Remake tem sido uma palavra muito utilizada no mundo dos games nos últimos anos. A palavra significa “refazer, reconstruir” e, geralmente, é aplicada de forma literal a alguns jogos antigos que são refeitos do zero para as novas plataformas, trazendo gráficos, mecânicas e outros detalhes atualizados. Mas hoje, iremos falar do exato oposto disso, o que é comumente conhecido como o demake de Mega Man X8.
Demake, nesse sentido, significa a desconstrução do jogo. Enquanto remake é trazer aquelas relíquias para as novas máquinas, o demake tem a proposta de levar o jogo mais atual para estágios anteriores.
Legado de Mega Man
Mega Man é uma das maiores franquias da Capcom e uma das mais conhecidas de toda a indústria. O robô azul é um marco para diversas pessoas, estando presente desde a década de 1980. Mega Man X é um dos spin-offs mais celebrado entre os fãs, tendo sido o primeiro braço a surgir da franquia, ainda na geração do Super Nintendo.
De maneira geral, os jogos foram melhorando até o Mega Man X4 (já no PlayStation), sendo seguido por dois games mais controversos (X5 e X6) e chegando ao que é considerado o pior por crítica e público: Mega Man X7.
Por isso não espanta que vários jogadores não conheçam a continuação direta do game. Mega Man X8 foi lançado em 2005 para PlayStation 2 e PC. Enquanto o X7 trazia a inovação de áreas em 3D, o X8 veio com a gameplay em 2,5D (a mecânica é em 2D, com gráficos em 3D), exceto por duas fases que ainda mantinham o 3D.
Um jogo desconstruído
Feito pelo brasileiro Alysson da Paz (ou Alones), o demake possui o nome oficial de Mega Man X8 16-bits, fazendo alusão aos jogos da era do SNES que servem como inspiração (Mega Man X, X2 e X3). Toda a arte é inspirada nestes games do início dos anos 1990.
O X está presente em sua forma clássica, o carregamento do tiro também é similar ao dos outros jogos. Como X8 é um jogo principalmente feito de plataforma 2D, a adaptação das fases sofre pouco nas mecânicas.
No jogo original é possível usar dois personagens entre os três possíveis (X, Zero e Axl) e cada um tem suas habilidades de ataque e de movimentação (Zero possui um pulo duplo, Axl pode planar por um tempo, etc.) que influenciam em algumas áreas de fases. Mesmo o demake contando apenas com X, isso não afeta a experiência, já que leves adaptações são feitas. A escolha foi do desenvolvedor, para ter um objetivo claro para seu projeto e não estendê-lo por anos. “Entretanto, agora que o plano original está completo, posso revisitar isso em alguns anos e considerar adicioná-los [Axl e Zero], mas sem promessas, já que estarei focado em outros projetos originais”, declarou Alysson na página do jogo.
O game estava em desenvolvimento desde 2022 e foram mais de três mil horas investidas. Alysson cuidou de praticamente tudo, sendo auxiliado apenas em uma trilha de um boss secreto e na tradução para espanhol. Falando nisso, o game está disponível em português, inglês, espanhol e o famoso “Hue-BR”, ou seja, uma forma mais irônica e bem-humorada da nossa língua.
Os diálogos foram transcritos de igual para igual ao jogo original, mostrando todo o respeito pelo material em que se baseia. Pouca coisa foi adicionada, com mais destaque apenas para alguns chefes secretos, especialmente o Red de X7.
O jogo é uma carta de amor à franquia Mega Man X. Afinal, junta o último jogo inédito lançado com os elementos gráficos do início da franquia, tentando agradar aos fãs de ambos os games e sendo muito bem-sucedido nesses pontos. Se você curte os jogos do robô azul, esse é um ótimo game para testar seus limites.
Revisão: Vitor Tibério