Meus jogos favoritos de 2024 — Kevyn Menezes

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 26/12/2024

Jogar videogames sempre foi mais do que um hobby de fim de semana para mim. Eu, que sempre fui muito criativo, tenho a necessidade de escrever ou falar sobre alguma obra assim que vejo os créditos finais subirem.



Quando entrei para a equipe de redatores do GameBlast no começo deste ano, encontrei o espaço perfeito para depositar as variadas experiências que tive no decorrer não só de 2024, mas da minha vida inteira como jogador. Quando o mês de dezembro bate à porta e olhamos para trás, contemplando tudo o que jogamos, é normal que surjam pensamentos como: “Poderia ter jogado mais coisas” ou “Comprei tantas coisas nas promoções do ano que sequer toquei”.

Porém, o meu caso foi um pouco diferente. Em meio ao turbilhão de emoções, mais conhecido como vida adulta, aproveitei para riscar muitas coisas do meu backlog e me permitir viver experiências completamente novas que o Kevyn de 2023 nunca daria chance. Olhando para o saldo de 2024, posso me considerar satisfeito.

No meio dos 45 jogos que zerei neste ano — muitos deles não sendo de 2024 — gostaria de reservar um espaço para falar das obras que mais se destacaram para mim e que ficarão gravadas na minha memória pelos próximos anos.

INDIKA


Essa é uma daquelas obras que "indiko" de olhos fechados (não consegui resistir ao trocadilho; foi mais forte do que eu). Apesar de ter sido lançado em maio, foi um dos primeiros jogos que zerei no ano e o primeiro que me foi cedido para análise pela equipe do Blast.

Diferentemente das experiências às quais estou acostumado — que basicamente se resumem a terror, espadas e, às vezes, um tirinho em primeira pessoa —, INDIKA se sustenta e se destaca apenas pelo seu enredo. A protagonista que dá nome ao jogo é uma freira que parte para uma jornada em um mundo distópico devastado pela guerra, em busca de algo que justifique sua fé, já que, gradativamente, ela está perdendo a certeza da existência de Deus.

O que me faz tê-lo como um dos melhores do ano são as discussões que a jornada de Indika provoca. Existe uma mensagem que está sendo transmitida, e, dependendo da vivência e crença de quem joga, ela pode ser interpretada de mil maneiras diferentes.

No meio de tantos AAA ultrarrealistas, com orçamentos milionários e grandes campanhas de marketing, INDIKA acabou passando um tanto despercebido pela grande massa. Mas, independentemente do ano em que você jogue, ele continuará atual, simples, elegante e cheio de personalidade.

INDIKA sempre terá um lugar especial no meu coração, não só pelo jogo em si, mas por ter sido quase um presente de boas-vindas para a equipe do Blast.

Senua’s Saga: Hellblade II




Quando o primeiro Hellblade foi lançado, em 2017, ele foi muito especial para mim, deixando uma marca que nenhum outro jogo conseguiu replicar até o lançamento de Senua’s Saga. A expectativa para uma sequência, agora com o orçamento da gigante Microsoft, só me deixava ainda mais animado com o oceano de possibilidades.

Enquanto, no primeiro jogo, Senua precisava viajar até o inferno para recuperar a alma de seu falecido amante, aqui ela enfrenta um problema mais coletivo que pessoal. Midgard está sendo devastada por gigantes, e o povo, desesperado, não sabe mais o que fazer ou a quem recorrer. De alguma forma, Senua é a única capaz de derrotá-los.

Nenhuma obra é perfeita, e com esta não seria diferente, mas estou longe de me sentir decepcionado com o resultado final. É fato que Hellblade não é um jogo para todos, principalmente por conta do seu ritmo compassado, mas parafraseando meu colega de redação, Luan Gabriel de Paula: “Um jogo para todo mundo, na verdade, é um jogo para ninguém”.

Foi impossível para mim não me emocionar nessa nova jornada. A narrativa épica, o combate cinematográfico, os cenários estonteantes... Durante as minhas quase oito horas de jogatina, chorei, sorri, mas, o importante, é que emoções eu vivi.

Shift 87


Um grande filósofo uma vez disse: “Não só de 'tripouei' vive o homem, mas também daqueles indies obscuros lançados no Steam”. Shift 87 é aquele típico jogo que, se ninguém disser que existe, você nunca irá descobrir, mas que é uma grata surpresa.

Durante o ano passado, um gênero de jogo bem peculiar surgiu e começou a ganhar espaço rapidamente graças aos streamers e youtubers. Carinhosamente apelidado por mim de "anomalia searcher", todos eles funcionam de forma bem similar: você precisa passar por um pequeno cenário diversas vezes — geralmente um corredor — e descobrir se alguma coisa mudou. Caso sim, isso é caracterizado como uma anomalia. Reporte-a e repita o ciclo até concluir o objetivo principal, que muda dependendo do jogo.

Em Shift 87, o protagonista sem nome trabalha para uma enigmática empresa que identifica e reporta essas anomalias. A diferença dele para outros anomalia searchers está na atenção maior aos detalhes. Aqui temos até uma historinha para dar mais suspense, fases diferentes que não se limitam apenas a um simples corredor e personagens com dublagem.

Em minha análise, citei que ele é a melhor experiência de um gênero em ascensão, e, já algum tempo depois de seu lançamento, minha opinião ainda se mantém a mesma. Foi uma grata surpresa que 2024 deixou e que valeu muito a pena gastar algumas horinhas.

Silent Hill 2 (2024)


A era dos remakes está aí, e duvido que vá embora tão cedo. Nós, como críticos e apreciadores da indústria, sempre vamos bater na tecla de que é melhor criar coisas novas do que reciclar obras antigas. Mas convenhamos: todo mundo adora um remake bem-feito.

Além de Resident Evil 4, não consigo pensar em outra refação que tenha honrado tão bem o legado da obra original quanto o novo Silent Hill 2. Voltar para Silent Hill e rever James 23 anos depois, agora com esses gráficos estonteantes, foi emocionante.

Falar sobre como Silent Hill 2 revolucionou o survival horror em 2001 é chover no molhado; essa história todo mundo já conhece. Mas, para quem já tinha um carinho especial pelo jogo original, como eu, essa releitura tornou tudo ainda mais especial.

Agora, que venham os remakes de Silent Hill 1 e 3! 🙂

Alone in the Dark (2024)


Quem gosta de estudar a história dos videogames sabe que Alone in the Dark é um dos principais expoentes do survival horror, vindo antes mesmo de Resident Evil e criando vários conceitos que se tornaram padrão na indústria.

Tempo suficiente se passou para que a influência agora fosse influenciada. O reboot da série mostra inspirações claras nos remakes de Resident Evil, mas ainda mantém um pouco do seu charme próprio. Tudo isso contribuiu para que este fosse um dos meus jogos mais esperados de 2024, e devo dizer que entrou para o pódio de gratas surpresas do ano.

Se você acha que fã de Silent Hill sofre, é porque não conhece os fãs de Alone in the Dark. A série, apesar de influente, nunca teve sequer um jogo unanimemente considerado bom. Este reboot foi o primeiro que realmente me proporcionou uma experiência prazerosa.

Ele não faz nada de especial ou mirabolante, mas entrega o básico muito bem-feito. Para este fã sofredor que vos fala, isso já é motivo de felicidade.

Brothers: A Tale of Two Sons Remake


Já que estou falando tanto de remakes, por que não citar um que traz a palavra no título?

Sempre gostei daquela discussão que tenta imaginar como seria um jogo em "segunda pessoa". Apesar de ser um conceito interessante, ele nunca foi plenamente concebido em um jogo inteiro. Mas, e se propusermos outra ideia: como seria um jogo multiplayer solo? Para nossa felicidade, esse jogo existe e se chama Brothers.

A ideia aqui é controlar cada um dos personagens com um analógico do controle. No começo, isso pode causar um curto-circuito no seu cérebro — a menos que você seja baterista ou pianista —, mas, com o tempo, torna-se algo natural.

Eu já conhecia o original de 2013, que joguei na época. Mesmo sendo um remake praticamente "um para um", basicamente apenas com uma atualização gráfica, foi muito bom me emocionar novamente com essa magnífica história de dois irmãos enfrentando os males do mundo afora.

O que espero do futuro próximo




Como mencionei na introdução, estou bastante satisfeito com o saldo de 2024. Apesar de ter sido um ano conturbado, zerar 45 jogos foi uma conquista pessoal. Agora, é hora de zerar o contador e olhar para o que virá a partir de janeiro.
  • Monster Hunter Wilds - A franquia de caçar monstros da Capcom nunca me chamou muito a atenção, o que mudou com o anúncio de Wilds. Não sei se será a melhor porta de entrada para a série, mas tudo o que foi mostrado até agora me deixou deveras curioso.
  • Death Stranding 2: On The Beach - Para alguém que passou mais de 300 horas entregando caixas no primeiro jogo, é difícil não estar animado com o lançamento de On The Beach. Que venham mais 300 horas!
  • Grand Theft Auto VI - É GTA. Preciso dizer mais alguma coisa?
  • Doom: The Dark Ages - Sempre fui fã dos jogos de Doom desde o de 2016. Com o último lançamento da série datando de 2020, já passou tempo suficiente para sentir saudade de ir ao inferno pisar na cabeça de Satanás.
E você, caro leitor, se sente satisfeito com o saldo de 2024? Está animado para o que está por vir em 2025? O futuro é incerto, mas promissor. Então, aproveite as festas de fim de ano, carregue a bateria do controle e se aconchegue no sofá, porque, em janeiro, começamos um novo ciclo. Boas Festas!

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli

Siga o Blast nas Redes Sociais
Kevyn Menezes
Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).