Impressões: Eden Survivors é mais um roguelike de sobrevivência que tenta um lugar em meio aos grandes

Título da Aeternum Game Studios quer se fazer presente em meio a um gênero desafiador e em constante crescimento.

em 17/12/2024

O gênero roguelike de sobrevivência — também conhecido informalmente como survivors-like — vem conquistando cada vez mais espaço e atraindo novos adeptos, incluindo este que vos escreve. Com a popularidade crescente do gênero, impulsionada pelo fenômeno Vampire Survivors, surgem cada vez mais projetos focados nesse estilo de jogo, que é marcado pela jogabilidade caótica e viciante.

Agora é a vez da Aeternum Game Studios apostar no gênero com Eden Survivors. O jogo, ambientado no universo de outro lançamento recente do estúdio, Eden Genesis, lançado em agosto de 2024 para PC e consoles, nos transporta para um cenário cyberpunk, dentro do qual controlamos mechas em batalhas frenéticas contra monstros alienígenas de aparência insectóide.

Disponível em acesso antecipado desde 10 de dezembro, tivemos a oportunidade de experimentar o game e compartilhar nossas impressões. O título se destaca por sair um pouco do escopo dos últimos projetos do estúdio, conhecido pelo metroidvania Aeterna Noctis e pelo roguelike de ação Summum Aeterna.

Familiar, mas com suas peculiaridades

Em Eden Survivors, assumimos o controle de um entre quatro mechas de combate, cada um com sutis diferenças nos atributos de base e armas iniciais. Esses mechas são pilotados por personagens de Eden Genesis, incluindo Leah Anderson, a protagonista do jogo. A missão consiste em conduzir o robô gigante por um vasto mapa, eliminando hordas de inimigos grotescos, enquanto construímos um arsenal de habilidades para sobreviver o máximo de tempo possível.

Essencialmente, Eden Survivors segue as bases do gênero. Derrotar inimigos nos permite coletar itens que somam pontos de experiência. Ao alcançar um novo nível, podemos escolher uma entre três melhorias aleatórias para fortalecer o mecha. Essas melhorias incluem novas armas, atributos aprimorados (como mais vida ou defesa) ou efeitos elementais que aumentam o dano e adicionam debuffs nos adversários.

O diferencial do jogo está em suas variantes que moldam a forma de evoluir o robô. O principal aspecto é a mecânica de geração e consumo de energia. Cada ação do mecha, como tiros, dashes ou habilidades especiais, consome energia. Isso exige que o jogador equilibre cuidadosamente a geração e o consumo desse recurso.

Ter um arsenal poderoso é inútil se as armas não puderem ser usadas devido à falta de energia. Gerenciar eficientemente o consumo evita que ataques cruciais fiquem indisponíveis em momentos decisivos.

Outro ponto estratégico são as categorias de equipamentos, que influenciam diretamente a construção da build. Equipamentos do tipo Trigger, por exemplo, priorizam ataques rápidos e ativação de efeitos secundários, como explosões que causam dano adicional. Apostar nessa categoria pode aumentar o poder ofensivo e diversificar as opções de ataque.

Já os equipamentos do tipo Construção consomem mais energia, mas oferecem vantagens únicas, como a implantação de torres de dano especial ou drones de combate. As inúmeras combinações de atributos permitem explorar diferentes estratégias para criar a tão desejada build perfeita e superar os desafios do jogo.


Apesar dessas particularidades, o fluxo geral do jogo se mantém similar com o de outros títulos do gênero. Enfrentamos hordas crescentes de inimigos que infestam a tela, além de eventos aleatórios, como batalhas contra chefes ou áreas que precisam ser defendidas enquanto exploramos o mapa.

Limitado, mas com muito a se explorar

Eden Survivors, em seu estado atual de Acesso Antecipado, ainda apresenta limitações significativas em termos de conteúdo. O jogo oferece apenas quatro personagens jogáveis e dois mapas. Além de Leah, os pilotos Dante, Saito e Violet são desbloqueados ao sobreviver por 20, 40 e 60 minutos, respectivamente, em diferentes incursões.


Um aspecto negativo, neste primeiro momento, é o sistema de aprimoramentos permanentes dos heróis. Como em outros survivors, coletamos recursos durante as partidas para comprar melhorias permanentes. Contudo, em Eden Survivors, esses aprimoramentos não são compartilhados entre os personagens.

Isso significa que as melhorias compradas para Leah, por exemplo, não podem ser utilizadas por Violet ou outros pilotos. Essa mecânica obriga o jogador a investir muito tempo em cada personagem para evoluí-los completamente ou a focar em apenas um, direcionando todos os recursos para torná-lo mais poderoso.


Outro ponto que merece atenção é o desbalanceamento e a ausência de um alerta sonoro ou de uma vibração no controle ao receber dano. Em partidas que chegam na casa de 5 a 7 minutos de duração, o caos no ambiente já se intensifica bastante, tornando comum sofrer grandes quantidades de dano acidentalmente, o que pode levar à derrota de forma frustrante.

Como o jogo ainda está no início do Acesso Antecipado, há espaço para ajustes e melhorias que tornem a experiência mais atrativa. Atualmente, Eden Survivors não apresenta muitos elementos que o destaquem no gênero, além de sua ambientação futurista. No estado atual, ele transmite a sensação de ser apenas “mais um survivor”.

Evolua e inove

Eden Survivors até demonstra potencial, mas ainda carece de refinamento e conteúdo para se destacar em um gênero tão competitivo, que conta com muitas experiências disponíveis no mercado. A ambientação futurista e a ideia de controlar mechas em batalhas frenéticas são pontos positivos, mas a falta de diversidade nas mecânicas e os problemas de balanceamento ainda limitam e prejudicam a experiência.

Com ajustes nos sistemas de progressão, melhorias na resposta do jogo ao dano recebido e a inclusão de mais conteúdo, como mapas, personagens e desafios, Eden Survivors pode evoluir, até mesmo inovar, para algo muito mais envolvente. Em seu estado atual, o projeto ainda luta para encontrar sua identidade e cativar os fãs do gênero que não dependam de conhecer a Aeternum para entender sua nova proposta.

Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Aeternum Game Studios
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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