Análise: Naiad é uma bela e serena viagem rio abaixo

Explore um mundo aquático no seu próprio ritmo nesta aventura meditativa e simples.

em 18/12/2024

Naiad nos convida a flutuar pelas águas em uma jornada suave através da natureza. Produzido por um único desenvolvedor, este título indie usa puzzles simples e um ritmo relaxado para criar uma experiência bela e contemplativa. O foco está na simplicidade e nas sensações evocadas pela atmosfera pitoresca, porém o encanto acaba se quebrando com ideias que vão de encontro à filosofia minimalista.

Flutuando por águas serenas

A bela Naiad é um jovem espírito aquático que recebe uma tarefa simples: navegar pelo rio para alcançar o oceano. Não se sabe exatamente o objetivo da jornada, mas pelo caminho a ninfa conhece as belezas e as imperfeições do mundo e, no processo, amadurece como indivíduo.


O objetivo em cada área é flutuar e mergulhar pelas águas para alcançar o próximo trecho do rio. É perfeitamente possível nadar rapidamente até a próxima seção, mas há várias interações pelo caminho, como cantar para fazer crescer plantas ou resgatar patinhos que se perderam de suas mães. Além disso, locais escondidos, segredos e pequenos puzzles nos convidam a desbravar cada região.

No decorrer de 16 capítulos, desbravamos florestas, cavernas, lagos, vilarejos e mais, em estágios que se tornam cada vez mais complexos. Mesmo assim, o desafio se mantém baixo, afinal a intenção é aproveitar o passeio.



Atravessando o rio no próprio ritmo

Conceitualmente, Naiad é bem minimalista, se concentrando em oferecer uma experiência repleta de fluidez. Isso é alcançado com sucesso, sendo muito agradável deslizar e mergulhar pela água na pele da garota-espírito. No decorrer da jornada, a protagonista adquire novas habilidades, tornando o ato de nadar ainda mais ágil.

A maioria dos estágios é linear e direta, bastando seguir a correnteza para chegar ao final. Algumas fases contam com áreas abertas e múltiplos caminhos, ajudando a quebrar o ritmo. Embora a maior parte da aventura seja fluida e relaxante, os puzzles em fases avançadas destoam dessa proposta. Muitas soluções são pouco intuitivas, causando frustração e quebrando o ritmo sereno do jogo. Felizmente, esses momentos não são tão frequentes.


As interações ao longo do percurso tornam a exploração mais rica. Entre os destaques, guiei borboletas a flores, acompanhei cardumes e usei o canto da náiade para transformar a vegetação ao meu redor. Em especial, gostei de procurar por áreas escondidas que guardavam pequenos puzzles, como usar a voz da garota-espírito para acompanhar acordes no violão.

As interações opcionais adicionam camadas à exploração, mas suas recompensas, como pequenos poemas ou agradecimentos, não oferecem incentivo significativo. Além disso, a repetição das mesmas atividades ao longo do jogo reduz seu impacto com o tempo.

Em certo ponto, deixei de priorizar as interações, mas isso não comprometeu a experiência. A flexibilidade do ritmo permite que cada jogador aproveite a jornada à sua maneira, seja nadando direto para a próxima área ou explorando os cenários com mais atenção. Mas, mesmo assim, é difícil não se decepcionar com as ideias sendo exploradas do mesmo jeito com frequência.



Deslumbrando-se em um mundo repleto de beleza

Parte da imersão de Naiad vem da atmosfera serena, cujo estilo visual lembra desenhos pintados à mão com traços em constante movimento. Os cenários são belíssimos, contando com flora exuberante e animais que trazem vida às áreas, e uma trilha sonora suave reforça a sensação de relaxamento. O fato de tudo ter sido feito por um único desenvolvedor deixa tudo ainda mais impressionante.


A narrativa é sutil, sendo conduzida mais pelos cenários e pela progressão do que por diálogos ou textos. A jornada reflete a transição da pureza das águas naturais para o impacto da intervenção humana, criando uma metáfora visual que ressoa mesmo sem palavras. A angústia e a tristeza são palpáveis, e a mudança das cores de verde para cinza ajuda a transmitir esses sentimentos.

A breve jornada pode ser completada em aproximadamente quatro horas. Porém, para quem gosta de explorar todos os cantos, há muito o que ver, com muito conteúdo opcional que só pode ser acessado após adquirir certas habilidades. No geral, a experiência é enxuta e na medida certa, por mais que, no fim das contas, não seja tão memorável.



Minimalista, cativante e efêmero

Naiad se destaca por sua simplicidade e beleza, oferecendo um passeio relaxante por um mundo pitoresco. Apesar de alguns momentos quebrarem a fluidez com puzzles obscuros e atividades repetitivas, o jogo acerta ao permitir que cada um encontre seu próprio ritmo, seja explorando cada canto ou apenas deslizando pelas águas. No mais, Naiad mostra que há magia na simplicidade, sendo capaz de nos fazer apreciar uma jornada breve e despretensiosa.

Prós

  • Mecânicas simples de entender, com foco em deslizar pelas águas com fluidez;
  • Ritmo flexível e ágil, com atividades opcionais para quem gosta de explorar;
  • Atmosfera encantadora com belos visuais e trilha sonora serena.

Contras

  • Alguns puzzles são desnecessariamente complicados e vão de encontro à proposta;
  • As recompensas das tarefas paralelas muitas vezes são decepcionantes;
  • Muitas ideias são repetidas no decorrer da jornada.
Naiad — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida por HiWarp
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Farley Santos
é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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