Depois da explosão do sleeper hit Among Us durante períodos de pandemia e de uma tentativa de replicar a fórmula no modo criativo de Fortnite, chegou a vez de DEATH NOTE Killer Within tentar a sorte no subgênero de dedução social online. Dentro do contexto do anime de grande sucesso nos anos 2000, jogadores entram na pele de L, Kira e seus respectivos ajudantes para saber quem pega quem primeiro. Mas fica o alerta: spoilers sobre o anime a seguir!
História que coube como uma luva
Death Note é o anime perfeito para este tipo de game: a própria narrativa da série animada já engaja com sua premissa que acompanha um jogo de gato e rato — que, por muita das vezes, se inverte entre os personagens. E isso se torna uma grande sacada no game desenvolvido pela Grounding Inc, empresa já com alguma experiência nesse meio de jogos de estratégia e tabuleiros virtuais.
Sendo um jogo sem uma narrativa principal, DEATH NOTE Killer Within acontece em partidas rápidas, que podem variar entre 10 e 30 minutos, dependendo da quantidade de jogadores que estiverem no grupo. Quem já conhece esse tipo de gameplay vai se sentir em casa aqui: divididos em dois grupos de maneira aleatória, jogadores precisam completar objetivos e eventualmente sendo eliminados pelo antagonista da rodada, que pode ser descoberto e acusado durante intervalos para dedução.
Regras mais confusas que as do Death Note
Mas, ao contrário de outros jogos do mesmo estilo, neste as regras são levemente mais complicadas à primeira vista: um dos grupos, investigadores e L, precisam completar uma sequência de atividades durante o dia para enquanto podem ter suas identidades roubadas e anotam o nome de cada suspeito que pode ter realizado o ato. Por outro lado, Kira e seu seguidor — chamado literalmente de Kira Follower — precisam roubar identidades, atrapalhar as atividades dos investigadores, ir eliminando um por um e, se possível, matar o L da partida para uma vitória automática.
Durante as fases de acusação, os investigadores podem discutir entre si (com a participação caótica de Kira e seu seguidor, de maneira disfarçada) para saber quem é o assassino. E aí está a fórmula da bagunça divertida que este jogo pode ter.
Mesmo sendo uma fórmula divertida no fim das contas, adentrar o jogo de maneira casual para investigadores (ou assassinos) de primeira viagem pode não ser tão fácil assim, já que o tutorial é extenso e dificulta mais do que ajuda. Outro ponto é que o trabalho dos investigadores é bem mais complicado e obtuso que o de Kira e seu seguidor — mas sendo justificável, já que há bem mais investigadores do que seus dois opositores.
Um jogo sobre jogar um jogo
O charme de DEATH NOTE Killer Within fica também por conta da sua apresentação estética, que o coloca como um “jogo dentro de um jogo”. Sendo um jogo online de partidas rápidas que não apresenta uma narrativa complexa, Killer Within é apresentado como uma partida de tabuleiro entre L e Light “Kira” Yagami, traduzindo a rivalidade entre os dois personagens durante o anime.
Jogadores são apresentados como os pequenos bonecos que Near, o sucessor de L, usa para representar sua investigação durante o anime. Apesar de fazer sentido e parecer o mais correto, eles parecem verdadeiramente feios, ainda mais se comparando com skins que podem ser compradas à parte, suspeitosamente mais bonitas e divertidas.
Jogo divertido, negócios à parte
Sendo um jogo pago, Killer Within ainda apresenta não só um, mas dois passes de batalha para compra, que desbloqueiam diversas skins de personagens como Misa, Ryuk e Mello, além de acessórios, falas, mensagens e tudo mais que pode ser monetizado. Isso sem contar, claro, uma loja com itens vendidos separadamente.
E esse elemento contrasta com a pouca variedade durante as partidas: inicialmente contando apenas com um mapa, os jogadores ainda tinham que se virar com apenas duas skins de bonecos. Apesar de isso não ser algo que atrapalha a diversão, a longo prazo causa uma fadiga e monotonia que pode ser fatal em um jogo desse estilo.
Mas depois de seu lançamento, Killer Within ainda recebeu mais um mapa chamado Toy Town, que faz mais uma alusão ao personagem Near — durante o anime, ele aparece em várias cenas usando seus brinquedos como forma de explicar suas investigações. Esse mapa é um passo além do primeiro, apresentando novas áreas interativas como um metrô, icônico local apresentado na narrativa de Kira.
Performance que podem ofender quem possuir olhos de Shinigami
Se a direção de arte do jogo traduz bem o espírito do anime e merece todos os elogios possíveis, a performance do jogo é uma incógnita que poderia ter tido mais capricho, ainda mais por ser algo que não parece demandar tanto de plataformas atuais. Em vários momentos durante minha jogatina no PlayStation 5, a resolução de assets 3D parecia baixíssima, chegando a parecer borrões em dados momentos. Em um aparelho como o Switch ou um smartphone talvez isso passasse despercebido, mas em um console com mais poder ou no PC, esse tipo de coisa fica difícil de não perceber.
O visual de menus, apesar de não apresentar algo que eu considero um problema, é um emaranhado de informações que às vezes pode parecer poluído demais em certos momentos, como quando é preciso executar sequências de botões ou anotar nomes de suspeitos. Faz parte da identidade visual da franquia, mas ajuda em uma confusão inicial, ainda mais de quem entra pela primeira vez nessa bagunça e só quer jogar casualmente.
E falando em jogatina casual, apesar de tudo correr muito bem sem demoras para se conectar às partidas, o jogo pode ser interrompido de maneira brusca caso alguém saia da sala, fazendo com que mais uma pequena — mas incômoda — espera por jogadores seja necessária. Ah, e sendo completamente online, DEATH NOTE Killer Within não possui um modo sequer para se jogar offline com bots, além de um tutorial.
Um sucesso para quem é fã, mesmo chegando tarde
Com algumas questões como uma gameplay que pode cansar a curto e médio prazos, um sistema de monetização levemente agressivo e problemas de performance que não atrapalham, mas incomodam, DEATH NOTE Killer Within combina jogabilidade, estilo visual e o apelo de um anime de sucesso para gerar muita diversão e confusão online — mesmo chegando tarde como representante de um subgênero muito específico de uma época que já passou há tempos.
Prós
- Contexto da gameplay dentro da história do anime muito bem amarrado, com ambos os protagonistas, Kira e L, batalhando para ver quem pega quem primeiro;
- Visual apelativo e que combina bem com a estética de Death Note e a época em que foi lançado;
- Personagens e skins bem-feitas e simpáticas, apesar dos bonecos gratuitos de Near serem levemente feios!
- Online competente sem problemas de lag ou para achar partidas.
Contras
- Performance poderia ser melhor para um jogo que não exige tanto em questão de gráficos;
- Monetização que aplica dois passes e uma loja com itens à parte, enquanto o jogo base oferece pouco em questão de customização.
- Falta de mais mapas pode afetar o fator replay depois de um tempo.
- Um tutorial confuso e com menus muito poluídos que acaba mais atrapalhando do que ajudando.
DEATH NOTE Killer Within — PC/PS4/PS5 — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Bandai Namco Entertainment Inc.
Análise feita com cópia digital cedida pela Bandai Namco Entertainment Inc.