Titanfall 2: um marco do tiro em primeira pessoa

Em uma época onde o tiro em primeira pessoa parecia estagnado, um robô gigante caiu do céu para dar um frescor ao gênero.

em 30/11/2024

O primeiro Titanfall, lançado em 2014, foi um frescor e tanto para os jogos de tiro em primeira pessoa que já pareciam estar estagnados nessa época, ficando conhecido principalmente por sua inovação no combate multiplayer, mas que foi um tanto criticado pela ausência de uma campanha solo. A promessa da Respawn com a sequência era ambiciosa: entregar uma experiência single-player memorável, enquanto mantinha e aprimorava a frenética jogabilidade multiplayer que se tornou a assinatura da franquia.



Mesmo quase 10 anos depois de seu lançamento, Titanfall 2 continua sendo um exemplo brilhante de como um FPS pode combinar mecânicas engenhosas, narrativa emocional e ação intensa.

Uma pequena campanha com momentos inesquecíveis.

A campanha de Titanfall 2 é, sem dúvida, um dos pontos mais fortes do jogo. A Respawn conseguiu criar uma experiência narrativa compacta, mas memorável, que combina design de nível inovador, gameplay fluido e uma relação marcante entre o protagonista e o titã BT-7274 (ou simplesmente BT).

Na trama, somos colocados no papel de Jack Cooper, um soldado comum que, por circunstâncias inesperadas, herda o papel de Piloto de Titã após a morte de seu mentor. Ao lado de BT, um Titã Vanguard inteligente e leal, você embarca em uma jornada para frustrar os planos da Interstellar Manufacturing Corporation (IMC), um império militar-industrial que busca controlar um dispositivo devastador conhecido como Arma Dobra.



O enredo é relativamente simples, mas ganha vida graças à relação entre Jack e BT. A química entre os dois é cuidadosamente trabalhada, misturando momentos de humor leve com uma camaradagem genuína. Cada diálogo entre eles reforça o tema central do jogo: confiança e parceria. O fato de BT ter uma personalidade tão cativante – e até mesmo momentos de humor seco – faz com que sua conexão com o jogador seja quase imediata.

Gameplay frenética e vertical

Se existe um aspecto da campanha que transcende o tempo, é o design dos níveis. Cada missão traz um aspecto novo para a mesa, evitando que a experiência se torne repetitiva e mantendo a diversão até o último segundo, e apesar de curta – podendo ser finalizada em cerca de 6 horas – a campanha não tem nenhum momento desperdiçado, sendo um exemplo de qualidade sobre quantidade.

Por se tratar de um jogo com temática futurista, o personagem carrega consigo vários apetrechos que irão ajudá-lo no decorrer das missões, sendo o principal deles o kit de salto, que como o próprio nome diz, permite executar saltos mais longos, além de possibilitar que Jack ante pelas paredes, deslize pelo chão e mais uma série de outros movimentos.

A palavra chave em Titanfall é a agilidade. Tudo no jogo é extremamente rápido e pode levar um certo tempo até alguns jogadores se acostumarem com o dinamismo das coisas, porém, uma vez que a jogabilidade é internalizada, tudo flui de forma magnífica.



Além da jogabilidade refinada, o enredo é mais um aspecto que mostra a qualidade da obra, tendo momentos extremamente emocionantes, principalmente entre Jack e BT que esbanjam carisma na química entre eles.  

O fato da campanha ser curta ajuda na sensação de cada momento ser único e memorável, mas apesar de incrível jogando sozinho, a verdadeira experiência de Titanfall está em seus modos multijogador.

Uma verdadeira aula de multiplayer

Se a campanha é o coração emocional do jogo, o multiplayer é sua pulsação frenética e incessante. A Respawn refinou a fórmula introduzida no primeiro jogo, criando um dos sistemas multiplayer mais dinâmicos e recompensadores de todos os tempos.

O núcleo do multiplayer continua a ser a combinação de parkour fluido com combates intensos. Jogadores podem correr pelas paredes, usar propulsores para atravessar mapas verticalmente e se mover a velocidades alucinantes. Essa mobilidade cria um ritmo de jogo que poucos FPS conseguem igualar. Você nunca sente que está travado ou sem opções – há sempre uma maneira criativa de flanquear seus inimigos ou escapar de situações perigosas.

Os titãs retornam como as máquinas de guerra gigantescas e altamente personalizáveis que definem a franquia. Aqui eles foram significativamente melhorados, com a introdução de seis classes distintas (Ion, Scorch, Northstar, Ronin, Tone e Legion), cada uma com suas próprias armas, habilidades e estilos de jogo.



Essa diversidade adiciona profundidade estratégica às batalhas. Os jogadores devem escolher o titã que melhor se adapta ao seu estilo de jogo e ao contexto da partida. Por exemplo, Northstar é perfeito para quem prefere manter distância e atacar de longe, enquanto Ronin é ideal para combates corpo a corpo.

Os mapas multiplayer são projetados com a mesma atenção aos detalhes que os níveis da campanha. Cada um é repleto de caminhos alternativos, zonas verticais e espaços abertos, permitindo tanto combates intensos a pé quanto batalhas devastadoras entre titãs. Modos como Attrition (uma combinação de PvP e PvE) e Bounty Hunt adicionam camadas de complexidade ao gameplay, recompensando trabalho em equipe e tomada de decisões rápidas.

Envelheceu como um bom vinho

Mesmo sendo lançado em 2016, Titanfall 2 ainda é impressionante visualmente. A direção de arte cria um mundo futurista que mistura a brutalidade industrial da IMC com a beleza natural dos planetas colonizados. A paleta de cores vibrante ajuda a diferenciar o jogo de muitos FPS modernos, que tendem a preferir tons sombrios e desaturados.

O design de som também merece elogios. Desde o som pesado dos passos de BT até o chiado agudo dos propulsores, cada detalhe auditivo contribui para a imersão. A trilha sonora, composta por Stephen Barton, varia entre peças épicas e temas mais sutis, sempre complementando o tom das cenas.



Apesar de sua qualidade inquestionável, o jogo sofreu nas vendas devido ao seu lançamento entre dois gigantes da indústria: Battlefield 1 e Call of Duty: Infinite Warfare. Essa estratégia equivocada de marketing comprometeu o desempenho comercial do jogo, mas sua recepção crítica foi amplamente positiva, consolidando-o como um clássico cult entre os fãs de FPS.

O que realmente o diferencia dos demais é o fato de que ele nunca subestima o jogador. Seja no design da campanha, na complexidade do multiplayer ou na interação entre Jack e BT, tudo no jogo é feito com um propósito e uma paixão palpáveis.

Ainda segue como o melhor do gênero

Titanfall 2 não é apenas um dos melhores jogos de tiro em primeira pessoa já feitos; é uma aula sobre como inovar em um gênero que muitas vezes parece saturado. Sua campanha compacta mas brilhante, aliada a um multiplayer frenético e profundo, fazem dele uma experiência única.

Se você nunca jogou Titanfall 2, ainda há tempo para correr atrás do prejuízo. E se você, como eu, já o revisitou, sabe que ele merece ser celebrado como uma joia atemporal. Afinal, não é todo dia que encontramos um jogo que combina coração, cérebro e músculos em perfeita harmonia.

Revisão: Vitor Tibério

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Um “arqueólogo de games” que adora falar das gemas ocultas do mundo dos jogos, tem o PS3 como console favorito e ama um bom hack and slash. Mesmo apreciando os jogos modernos, não dispensa uma boa velharia obscura do tempo que videogame era movido à lenha. Segue o pai.
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