Análise: Aero the Acro-Bat: Rascal Rival Revenge — Chegou a hora do circo partir

O último título da franquia Aero vem para encerrar a onda de relançamentos, mas seria melhor se fosse incluída em um conjunto com o primeiro jogo.

em 03/12/2024
Em 2002, uma época em que remasters e remakes não eram tão comuns, o Game Boy Advance ganhou uma releitura do primeiro Aero the Acro-Bat. Batizado de Aero The Acro-Bat: Rascal Rival Revenge, houve algumas adequações sonoras e visuais para que o jogo rodasse bem no portátil. E é claro que, após relançar os outros três jogos da franquia, a Ratalaika fecharia a conta com o (até então) último jogo do morcego acrobata.

Deixando o morcego surdo

Rascal Rival Revenge segue a rigor a estrutura do jogo original em termos de gameplay e estrutura. Até temos uma nova abertura para a narrativa, com visual no estilo páginas de quadrinhos, mas, de resto, não há nada de muito impacto. Se pensarmos neste jogo rodando no GBA, claro que dá para considerar que é um trabalho até que decente, mas isso muda um pouco de figura ao colocá-lo nos consoles de mesa.

Eu não quero ser implicante e reconheço que estou falando de uma versão portátil de um título que era do SNES, mas, ainda assim, parece que neste caso a emulação não ficou boa. Os visuais até que funcionam bem, graças ao uso de cores mais fortes e vibrantes nos cenários e sprites remodelados, para se adequar ao processamento do GBA. Só que na tela grande, ainda parece uma versão mais pobre que a do jogo original.

A inevitável comparação piora quando julgamos o aspecto sonoro. O Advance conseguia operar alguns milagres, mas ouvir os sons do port nos consoles é tão agradável quanto ficar ao lado de uma obra. A sensação de ter um ruído tão alto quanto a música de fundo é simplesmente horrível, a ponto de dar vontade de jogar com o volume no zero. Vale lembrar que um mesmo tema é replicado durante toda uma área, então chegar à terceira fase sem querer arrancar as orelhas já é um milagre.

No mais, vale lembrar que o primeiro Aero trazia fases fechadas, que só eram concluídas após cumprirmos o objetivo dela, que pode ser pisar em um certo número de plataformas, passar por argolas ou encontrar chaves. Isso torna o início do jogo bastante arrastado, com o tanto de vezes que é necessário ir e voltar até atingirmos nossa meta.

Podiam sim ter colocado tudo junto

Assim como aconteceu com os outros três jogos da série — Aero the Acro-Bat, Aero the Acro-Bat 2 e Zero the Kamikaze Squirrel —, este port vem acompanhado de toda aquela bagagem carimbada pela Ratalaika. Temos uma série de trapaças, que envolvem desde as manjadas vidas infinitas até tempo de voo ilimitado e mergulhos diagonais consecutivos.

Toda a apresentação de galeria, jukebox e menus seguem o padrão (feio) implementado em Aero 2. Os filtros de tela também estão disponíveis, junto com o save state e os botões de rebobinar e acelerar. Não há nada de novo aqui, infelizmente.

Em vez de bater na tecla de que todos os jogos poderiam ter sido colocados em uma coletânea, até porque essa já é uma reclamação batida minha, aqui minha conclusão será outra.

Assim como em alguns outros lançamentos da própria Ratalaika, que incluíram mais de uma versão de um jogo, Rascal Rival Revenge poderia ser totalmente incluído com o lançamento do port do primeiro Aero, já que se trata apenas de um remake. E isso me faz voltar a um dos contras que coloquei naquela análise, de não conter a versão de Mega Drive.

Aproveito para ressaltar que nem é uma questão de preço, mas de qualidade. Os quatro títulos somados podem ser equiparados a diversas coletâneas que temos fechadas, mas este quarto título realmente não consegue ter um destaque que chame a atenção de qualquer pessoa. Até mesmo os nostálgicos entusiastas do GBA têm mais lembranças com outros mascotes e heróis no lugar do morcego acrobata. Por isso, ele serviria muito mais como adendo ao primeiro port do que como lançamento isolado.

Enfim, podemos recolher a lona

Aero the Acro-Bat: Rascal Rival Revenge é o insosso e melancólico encerramento do ciclo de ports da franquia. Este título em específico seria muito melhor aproveitado se tivesse acompanhado o port do jogo original, uma vez que ele, em sua condição oriunda de um console portátil, não oferece atrativos o bastante que justifiquem sua compra isolada, diferente dos outros.


Prós

  • O título em si era um exemplo de remake adequado de um título 16-bit para um portátil como o GBA;
  • Toda aquela perfumaria que a Ratalaika gosta de usar, como filtros, save state, galeria e jukebox sempre vai bem;
  • A nova abertura no estilo dos quadrinhos é bacaninha.

Contras

  • O fato de ter sido desenvolvido para um portátil torna o desempenho do port nos consoles bastante abaixo da média, principalmente na parte sonora;
  • Poderia ser incluído como parte do relançamento do Aero 1;
  • Nada foi feito para diminuir a sensação de que as fases se arrastam muito com toda a necessidade de backtracking para completar os objetivos.
Aero the Acro-Bat: Rascal Rival Revenge — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 4.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Ratalaika Games
Siga o Blast nas Redes Sociais
Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).