, garantindo que nenhum carro fosse igual ao outro. E mesmo os lançamentos posteriores não contavam com um nível de personalização tão agressivo quanto o que foi apresentado aqui.

Uma trilha sonora inesquecível, uma jogabilidade de tirar o chapéu


Nenhuma análise de Underground 2 estaria completa sem mencionar sua magnífica  trilha sonora. A seleção musical do jogo foi cuidadosamente escolhida para refletir a atmosfera urbana de Bayview, com muito hip-hop e uma pitada de rock’n roll. Como não lembrar da icônica Riders on the Storm, que tocava sempre abrimos o jogo?

A jogabilidade de Underground 2 também é um de seus pontos fortes, adotando uma pegada arcade que virou o padrão da franquia, sendo simples o suficiente para agradar aos que não estão acostumados com volantes virtuais, mas tendo certa profundidade para os que já se consideram peritos. 

Além disso, o jogo introduziu novos tipos de eventos, como Street X e Underground Racing League (URL), que adicionaram variedade à fórmula. Enquanto o Street X focava em corridas técnicas em circuitos fechados, os eventos da URL simulavam campeonatos com várias etapas, elevando a competitividade.

Os desafios técnicos não se limitavam às corridas. Underground 2 também explorava um novo nível de interação com o mundo, incluindo mecânicas como encontrar lojas escondidas para desbloquear personalizações exclusivas, tanto estéticas, quanto de desempenho. O que incentiva ainda mais a exploração de Bayview.

Um retrato cultural de uma época


Dois anos após seu lançamento, Underground 2 já havia deixado uma marca inapagável na indústria de games e na cultura popular. Ele ajudou a solidificar a personalização automotiva como um aspecto fundamental dos jogos de corrida e pavimentou o caminho para títulos futuros da franquia, como Most Wanted e Carbon.

Mais do que isso, o jogo capturou a paixão de uma era. A obsessão pelo tuning, as referências à cultura hip-hop e a estética brilhante e chamativa do início dos anos 2000 fizeram de Underground 2 um reflexo de seu tempo. Para muitos jogadores, ele não era apenas um jogo de corrida, mas uma janela para um estilo de vida aspiracional.

Revisita-lo hoje é um misto de nostalgia e percepção crítica. Alguns aspectos envelheceram graciosamente, como o foco na personalização e a estrutura de mundo aberto, que continua a inspirar jogos contemporâneos. Outros, como os gráficos datados e a narrativa um tanto rasa, podem parecer simples para os padrões modernos.



No entanto, sua influência é inegável. Mesmo 20 anos depois, poucos jogos conseguiram capturar a mesma magia de combinar música, estética e jogabilidade de maneira tão coesa. Para aqueles que viveram sua estreia, Underground 2 permanece um lembrete vívido de como um jogo pode transcender seu propósito inicial e se tornar parte da memória coletiva de uma geração.

Celebrar os 20 anos de Need for Speed Underground 2 é celebrar um marco não apenas para a franquia, mas para toda a indústria de jogos de corrida. Ele não apenas definiu padrões para seus contemporâneos, mas também deixou um legado que continua a ressoar duas décadas depois.

Enquanto muitos de nós aguardam (ou sonham) com um remake que faça jus ao original, Underground 2 permanece como um lembrete brilhante do que é possível alcançar quando paixão, inovação e contexto cultural convergem. Mesmo depois de todos esses anos, o rugido dos motores e os flashes de neon de Bayview ainda ecoam em nossos corações.

Revisão: Davi Sousa

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Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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