Após um longo tempo de adiamento, Irem Collection Volume 2 finalmente chegou, trazendo mais uma parcela de títulos lançados inicialmente pela Irem Interactive na virada da década de 1980 para 1990, e agora reagrupados pela ININ Games.
Para não soar muito repetitivo nas minhas críticas ao fracionamento de todos os clássicos em cinco volumes, peço para que leiam a minha análise do Volume 1, na qual dediquei um trecho a isso. Irei me ater apenas à emulação, port e apresentação dos jogos deste volume no texto, mas ainda assim citarei no final a divisão da coletânea como um ponto contra.
Os “pais” da lesma de metal
Para o segundo capítulo do Irem Collection, foram selecionados os seguintes títulos:
Air Duel (1990) — Neste shoot ‘em up vertical, o jogador pode escolher entre um avião caça ou um helicóptero de combate a cada fase. Enquanto o primeiro é mais rápido e possui um alto poder destrutivo, o segundo é mais lento e tem disparos mais fracos, podendo entretanto orientá-los em qualquer direção, inclusive para trás. Versão incluída: Arcade (JP).
GunForce (1991) — Um run and gun no qual os tiros do personagem podem ser apontados para frente, para trás, para cima, para baixo e nas diagonais. É possível coletar diferentes munições que alteram nossa arma, como lasers e lança-chamas Além disso, no meio das fases podemos pilotar tanques, helicópteros e robôs de combate. Versões incluídas: Arcade (JP e mundial) e SNES (JP e mundial).
GunForce II/Geo Storm (1994) — Agora o jogador poderá controlar Max (1P) ou Lei (2P) sendo que ambos contam com duas armas de disparo rápido. O esquema de pegar munições que alteram os projéteis continua, mas essas só valem para um dos rifles, já que o outro se mantém com os tiros iniciais. A loucura de pilotar veículos continua e agora também temos que resgatar algumas donzelas que estão aprisionadas pelo caminho. Versões incluídas: Arcade (JP e mundial)
À exemplo do Volume 1, os ports são bem feitos, sem apresentar nenhum tipo de slowdown ou elementos que somem da tela quando ela estava muito cheia, como acontecia em alguns títulos da época. Isso se deve graças a maioria dos jogos serem de versões arcade. Até mesmo a versão de SNES de GunForce é bastante satisfatória. Quanto à Air Duel, que só possui versão japonesa, o game não conta com problemas de legendas, pois não tem cutscenes.
Agora, a pergunta que não quer calar: o que esses três jogos têm em comum? A resposta é bastante inesperada. A equipe que desenvolveu Air Duel fazia parte de um grupo de funcionários que estava descontente com a baixa produtividade da Irem. GunForce II foi o último jogo deste time feito para a empresa.
Os dissidentes se uniram e formaram em maio de 1994 a Nazca Corporation. Juntos eles começaram a produzir jogos para o NeoGeo, como Armed Police Unit Gallop, Undercover Cops, e In the Hunt. Em 1996, foram lançados Neo Turf Masters e aquele que iria reunir diversos elementos dos três jogos desta coletânea: Metal Slug.
O sucesso foi tanto que a Nazca foi adquirida e incorporada pela SNK no mesmo ano, e isso fez com que MS se tornasse uma longeva franquia, amada pelos fãs até os dias de hoje. Metal Slug 3 inclusive traz remixes do tema das fases 3 e 10 de Air Duel, pois além de terem sido feitos por praticamente a mesma equipe, ambos os jogos contam com o mesmo compositor.
Pelo menos corrigiram as mancadas
Quanto à sua apresentação, o Volume 2 mantém a mesma apresentação dinâmica e menus do primeiro, apenas alterando levemente o esquema de cores. Infelizmente, tudo se manteve da mesma maneira rasa, não contendo uma galeria ou sessão que justificasse a escolha de tais títulos para essa coletânea.
No mais, ainda contamos com os recursos de trapaças — todos os jogos contam com invencibilidade e vidas infinitas —, save/load state e o botão de rewind. Há também os filtros de tela, para emular televisores antigos ou adaptar a disposição do jogo para o formato widescreen (16:9). Air Duel ainda conta com a opção de rotação da tela, já que a disposição original dele é de uma tela vertical menor que o fullscreen (4:3), pois acompanha o ecrã dos arcades.
Pelo menos aqui não tive problemas com troféus que não fossem desbloqueados no ato da jogatina, como aconteceu em algumas outras coletâneas, que inclusive eram da ININ Games. Resumindo: não incrementaram a apresentação, mas pelo menos resolveram um problema que estava se tornando frequente.
Uma adição bacana é a do ranking global. Podemos adicionar nossa pontuação de conclusão de cada um deles a uma lista que contabiliza as marcas de outras pessoas ao redor do mundo. Só que, assim como os troféus, isso só está habilitado para o modo clássico, que não permite trapaças. Nada mais justo para que o pessoal que usa invencibilidade não domine o topo da tabela.
Chegando na metade
Irem Collection Volume 2 é interessante por trazer títulos que serviram de inspiração para Metal Slug, e que são excelentes pérolas por si só, todos eles com ótima emulação. É uma pena que todo o contexto que envolvia a produção deles não seja apresentado ao jogador, restando apenas aos curiosos caçarem informações na internet. E claro, sempre vale ressaltar a mancada de lançar uma extensa coleção clássica dividida em cinco partes.
Prós
- Ótima emulação dos títulos originais;
- Os três, individualmente, são excelentes jogos;
- As pontuações podem ser registradas em rankings online;
- Filtros de tela, rotação e recursos de save/load state e rewind.
Contras
- Ausência de uma galeria ou de algo que explique o contexto da época do lançamento dos jogos;
- Ainda é um embuste lidar com o fato que essa é a segunda parte de uma coletânea que podia ser muito mais ampla.
Irem Collection Volume 2 — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games