Os jogos de terror do PlayStation 2 além de Resident Evil e Silent Hill

Enquanto as franquias mais famosas do gênero continuam fazendo sucesso, outros grandes jogos continuam prontos para serem redescobertos.

em 31/10/2024

Que o PlayStation 2 é um dos consoles com a biblioteca de games mais vasta e variada de todos os tempos, todo mundo sabe. De puzzles a jogos de luta, de ports de PC como Age of Empires II e Half-Life a exclusivos de peso como God of War e Shadow of the Colossus, a segunda geração de consoles da Sony tem um monte de coisa para cada gosto.

E numa data como o Halloween, é quase que obrigatório todo fã de horror tentar pelo menos uma de suas pérolas, em um dos gêneros mais fartos de todos os tempos. Mesmo se tirarmos os medalhões Resident Evil e Silent Hill, a plataforma ainda consegue ser um celeiro imenso para quem curte bons sustos. Então, que tal começarmos por alguns ícones dessa época?

Haunting Ground


Lançado por uma Capcom que não tinha medo de experimentar e lançar franquias novas, Haunting Ground tem tudo que é de mais simbólico no subgênero de terror em meados dos anos 2000: uma protagonista feminina que em nenhum se mostra frágil, mesmo sendo perseguida o tempo todo por um vilão dentro de um castelo inundado de quebra cabeças, e um doguinho companheiro que a ajuda em todos os momentos. Além disso, gráficos belíssimos para sua época e um sistema de “medo” dão o toque final nesse que é o primeiro trabalho do hoje diretor de Street Fighter 6, Kazuhiro Tsuchiya.

Rule of Rose


Seguindo a cartilha de protagonista perdida com seu companheiro canino, temos Rule of Rose, um clássico cult que passou extremamente batido como jogo, mas causou um belíssimo pânico moral no seu lançamento em 2006. Contando com temas pesados envolvendo crianças e adolescentes, o jogo choca muito mais pelo medo da própria natureza humana do que pela violência simples e gratuita. Mesmo sendo enterrado pela crítica e mídia da época, o jogo ganhou uma sobrevida e uma fanbase que até hoje continua discutindo sobre essa pérola.

Clock Tower 3


O primeiro veterano da lista e também produzido pela Capcom, Clock Tower 3 desvia e muito de seus aclamados antecessores, sendo o primeiro jogo em que o jogador controla diretamente a protagonista Alyssa. Envolvendo viagens no tempo, delírios coletivos e vilões que causam pânico, o terceiro game da franquia foi mais um que sofreu com críticas pesadas e notas baixas na época, mas os mesmos motivos pelos quais o fizeram ter uma reputação negativa na época, hoje são mais bem recebidos e ganharam uma ar de charme, como suas cutscenes que mais parecem uma soap opera (ou novela, em bom português) europeia e seus monstros bregas, mas que entretém.

Kuon


E por falar em empresas que eram adeptas a novidades sempre, Kuon é um desses produtos, produzido pela hoje renomada From Software, o game é uma das tentativas de ser bem sucedida no espaço dedicado ao medo. O jogo, que se passa em um Japão feudal, traz um pouco mais de ação que os títulos anteriores da lista, introduzindo um gameplay quase “metroidvania” em que alguns caminhos precisam ser abertos, enquanto precisamos passar despercebidos por inimigos. Para quem curte a parte assustadora do folclore japonês, esse é um dos títulos mais indicados.

Fatal Frame


A franquia que quase chegou perto de Resident Evil e Silent Hill teve três ótimos jogos no PlayStation 2 e conquistou uma legião de fãs com seu terror sobre espíritos e câmeras, algo que estava em alta na época. O primeiro jogo da série literalmente colocava o jogador na pele de Miku, a protagonista que procura por seu irmão desaparecido e precisa usar uma câmera fotográfica para lutar contra fantasmas.


O segundo game da franquia, Fatal Frame II: The Crimson Butterfly, não deixou barato e dobrou o clima de horror do primeiro, para delírio dos que não o conseguiram finalizar. O game dessa vez conta a desventura de Mio e sua irmã explorando uma cidade inteiramente fantasma e dá mais vida aos elementos de gameplay introduzidos no primeiro e fazendo com que a câmera seja ainda mais necessária, já que fantasmas não aparecem apenas em locais pré-definidos.


Fechando a trilogia, Fatal Frame III: The Tormented, provou que em time que está se ganhando, não se mexe, e continuou apostando ainda mais no gameplay pré-estabelecido dos jogos anteriores, apenas refinando gráficos, história e gameplay apurados. Dessa vez sendo uma continuação direta do primeiro, o jogador controla múltiplos protagonistas e tem uma história muito mais densa e cinematográfica.

Siren


Produção exclusiva da Sony Computer Entertainment, Siren e sua sequência, Forbidden Siren 2, são parceria com o criador e diretor do primeiro Silent Hill, Keiichiro Toyama, após sair da Konami e carregam em muito o legado do clássico da Konami. Contando com diversas criaturas de designs perturbadores, ambos os jogos possuem uma estrutura em capítulo, mas com um diferencial: cada ato gera uma consequência e os efeitos borboletas durante as próximas horas de gameplay podem ser irremediáveis, tornando o jogo ainda mais apreensivo.

Obscure


Outro game de terror da época que não revoluciona em nada, mas que tem seu próprio spin, Obscure — assim como sua sequência — possui um sabor de “monster of the week” misturado com um enredo de série estadunidense de mistério e um gameplay cooperativo que pode levar você e um amigo a sentirem medo e desespero juntos. Sendo mais uma vítima da influência de uma crítica com uma sensibilidade ultrapassada, Obscure passou despercebido até pelos fãs do gênero, mas ironicamente é um dos títulos mais acessíveis hoje em dia dessa lista.

Cold Fear


Não se engane, de clone Cold Fear não tem nada, apenas grandes semelhanças com seu concorrente do ano anterior, Resident Evil 4, como seu gameplay envolto de “zumbis”, tiroteios, uma perspectiva de câmera acima dos ombros e um protagonista loiro que vale por um exército. Para quem ama o quarto capítulo da franquia da Capcom, esse game é a pedida certa porque consegue ser super semelhante para quem quer mais e ter sua identidade própria para quem estiver mais a fim de tomar um susto enquanto esvazia um cartucho de munição.

The Suffering


Em uma mistura perfeita entre horror e ação, The Suffering coloca o jogador na pele de Torque, um presidiário que precisa escapar de uma prisão de segurança máxima após criaturas sobrenaturais tomarem o terreno. O plot twist vem do fato de que o protagonista é culpado ou não a depender das ações do jogador durante a jornada. Ser bonzinho ou uma máquina assassina pode mostrar quem realmente Torque é. Ou pior: quem o jogador é. E isso é assustador.

Manhunt


Mais um jogo de uma época em que empresas não tinham medo de apostar no novo, a Rockstar aqui decidiu lançar mais uma pedrada controversa, depois de Grand Theft Auto III, gerando muita polêmica e colhendo os louros de um game que assusta mais pela sua execução do que por figuras sobrenaturais. Esconda-se nas sombras, mate inimigos indefesos, faça-os gritar e pedir para não morrer, Manhunt permite ao jogador tudo isso e mais um pouco.

Certamente não há apenas esses exemplares que fazem parte do plantel de jogos horripilantes do PlayStation 2. Além desses, há muitos outros que valem a exploração da biblioteca do console a fim de descobrir alguma joia escondida. Há também os que nunca foram lançados no ocidente, outros que flertam mais com ação e até alguns que são mais um horror involuntário do que algo rotulado como tal.

Revisão: Beatriz Castro


Falo de tudo quanto é coisa, de Castlevania a Anatomy of a Fall, de Carolina Maria de Jesus a Hidetaka Miyazaki, de trilhas sonoras de Super Sentai a Mano Brown. Só não gosto de Deckbuilder Roguelike. Meu sonho é visitar o Japão. Se curtiu, continuo falando sobre meus textos em twitter.com/WesternYokai666
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