Desenvolvido pela Made Up Games e com lançamento previsto para PC, Switch e dispositivos móveis ainda em 2024, Pine: A Story of Loss é um jogo que promete trazer uma experiência única ao abordar o tema do luto através de uma aventura narrativa no formato point-and-click. Tivemos a oportunidade de explorar uma parte do título e viemos compartilhar nossas impressões.
Um marceneiro em luto
Em Pine: A Story of Loss, acompanhamos a jornada de um marceneiro que sofre pela perda de sua esposa. Sozinho na casa onde tantas memórias foram criadas, ele tenta seguir em frente, mas cada atividade cotidiana, por mais simples que seja, evoca lembranças da amada.
Com o tempo, as recordações se tornam mais intensas, e o protagonista canaliza sua dor na criação de entalhes de madeira que replicam a imagem de sua esposa. Embora os dias e estações passem, o vazio persiste, e a casa se enche de suas criações, simbolizando a saudade que nunca desaparece.
O jogo não apresenta diálogos; em vez disso, os desenvolvedores apostam em belas animações e uma trilha sonora que alterna entre melodias suaves e sons dos ambientes. Pelo conteúdo que experimentamos, é evidente que foi investido cuidado e dedicação no projeto.
Uma animação interativa
Pine: A Story of Loss se desenrola ao longo de vários dias, porém já nos foi informado que a experiência será curta, idealizada para ser concluída em uma única sessão. A narrativa alterna entre o presente e as memórias do protagonista, criando uma dinâmica bastante emotiva.
Falando sobre a jogabilidade, não seria exagero dizer que o título é uma animação com elementos interativos. A cada dia, o jogador realiza pequenas atividades por meio de minijogos simples, como colher vegetais, regar plantas ou consumir as refeições.
Durante nossa sessão, também experimentamos momentos interativos nas memórias do marceneiro com sua esposa, as quais traziam ações mais variadas e divertidas do que as rotinas do presente. Essa característica parece ser proposital para reforçar a ideia de que, enquanto o passado era cheio de alegria, o protagonista agora apenas sobrevive, sem realmente viver.
Uma atividade bastante recorrente no jogo é a criação dos entalhes. Nesses momentos, o jogador movimenta o cursor pela madeira e realiza cortes até concluir o projeto. Essas cenas são sempre acompanhadas de memórias doces, logo interrompidas pela dura realidade, criando uma mistura de entusiasmo e melancolia.
Motivos para preocupação?
Narrativas interativas costumam ser difíceis de recomendar para um público amplo, e isso é ainda mais desafiador quando se trata de point-and-click. No entanto, os desenvolvedores parecem ter como objetivo despertar um sentimento de conexão em pessoas que já passaram pela dor da perda — um destino inevitável para todos nós —, mostrando que elas não estão sozinhas.
Embora a abordagem seja promissora, particularmente achei que alguns minijogos acabam se estendendo mais do que o necessário, o que pode ser um problema em um título curto como este. Resta saber se o produto final conseguirá transmitir a solidão do marceneiro sem se tornar uma experiência excessivamente repetitiva para o jogador.
Outro aspecto que gera dúvidas é o próprio desenvolvimento e o desfecho da narrativa. Sendo um game centrado exclusivamente na história, a falta de profundidade do protagonista ou um final insatisfatório pode comprometer completamente a experiência. No entanto, com base no que foi apresentado até agora, Pine: A Story of Loss tem, sim, o potencial de se tornar uma jornada verdadeiramente memorável e tocante.
Uma obra com potencial
Pine: A Story of Loss tem a missão de trazer uma abordagem sensível ao luto, oferecendo uma experiência introspectiva. Com uma jogabilidade extremamente simples e limitada, o foco está claramente na narrativa e no impacto emocional que ela busca transmitir. Pelo que conferimos, o jogo tem o potencial de ressoar profundamente com aqueles que já enfrentaram a perda, criando uma conexão íntima entre o jogador e o personagem principal.
Revisão: Alessandra Ribeiro
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Fellow Traveller