Análise: Dog Man: Mission Impawsible — Um trio de heróis improváveis, mas bastante carismáticos

Inspirado em uma série de livros, o policial metade humano e metade cachorro precisa recuperar a chave da cidade em meio a uma ameaça suína.

em 17/12/2024
Baseado no spin-off de Capitão Cueca, de Dav Pilkey, Dog Man: Mission Impawsible traz as aventuras do Homem-Cão com sua persona super-heroica para derrotar o vilão Porquinho. Uma aventura leve e com ritmo de história em quadrinhos que até parece uma extensão da série de livros.

Antes de mais nada, vamos entender onde surgiu o Homem-Cão: Jorge e Haroldo são dois garotos da quarta série que gostam de piadinhas e criar histórias de super-heróis diversos. Alguns deles são: Timmy, a privada falante, a Espantosa Madame Vaca e o Homem-Cão. 

No caso do protagonista deste jogo, ele nasce após um acidente envolvendo o policial Rocha e seu fiel companheiro canino Greg. A única maneira de salvar a vida de ambos seria fazendo uma ousada cirurgia para fundir os dois. Assim nasceu o Homem-Cão, o melhor policial da cidade. 

O herói que a cidade precisa

Após seus feitos heroicos pela cidade, o Homem-Cão, junto com seus camaradas Pepezinho e Formigão iriam receber a chave da cidade, mas o vilão Porquinho tinha outros planos, e atrapalhou a celebração. Agora, o trio precisa desfazer a bagunça que esse suíno do mal fez, e para isso eles se transformam nos Superamigos (Supa Buddies), cada um com suas habilidades especiais:

Homem-Cão se torna o Cãovaleiro das Trevas: o líder do grupo consegue saltar distâncias consideráveis, sendo o personagem mais regular do trio. Ele pode cavar, usar ganchos em pontos específicos das fases e planar com uma asa delta

Pepezinho se torna o Supergatinho: seu pulo pode ser o pior dos três, mas ele compensa com a sua leveza, já que ele pode andar por plataformas frágeis sem quebrá-las e entrar em espaços estreitos. Supergatinho tem garras retráteis para escalar paredes, pode hackear painéis e é o responsável por usar o Raio de Encolhimento.

Formigão se torna o Raiozão: o robô é responsável pela força bruta do time, com o salto mais longo dos três, mas seu peso o torna a pior escolha para andar em caminhos quebradiços, pois ele cai direto. Sua hora de brilhar está no momento de puxar e empurrar blocos, cortar fios e usar suas Botas de Foguete para pulos duplos.

O trio de herois compartilha o mesmo número de corações, que são três. Caso encontremos mais algum pelo caminho já estando com a quantidade cheia, o time se transforma em seus alter egos super, da mesma maneira que tomar um dano nos transforma de volta, mas isso não influencia no uso de habilidades.

Um trio que resolve a parada

Ao todo Mission Impawssible oferece 50 fases, divididas em cinco localidades diferentes. Aqui fica evidente o “ponto seguro” de ter todo um universo bem definido para ser utilizado, e como isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

O nível de dificuldade será bem baixo se você for um jogador experiente, e isso evoca ainda mais o título ser voltado para um público mais novo. Há sim trechos que requerem mais precisão, como nas fases especiais escondidas nos portais, mas nada que seja estressantemente complexo. A aventura pode ser concluída sem pressa em umas oito horas.

Outro ponto que reforça a busca dos jogadores mais jovens está nos colecionáveis. Cada fase conta com quatro emblemas — dois escondidos pelo caminho, o terceiro é dado após coletar a quantidade necessária de ossos e o último é obtido após concluir a fase —, e um girino secreto. O fato deles estarem escondidos, mas ainda assim visíveis, instiga a busca pelos 100%, mas ainda assim não consegue dissipar a sensação de repetitividade.

Após passar da metade de cada área, o reuso de padrões começa a dar as caras. Claro que a introdução das engenhocas, que conferem as habilidades de cada herói, ao longo do caminho adicionam elementos interessantes para o jogo que resultam em puzzles divertidos e criativos, mas nada de muito complexo. No fim, elas trazem uma justificativa interessante para revezarmos os herois. Quanto às batalhas contra os chefes, elas são bem simples, e servem mais para dar uma conclusão em cada capítulo do que apresentar um desafio mais árduo.

Mais uma vez ressalto que essa coisa da repetitividade e falta de desafio realmente só irá incomodar os gamers mais hardcores, que gostam de sessões baseadas em precisão e velocidade. Se você quer uma aventura mais branda, não irá se sentir tão afetado pelas questões acima.

A mesma página de novo?

Cada cenário de Mission Impawsible possui sua identidade visual única, bem como inimigos temáticos. Alguns deles até reaparecem com alguma variação de cores, mas isso ocorre em casos bem específicos, como na última área, que tenta trazer um pouco de cada elemento das quatro anteriores.

Entretanto, algo que contribui para a sensação arrastada é cada capítulo se firmar muito em sua identidade visual. O Departamento de Polícia, por exemplo, até tem suas variações, mas ele é basicamente constituído de dez fases idênticas. Não há uma variação de ambiente dentro dos estágios de uma mesma área.

Por outro lado, e dando também os devidos louros, o visual de histórias em quadrinhos herdado da obra original casa muito bem com o jogo. As diversas tirinhas animadas que servem de introdução, diálogos diversos e encerramento, aliadas ao bom humor típico do autor, são um casamento bem feito. 

Os girinos coletados nas fases liberam imagens únicas na galeria, o que sempre vai bem, mas aqui tenho duas ressalvas: a primeira é que, diferentemente do jogo, que está totalmente localizado para o português, as artes foram mantidas em inglês; a segunda é que não dá para ampliar as imagens e visualizá-las em destaque. Você abre a opção de cenas especiais e tem que se contentar com elas ali mesmo na miniatura.

Por fim, o pecado mais grave de Mission Impawsible está na trilha sonora. As mesmas quatro músicas são repetidas exaustivamente ao longo de todas as fases. Não há uma diferenciação por capítulos que combine com a cidade, o Departamento de Polícia ou a Fábrica de Marshmallow. Existe só uma música diferente para a batalha contra os chefes, mas ela é a mesma em todos os confrontos.

Os Super AUmigos!

Dog Man: Mission Impawsible, pode até ser um título mais infantil, mas não deixa de ser uma aventura interessante para quem deseja um jogo de plataforma que não seja complexo e até quer uma porta de entrada para conhecer o Homem-Cão e suas histórias. O carisma do universo de Dav Pilkey foi muito bem traduzido e consegue ser tão engraçado quanto os livros.

Prós

  • O jogo plataforma ótima maneira de retratar as aventuras do Homem-Cão;
  • O visual vindo dos quadrinhos e o bom humor contribuem para trazer diversão;
  • É um jogo que tem uma platina tranquila, sem ser ridiculamente fácil ou extremamente sofisticado;
  • Boa combinação de habilidades e puzzles para promover o revezamento entre os herois.

Contras

  • Para jogadores experientes ele não oferece dificuldade alguma;
  • As fases de uma mesma área são muito próximas entre si, visualmente falando;
  • As artes da galeria não estão localizadas, diferentemente do jogo, e não é possível vê-las em zoom;
  • Poucas músicas replicadas exaustivamente.
Dog Man: Mission Impawsible — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Mindscape
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é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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