Se tem um gênero que está repleto de medalhões, é o dos jogos de luta. Entre Tekkens, Mortal Kombats e Street Fighters diversos, um ou outro nome de menor expressão tenta entrar nesse nicho, até mesmo replicando a fórmula destes titãs famosos.
Blazing Strike faz uma tentativa de resgatar a sensação de alguns títulos da SNK, como Fatal Fury e Art of Fighting, mas algumas falhas de execução o deixaram básico demais para acompanhar os demais concorrentes desta geração.
Estilo manjado para arquétipos mal aproveitados
Não há muita complexidade na movimentação de Blazing Strike, inclusive daí que vem minha citação de FF e AoF no começo do texto. Temos dois botões para socos e dois para chutes, de diferentes intensidades. Os mais fracos podem ocasionar em dois acertos seguidos, como se fosse um target combo.
Há mais dois recursos para os jogadores: o Rush Trigger e o Critical Trigger. Como eles funcionam? Ótima pergunta, pois o jogo não tem um tutorial que ensina como usá-los devidamente. A lista de movimentos de cada personagem até mostra os follow-ups do Rush Trigger, que é basicamente o mesmo para todo mundo.
Por falar em mesmice, a execução de golpes especiais e supers também é partilhada pelos 16 lutadores do elenco, sempre com variações de “meia-lua” para frente ou para trás em conjunto com um botão de soco ou chute. Se por um lado isso otimiza a assimilação de comandos e torna a escolha de um personagem mais democrática, por outro aproveita muito mal a própria variedade do elenco, que conta com aquela gama de arquétipos manjados de jogos de luta, como zoner, grappler e shoto, colocando todos sob a mesma barra de balanceamento, com algumas diferenças no dano causado.
Esse deslize se torna um pouco mais significativo ao vermos que visualmente, os personagens têm visuais bastante distintos que forneceriam uma série de possibilidades e combinações de características. Temos o grandalhão que causa dano massivo com agarrões, os balanceados que causam um prejuízo significativo à pequena e média distância, ninjas rápidos que são um terror de perto, mas quase não conseguem fazer nada de longe. Enfim, estão todos lá.
A dificuldade em realizar combos mais extensos também é algo que acaba sendo notório negativamente. É possível fazer coisas mais clássicas, como ligar um golpe neutro a um especial e finalizar com um super, mas não há nada além disso. O Rush Trigger, por exemplo, seria ótimo para emendar sequências mais longas, mas ele mesmo tem funcionalidade limitada.
Um ótimo visual, mas que não teve o devido acompanhamento
Sem sombra de dúvidas, o ponto mais alto de Blazing Strike está em seu visual bidimensional, que evoca sua inspiração aos clássicos da porradaria virtual. Isso vem da sua narrativa, com um pano de fundo futurista que colabora em justificar o visual de cada um dos integrantes do elenco. Do monge cibernético ao robô que coleta dados, todos eles têm uma composição bem pensada.
O modo história também tenta se destacar, mas falha em diversos pontos. Para introduzir o jogador aos eventos narrados, são usados painéis com quadrinhos e cenas estáticas de diálogo. O problema é que os momentos de fala são muito arrastados e não há a possibilidade de acelerar. Ou lemos tudo pacientemente, ou pulamos tudo de uma vez para a próxima cena e consequentemente a luta.
Além da História, temos o Arcade, básico desse gênero, o Treino e o Versus, local e online. São poucas opções para um título que quer se firmar em um nicho com nomes muito fortes, e ainda assim há mais algumas falhas. O online só permite partidas casuais e achar duelos foi algo bastante complicado.
O fator replay de Blazing Strike também é prejudicado pela sua falta de conquistas. Quem estiver jogando no PS4 ou PS5 irá encontrar uma lista mirrada de apenas quatro troféus e, quer gostem ou não, a platina sempre é algo que acaba chamando a atenção dos jogadores.
Para finalizar, há também a presença de alguns bugs durante as partidas. Caso estejamos em uma disputa de VS local, podemos acionar o modo Treino, que deixa os dois jogadores com vida infinita. Em alguns casos, ao escolhermos essa opção, todos os marcadores sumiam da tela, inclusive o menu de pausa, e isso me obrigou a reiniciar o jogo, pois sempre era declarado empate ao fim do tempo, que também sumiu, criando um looping impossível de ser encerrado.
Tinha tudo para ser um ótimo competidor, mas precisa treinar mais
As intenções de Blazing Strike eram ótimas, mas uma série de falhas de execução, em conjunto com suas parcas opções de jogo e falta de elementos que deem algum fator replay fazem com que ele se torne um título sem atrativos em meio a alguns outros que oferecem muito mais por um valor mais baixo.
Se houvesse pelo menos algumas melhorias no combate e um sistema de troféus que fizesse o jogador explorar o elenco visualmente variado, já seria um ótimo avanço para fazer companhia para o chamativo estilo artístico, que no momento se destaca sozinho.
Prós
- Estilo visual 2D colorido e que mescla bem inspirações do passado com modernidade;
- Os movimentos são fáceis de serem executados;
- O elenco de lutadores tem design criativo e com temática futurística.
Contras
- Todos os movimentos têm os mesmos tipos de comandos;
- O ritmo do modo história é irritantemente lento;
- Não é possível criar combos longos;
- Poucos modos de jogo;
- Não há uma explicação de como usar o Rush Trigger e o Critical Trigger;
- Lista de troféus não incentiva o jogador a explorar o que o jogo tem a oferecer (o que já inexiste também);
- Os arquétipos de personagens de jogos de luta são mal aproveitados;
- Modo online é muito limitado e o matchmaking é demorado;
- Bugs pontuais que resultaram na reinicialização do jogo.
Blazing Strike — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 5Versão utilizada para análise: PS4
Análise feita com cópia digital cedida pela Aksys Games