Para sair vivo em [REDACTED], não basta somente enfrentar os perigos de uma prisão infestada de monstros, é necessário também ser bem rápido. O título de ação oferece partidas variadas com elementos de roguelite e tem como diferencial a presença de rivais que trazem imprevisibilidade às incursões. Além da diversidade de armas e situações, o jogo que se passa no mesmo universo de The Callisto Protocol instiga com sua atmosfera estilosa, por mais que elementos desbalanceados atrapalhem a experiência.
Correndo pelo caos para tentar se salvar
Em Calisto, uma das luas de Júpiter, está localizada a penitenciária Ferro Negro. Porém, o local está em estado de emergência: um vírus se espalhou, transformando a maioria dos residentes em monstros violentos. Um dos sobreviventes é um guarda, que precisará atravessar áreas repletas de perigos para tentar alcançar a última cápsula de fuga. No entanto, a tarefa não será fácil, pois, além dos monstros, será necessário enfrentar outros sobreviventes que têm o mesmo objetivo.O conceito de cada partida de [REDACTED] é bem tradicional, sendo necessário derrotar todos os inimigos de uma sala para seguir para a próxima. Para dar conta dos monstros, o guarda dispõe de uma variedade de armas, como cassetetes e pistolas, além de uma luva que lança ondas de impacto e um dispositivo que ativa armadilhas à distância. Por fim, pelo caminho coletamos melhorias que alteram os ataques e habilidades de maneiras significativas.
Além dos monstros, os outros sobreviventes são uma ameaça constante, disputando a última cápsula de fuga. Eles alteram os desafios remotamente, liberando armadilhas e fortalecendo inimigos, e podemos revidar com táticas similares. Quando os encontramos, o confronto direto é inevitável.
A fuga é difícil e a morte, frequente. A cada reinício, começamos com um novo guarda e sem habilidades, mas há várias opções de desbloqueio permanentes que ampliam as possibilidades de customização e aumentam as chances de sobrevivência, como trajes e atributos passivos. Em algumas partidas, enfrentamos até uma versão zumbi do último guarda, cuja derrota garante uma poderosa melhoria.
Em uma fuga imprevisível e vertiginosa
Ação frenética é uma constante em [REDACTED]. Os inimigos são agressivos, o que nos força a mover o tempo todo, trazendo agilidade ao combate. Gostei, especialmente, da versatilidade do guarda: além de atacar de perto e de longe com facilidade, podemos lançar os monstros em armadilhas com chutes ou com a luva de gravidade. Os cenários contam com diversos elementos interativos e me diverti tentando aproveitar ao máximo deles nas minhas estratégias.A diversidade de estilos de jogo me impressionou. Para começar, as armas são bem diferentes e afetam profundamente a experiência: o cassetete é rápido, mas tem curto alcance; o chicote acerta alvos distantes, porém tem muitos momentos de vulnerabilidade; a escopeta é lenta e poderosa; já a arma laser pode ser ativada continuamente, mas fica inutilizável caso esquente demais. Isso, em conjunto a vestimentas e melhorias, cria inúmeras possibilidades.
Como é de praxe do gênero, coletamos diferentes habilidades durante as partidas que ajudam a diversificá-las. Em uma delas, os golpes de curto alcance congelavam inimigos; em outra, destruí monstros à distância com balas explosivas; em uma nova tentativa, usei rasteiras gravitacionais para deixar os oponentes vulneráveis e os finalizava com ataques críticos pelas costas. A variedade de melhorias não é tão vasta, porém as possibilidades de sinergia são boas.
Fora isso, o universo de [REDACTED] impressiona com uma atmosfera inspirada em quadrinhos. O visual cel shading é colorido e impactante, já a trilha sonora dita o ritmo vertiginoso com composições agitadas no estilo punk. O texto, que está completamente em português, tenta ser engraçadinho, mas no fim é só inofensivo. Destaque para os rivais, que esbanjam personalidade: uma garçonete revoltada, uma psicóloga psicótica, o cara da TI fã de RPGs, prisioneiros insanos e muito mais.
Sabotando rivais e correndo contra o tempo
A base de [REDACTED] é bem competente, mas o grande diferencial está no conceito de rivais. Competir contra outros sobreviventes, mesmo que de maneira indireta, torna as partidas imprevisíveis e dinâmicas. Para começar, é necessário ser ágil para não ficar para trás e perder a chance de escapar, o que cria um pouco de tensão — por causa disso, muitas vezes me apressei descuidadamente e acabei sendo derrotado.O elemento mais único é a interferência. No decorrer da partida, os rivais às vezes nos atrapalham à distância, criando perigos nas salas, como liberar veneno, fazer surgir inimigos explosivos ou apagando as luzes. Particularmente, achei esses eventos interessantes, pois trazem um fator surpresa que nos força a repensar as estratégias.
O guarda também tem acesso a esse recurso, podendo atrapalhar os rivais à distância com certa frequência. É possível atrasá-los, desferir um pouco de dano ou deixá-los vulneráveis por alguns minutos. Ao alcançar um deles, o enfrentamos em um duelo direto que raramente é concluído em um único encontro: após um tempo, as portas abrem e o oponente foge. Isso introduz um elemento estratégico, afinal precisamos pensar com cuidado como agir e quem atacar para ter uma chance de escapar.
Preso em um ciclo de escapadas
O conceito de rivais é inovador, mas tem um porém irritante. Em um primeiro momento, esses inimigos são extremamente poderosos e confronto direto significa morte quase certa. Para ter uma chance, é fundamental coletar dossiês para enfraquecê-los, porém esse item aparece com pouca frequência. A quantidade de rivais é grande, então é necessário jogar inúmeras partidas para conseguir lutar de forma equilibrada.Inclusive, o equilíbrio da dificuldade e o desbloqueio lento de recursos são os maiores problemas do jogo. Muitos chefes e inimigos são extremamente agressivos e a janela de invencibilidade do guarda é praticamente inexistente, então bastam poucos erros para ser derrotado. Para sobreviver mais, o jeito é liberar melhorias e equipamentos, mas a quantidade de itens obtidos nas partidas é pequena.
O resultado é um grind irritante que tira o foco da habilidade do jogador e investe na extensão artificial da progressão. O ritmo frenético, as situações imprevisíveis e a boa variedade de situações me fizeram continuar jogando, no entanto um melhor equilíbrio nesses aspectos tornariam a experiência mais prazerosa.
Frenético e viciante
[REDACTED] chama a atenção pela ação intensa, visual estiloso e mecânica de rivalidade indireta, que adiciona tensão e imprevisibilidade às partidas. A variedade de armas e habilidades, aliadas ao vibrante cel shading, cria uma experiência imersiva, e o universo ganha vida com personagens excêntricos e cenários interativos que enriquecem cada tentativa de escapar.No entanto, problemas de balanceamento e progressão afetam a diversão a longo prazo: o grind necessário para avançar e o ritmo lento de desbloqueio podem frustrar. Ao menos diversidade de situações e conteúdo ajuda a atenuar essas questões. Ainda assim, [REDACTED] é um roguelite veloz e empolgante, que vale a pena enfrentar pelos perigos e desafios em cada nova tentativa de fuga.
Prós
- Combates ágeis em que usamos armas e elementos do cenário para derrotar inimigos;
- Mecânica de rivais traz imprevisibilidade e variedade às partidas;
- Boa diversidade de equipamentos e melhorias para descobrir e combinar;
- Atmosfera estilosa com visual cel shading e música pulsante.
Contras
- Dificuldade um pouco desbalanceada com alguns inimigos poderosos demais;
- Conteúdo e recursos são desbloqueados lentamente, o que traz sensação de grind.
[REDACTED]— PC/PS5/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela KRAFTON
Análise produzida com cópia digital cedida pela KRAFTON