The Garden Path é um jogo de simulação que nos convida a desfrutá-lo em sessões diárias curtas, recompensando o tempo investido apenas a longo prazo. Embora apresente conceitos interessantes e transmita uma sensação de tranquilidade, o título tropeça em alguns aspectos difíceis de ignorar.
Um jardim misterioso
O início de The Garden Path é bastante vago e nos oferece a opção de seguir ou não um tutorial, o qual se limita a apresentar apenas as funções mais básicas do game, como acender a lanterna, investigar elementos, coletar itens e utilizar determinadas ferramentas.
Após personalizarmos o nosso personagem, com as alternativas limitadas à cor de pele e cabelo, despertamos em um grande jardim. Sem qualquer explicação sobre o que é aquele local ou como fomos parar ali, nossa única pista é um fragmento de folha que parece ser parte de uma carta ou diário.
Ao utilizarmos o mapa, somos capazes de localizar três personagens que nos ensinam novas mecânicas, como o plantio e a pesca, além de nos solicitarem pequenas tarefas relacionadas a coleta. Com o passar do tempo, mais indivíduos começam a aparecer no bosque.
O mistério em torno da identidade do remetente da carta e a possibilidade de conhecer as particularidades de cada personagem são os elementos mais próximos que temos de uma narrativa. Nesse sentido, vale destacar que alguns dos sujeitos são carismáticos e que os segredos relacionados ao misterioso ambiente são genuinamente intrigantes. Infelizmente, o título não conta com a opção de legendas em português.
Trabalho diário
The Garden Path incorpora alguns elementos comuns dos simuladores de fazenda, nos permitindo realizar atividades como plantar, pescar, fazer chá e decorar o ambiente. Há uma boa variedade de itens para coletar e utilizar de diferentes maneiras, mas, assim como em outros aspectos do jogo, não há muitas dicas sobre a utilidade real de vários desses elementos.
A principal particularidade do título é o seu sistema de tempo, no qual um dia no jogo equivale a um dia real. As quatro estações também estão presentes e se alternam a cada sete dias, fazendo com que um ano virtual dure cerca de um mês na realidade.
Essa abordagem confere a The Garden Path um ritmo mais lento, convidando o jogador a explorar a aventura de forma gradual. Nessa perspectiva, o processo de plantio e colheita se estende por dias, e os visitantes do jardim frequentemente fazem pedidos, garantindo que sempre tenhamos algo a fazer em cada sessão.
Outra característica agradável é a harmonia entre os deslumbrantes visuais em 2D e a trilha sonora composta por melodias suaves. Essa combinação, aliada ao ritmo sereno do jogo, evoca uma profunda sensação de aconchego e tranquilidade.
Embora o conceito seja interessante, especialmente para quem tem pouco tempo disponível, o investimento necessário para que a sensação de recompensa pelo esforço diário comece a aparecer é consideravelmente longo, e a ausência de uma introdução mais robusta agrava essa situação. Infelizmente, quando essa satisfação finalmente surge, percebemos que as atividades já se tornaram repetitivas.
Falta de informações e controles confusos
Como mencionado, The Garden Path oferece uma boa variedade de itens, os quais são essenciais para realizarmos trocas com os personagens por novas ferramentas. É importante destacar que alguns desses recursos são cruciais para convencer certos visitantes a se estabelecerem permanentemente no jardim.
De modo geral, o ciclo de gameplay é semelhante ao de Cozy Grove, no qual também nos aprofundamos nos personagens por meio de algumas tarefas diárias. No entanto, ao contrário do jogo mencionado, que rapidamente nos engaja e desperta o desejo de voltar às atividades no dia seguinte, aqui, o tempo necessário para alcançar esse mesmo sentimento é muito mais longo.
Compreendo que a proposta de The Garden Path é permitir que o jogador jogue no seu próprio ritmo; no entanto, a falta de uma direção clara sobre a utilidade de cada recurso e a ausência de dicas, mesmo que mínimas, sobre o que fazer exatamente tornam o início da aventura confusa, exigindo uma boa dose de perseverança.
Outro ponto bastante incômodo é que o título apresenta menus e controles pouco intuitivos, o que exige ainda mais paciência do jogador. Para exemplificar, para cavar um simples buraco, é necessário pressionar dois botões simultaneamente enquanto direcionamos o cursor para o local desejado. Vale ressaltar que os comandos são problemáticos tanto no controle quanto no mouse e teclado.
Interessante, desde que haja paciência
The Garden Path é uma obra que aposta em um ritmo sereno e pausado, proporcionando uma experiência atrativa para aqueles que buscam uma rotina diária leve em um ambiente tranquilo. No entanto, a falta de direções mais claras e os controles pouco intuitivos podem ser bastante frustrantes, exigindo uma grande dose de paciência. Embora o mistério central e os personagens possuam um potencial cativante, leva um bom tempo até que esses elementos realmente se destaquem.
Prós
- Oferece uma experiência tranquila em um ambiente pacífico, ideal para quem busca um escape do cotidiano;
- A proposta de um ciclo de tempo real incentiva sessões diárias mais curtas, o que é ideal para jogadores com pouco tempo disponível;
- Muitos dos personagens têm particularidades cativantes, incentivando o jogador a conhecê-los melhor.
Contras
- A ausência de uma introdução robusta e de informações mais claras sobre as mecânicas torna o início do jogo confuso, dificultando a nossa conexão com aquele universo;
- A interface e os controles são desnecessariamente complicados e pouco intuitivos;
- As atividades diárias, inevitavelmente, tornam-se repetitivas, o que é bastante prejudicial considerando que leva um tempo considerável para que os melhores elementos do título realmente se destaquem;
- Ausência de legendas em português.
The Garden Path — PC/Switch — Nota: 6.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Mooncat Games