BGS 2024 hands-on: demo de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii traz breve um vislumbre da mente do Cão Louco

Testamos o novo "Yakuza Gaiden", que finalmente dá a Goro Majima um jogo para chamar de seu.

em 15/10/2024


A melhor forma de encarar Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é estabelecer uma comparação direta ao que foi feito em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, que colocou o protagonista histórico da franquia, Kazuma Kiryu, em uma aventura própria e intimista. Não por acaso, o subtítulo “Gaiden” (geralmente atribuído a esse tipo de história paralela) está presente no nome japonês do game, então a analogia se mostra bastante pertinente. 

Isso logo ficou nos primeiros minutos da versão de demonstração à disposição dos visitantes da BGS 2024, onde o GameBlast teve a oportunidade de testar o game a convite da assessoria da SEGA. Confira nossas impressões.

Uma vez iniciada a demo, depois de uma rápida introdução que realmente não introduz muita coisa a respeito da história, convenhamos, o jogador logo parte para um rápido tutorial voltado para o combate, onde o jogador pode aprender com mais detalhes o funcionamento dos dois estilos de luta de Goro Majima.

O primeiro deles, o Cão Louco de Shimano, diz respeito a uma postura de combatente mais tradicional — isto, é, até onde o estilo de luta do Majima pode ser considerado tradicional — alternando entre golpes físicos e os de faca, além de ser possível utilizar uma de suas principais técnicas: a criação de dopplegangers que vão agir por conta própria no combate e certamente será bem útil quando nos depararmos com uma horda considerável de inimigos.


O segundo diz respeito ao Lobo do Mar, a personalidade pirata do personagem, e é possível perceber uma correlação clara com o que foi feito em The Man Who Erased His Name, uma vez que todos seus ataques especiais, como o lançamento de lâminas, garrucha e gancho, podem ser acionados ao manter o botão pressionado tal como o modo agente de Kiryu no jogo em questão.

A questão é que, essa postura de combate pirata é proporcionalmente já se mostrou muito mais divertida de se utilizar do que o modo agente, que embora também tivesse seu valor na jogabilidade, ela tinha uma finalidade muito clara de controle de multidões e pouca usabilidade contra combates individuais.
 
Depois de devidamente habituados ao combate, a demo libera o acesso ao primeiro mapa de Honolulu já presente em Like a Dragon: Infinite Wealth. Neste aspecto em específico, embora recebamos a possibilidade de brincar um pouco enquanto passeamos por aí, é válido ressaltar que as atividades disponíveis são todas regressas, como é o caso do Dragon Kart, Loucão Lanches e do Karaokê. 




Considerando nosso tempo escasso, seguimos na opção principal de história, que imediatamente nos leva à Madlantis, o cenário alternativo do game em que Majima assume sua persona swashbuckler, o que novamente nos força a um novo paralelo com Like a Dragon Gaiden, já que o covil pirata assume aqui uma função muito similar ao cassino/parque de diversões em alto mar conhecido como Castle.

Essa troca de cenário nos rende a mais uma cutscene e um aviso, comentando que o jogo ainda estava em versão de demonstração e que a versão final contaria com mais atividades para se fazer no navio. Aliás, a demo reforçava o tempo todo que, mesmo oferecendo já um bom leque de possibilidades, a edição de lançamento seria ainda bem mais robusta.

Esse tipo de aviso também é, obviamente, uma estratégia de marketing no intuito de ampliar as expectativas dos jogadores. Há sempre aquela pulga atrás da orelha, já que Like a Dragon Gaiden é um título bem sucinto, mas os produtores prometeram que o novo título seria significantemente mais longo do que o último spin-off.  Com isso, dá para ficar tranquilo.




Chegando em Madlantis, nós finalmente recebemos um pouco mais de contextualização a respeito daquele lugar, que é tocado de forma obscura por uma ricaça de interesses escusos — novamente, observa-se aí um claro paralelo ao Castle. Uma vez no controle do Majima pirata (não é possível trocar de estilo aqui), o jogo nos direciona a uma taverna. 

Lá, entramos em um combate contra um bandido chamado Keith e seus vários capangas, quando as habilidades do modo Lobo do Mar são realmente colocadas à prova. Como são vários oponentes de uma vez só, foi bacana testar se tais técnicas também tinham lá sua utilidade contra legiões de oponentes (tal como o Modo Agente) e a resposta é positiva. A garrucha, carregada, bem como o arremesso de lâminas são bem eficazes contra vários inimigos de uma vez, o que tornou fácil a briga individual contra o tal de Keith.

Dito isso, fim da sequência de “história” da demonstração, que, nesse aspecto, mostrou uma estrutura bem parecida com a versão de teste do título protagonizado por Ichiban Kasuga, sendo que ela também termina com um combate em um bar contra uma figura misteriosa. 

Dando um novo rolê em Honolulu

Já terminada a minicampanha (que não nos explica nada em termos de história), o título libera o tempo que nos resta para dar uma passeada por Honolulu, considerando que as atividades de Madlantis — os jogos de cassino e um combate de caça de recompensa, uma nova atividade presente no título — são relativamente escassas ao menos por enquanto. 

De volta à capital havaiana, é possível dar uma zanzada, quando nos deparamos com algumas informações importantes a respeito de outras mecânicas que retornam, como é o caso do Aloha Links, sistema em Infinite Wealth que permite que o protagonista adicione os habitantes da cidade em uma rede social específica, já que os medidores de amizade continuam lá sobre a cabeça dos transeuntes.

Falando em amizade, Noah, personagem a quem Majima aparentemente se apega durante a trama, está sempre um passo atrás do protagonista, acompanhando-o como uma sombra. Ao menos na demo, ele tem lá sua utilidade porque é através dele que acessamos um menu de acesso rápido aos mini-games disponíveis (preferi me esbaldar no karaokê nesse tempo que me restava), bem como ao cafofo em que é possível trocar a roupa de Majima. 

Chama a atenção que já havia uma boa gama de possibilidades disponíveis na versão de demonstração, quase todas elas referentes a alguma vestimenta já utilizada por Majima anteriormente, como é o caso da Goromi, a versão drag do personagem, ou de quando ele chefiava o cabaré em Yakuza 0, além de maquiagens e penteados distintos. 




Jogar esse tanto de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii foi um deleite. É muito bom voltar a um Yakuza de ação, considerando o tempo despendido nos sistemas de RPG da última aventura numerada. A estratégia do Ryu Ga Gotoku é muito inteligente ao estabelecer esse rodízio, algo que evita a saturação da marca, mesmo com lançamentos recorrentes. 

Nota-se que essa não é exatamente uma tática recente, já que, entre Yakuza: Like a Dragon e Like a Dragon: Infinite Wealth, Lost Judgment e Like a Dragon Ishin, além do primeiro Like a Dragon Gaiden, chegaram ao mercado, sempre com peculiaridades suficientes para que não ofereça sempre “mais do mesmo” para sua audiência. 

Especificamente no caso de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, vai ser bem bacana se seguir a mesma abordagem de Gaiden e, no meio de toda maluquice dissociativa do protagonista, recebermos uma aventura que explora o íntimo da psique do Cão Louco de Shimano, cuja personalidade não passa de uma forma de se proteger de todas as vezes que a vida real simplesmente decidiu bater com força na sua própria existência.




Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é o novo game da série anteriormente conhecida como Yakuza e se passa seis meses após os acontecimentos de Like a Dragon: Infinite Wealth. O título está previsto para ser lançado no PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series e Xbox One no dia 28 de fevereiro de 2025.


É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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