A melhor forma de encarar Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é
estabelecer uma comparação direta ao que foi feito em
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, que colocou o protagonista histórico da franquia, Kazuma Kiryu, em uma
aventura própria e intimista. Não por acaso, o subtítulo “Gaiden” (geralmente
atribuído a esse tipo de história paralela) está presente no nome japonês do
game, então a analogia se mostra bastante pertinente.
Isso logo ficou nos primeiros minutos da versão de demonstração à disposição dos visitantes da
BGS 2024, onde o GameBlast teve a oportunidade de testar o game a convite da
assessoria da SEGA. Confira nossas impressões.
Uma vez iniciada a demo, depois de uma rápida introdução que realmente não
introduz muita coisa a respeito da história, convenhamos, o jogador logo parte
para um rápido tutorial voltado para o combate, onde o jogador pode aprender
com mais detalhes o funcionamento dos dois estilos de luta de Goro Majima.
O primeiro deles, o Cão Louco de Shimano, diz respeito a uma postura de
combatente mais tradicional — isto, é, até onde o estilo de luta do Majima
pode ser considerado tradicional — alternando entre golpes físicos e os de
faca, além de ser possível utilizar uma de suas principais técnicas: a criação
de dopplegangers que vão agir por conta própria no combate e certamente será
bem útil quando nos depararmos com uma horda considerável de inimigos.
O segundo diz respeito ao Lobo do Mar, a personalidade pirata do personagem, e
é possível perceber uma correlação clara com o que foi feito em The Man Who
Erased His Name, uma vez que todos seus ataques especiais, como o lançamento
de lâminas, garrucha e gancho, podem ser acionados ao manter o botão
pressionado tal como o modo agente de Kiryu no jogo em questão.
A questão é que, essa postura de combate pirata é proporcionalmente já se
mostrou muito mais divertida de se utilizar do que o modo agente, que embora
também tivesse seu valor na jogabilidade, ela tinha uma finalidade muito clara
de controle de multidões e pouca usabilidade contra combates individuais.
Depois de devidamente habituados ao combate, a demo libera o acesso ao
primeiro mapa de Honolulu já presente em
Like a Dragon: Infinite Wealth. Neste aspecto em específico, embora recebamos a possibilidade de brincar um
pouco enquanto passeamos por aí, é válido ressaltar que as atividades
disponíveis são todas regressas, como é o caso do Dragon Kart, Loucão
Lanches e do Karaokê.
Considerando nosso tempo escasso, seguimos na opção principal de história, que
imediatamente nos leva à Madlantis, o cenário alternativo do game em que
Majima assume sua persona swashbuckler, o que novamente nos força a um novo
paralelo com Like a Dragon Gaiden, já que o covil pirata assume aqui uma
função muito similar ao cassino/parque de diversões em alto mar conhecido como
Castle.
Essa troca de cenário nos rende a mais uma cutscene e um aviso, comentando que
o jogo ainda estava em versão de demonstração e que a versão final contaria
com mais atividades para se fazer no navio. Aliás, a demo reforçava o tempo
todo que, mesmo oferecendo já um bom leque de possibilidades, a edição de
lançamento seria ainda bem mais robusta.
Esse tipo de aviso também é, obviamente, uma estratégia de marketing no
intuito de ampliar as expectativas dos jogadores. Há sempre aquela pulga atrás
da orelha, já que Like a Dragon Gaiden é um título bem sucinto, mas os
produtores prometeram que o novo título seria significantemente mais longo do
que o último spin-off. Com isso, dá para ficar tranquilo.
Chegando em Madlantis, nós finalmente recebemos um pouco mais de
contextualização a respeito daquele lugar, que é tocado de forma obscura por
uma ricaça de interesses escusos — novamente, observa-se aí um claro paralelo
ao Castle. Uma vez no controle do Majima pirata (não é possível trocar de
estilo aqui), o jogo nos direciona a uma taverna.
Lá, entramos em um combate contra um bandido chamado Keith e seus vários
capangas, quando as habilidades do modo Lobo do Mar são realmente colocadas à
prova. Como são vários oponentes de uma vez só, foi bacana testar se tais
técnicas também tinham lá sua utilidade contra legiões de oponentes (tal como
o Modo Agente) e a resposta é positiva. A garrucha, carregada, bem como o
arremesso de lâminas são bem eficazes contra vários inimigos de uma vez, o que
tornou fácil a briga individual contra o tal de Keith.
Dito isso, fim da sequência de “história” da demonstração, que, nesse aspecto,
mostrou uma estrutura bem parecida com a
versão de teste do título protagonizado por Ichiban Kasuga, sendo que ela também termina com um combate em um bar contra uma figura
misteriosa.
Dando um novo rolê em Honolulu
Já terminada a minicampanha (que não nos explica nada em termos de história),
o título libera o tempo que nos resta para dar uma passeada por Honolulu,
considerando que as atividades de Madlantis — os jogos de cassino e um combate
de caça de recompensa, uma nova atividade presente no título — são
relativamente escassas ao menos por enquanto.
De volta à capital havaiana, é possível dar uma zanzada, quando nos deparamos com algumas informações importantes a respeito de outras mecânicas que retornam, como é o caso do Aloha Links, sistema em Infinite Wealth que permite que o protagonista adicione os habitantes da cidade em uma rede social específica, já que os medidores de amizade continuam lá sobre a cabeça dos transeuntes.
Falando em amizade, Noah, personagem a quem Majima aparentemente se apega
durante a trama, está sempre um passo atrás do protagonista, acompanhando-o
como uma sombra. Ao menos na demo, ele tem lá sua utilidade porque é através
dele que acessamos um menu de acesso rápido aos mini-games disponíveis
(preferi me esbaldar no karaokê nesse tempo que me restava), bem como ao
cafofo em que é possível trocar a roupa de Majima.
Chama a atenção que já havia uma boa gama de possibilidades disponíveis na
versão de demonstração, quase todas elas referentes a alguma vestimenta já
utilizada por Majima anteriormente, como é o caso da Goromi, a versão drag do
personagem, ou de quando ele chefiava o cabaré em Yakuza 0, além de maquiagens
e penteados distintos.
Jogar esse tanto de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii foi um deleite. É
muito bom voltar a um Yakuza de ação, considerando o tempo despendido nos
sistemas de RPG da última aventura numerada. A estratégia do Ryu Ga Gotoku é
muito inteligente ao estabelecer esse rodízio, algo que evita a saturação da
marca, mesmo com lançamentos recorrentes.
Nota-se que essa não é exatamente uma tática recente, já que, entre Yakuza:
Like a Dragon e Like a Dragon: Infinite Wealth, Lost Judgment e Like a Dragon
Ishin, além do primeiro Like a Dragon Gaiden, chegaram ao mercado, sempre com
peculiaridades suficientes para que não ofereça sempre “mais do mesmo” para
sua audiência.
Especificamente no caso de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, vai ser bem
bacana se seguir a mesma abordagem de Gaiden e, no meio de toda maluquice
dissociativa do protagonista, recebermos uma aventura que explora o íntimo da
psique do Cão Louco de Shimano, cuja personalidade não passa de uma forma de
se proteger de todas as vezes que a vida real simplesmente decidiu bater com
força na sua própria existência.
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é o novo game da série
anteriormente conhecida como Yakuza e se passa seis meses após os
acontecimentos de Like a Dragon: Infinite Wealth. O título está previsto para
ser lançado no PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series e Xbox One no dia
28 de fevereiro de 2025.