O gênero roguelike bullet hell, em que controlamos um personagem, veículo ou objeto que se fortalece e causa um verdadeiro caos de projéteis na tela — e liberando generosas doses de dopamina —, vem ganhando cada vez mais espaço no mercado. Liderado pelo fenômeno Vampire Survivors, diversos outros títulos já exploraram a fórmula de jogabilidade viciante que o gênero oferece.
Na análise de hoje, vamos explorar mais um jogo desse gênero, mas com uma abordagem um pouco diferente de seus "primos". Denominado como um “Survivors FPS” por seus criadores, Vampire Hunters se inspira no gênero e tem como diferencial sua jogabilidade em primeira pessoa, que abandona a clássica visão de cima e nos coloca diretamente na ação. Hora de conferir um pouco este projeto da dev mineira Gamecraft Studios.
Uma arma a mais nunca é demais
Vampire Hunters é um roguelike de sobrevivência em primeira pessoa que nos coloca diretamente na ação característica de outros títulos do gênero. No papel de um combatente, podemos empunhar até 14 armas simultaneamente, algo que soa tanto ridículo quanto incrivelmente divertido.
Seguindo a premissa de outros jogos de sobrevivência, em Vampire Hunters precisamos resistir por um período determinado em uma arena onde inimigos surgem de todos os cantos do mapa. Inicialmente, enfrentamos monstros pouco assustadores, mas rapidamente nos vemos cercados por criaturas das mais bizarras que a imaginação humana pode criar.
À medida que alcançamos certas metas, como eliminar uma quantidade de inimigos, obter itens específicos, sobreviver por mais tempo ou derrotar chefes, novas armas e melhorias são desbloqueadas para fortalecer o personagem na próxima rodada. E posso garantir que você sempre vai querer jogar mais uma vez.
O jogo oferece três personagens iniciais, cada um com características que definem seu estilo, como maior vida máxima, defesa mais eficiente ou maior velocidade de movimento. Cada um conta ainda com uma habilidade especial que consome sangue, permitindo realizar uma ação única, como atacar sem precisar recarregar, realizar esquivas ou executar outras técnicas. Outros personagens são obtidos posteriormente ao atingir determinados méritos no jogo.
Ao coletar recursos durante cada partida, é possível adquirir melhorias permanentes que aumentam nossas chances de sobrevivência. Quanto mais jogamos, mais recompensas recebemos na forma de novas armas para desbloquear no início de uma rodada, além de upgrades permanentes em atributos como vida, dano, defesa e outros.
O destaque de Vampire Hunters é, sem dúvida, sua jogabilidade em primeira pessoa, que cria uma experiência nova e imersiva para o gênero, diferindo da visão aérea típica de outros jogos. Esse estilo exige uma atenção redobrada, já que não temos a visão ampla do ambiente, forçando-nos a estar sempre alertas. Felizmente, um radar nos ajuda a identificar ameaças próximas, minimizando o risco de sermos surpreendidos por pontos cegos.
O acúmulo de armas confere um toque cômico e ao mesmo tempo nos faz sentir incrivelmente poderosos. É divertido ver uma dúzia de armas disparando simultaneamente enquanto assistimos hordas de inimigos sendo derrotadas e deixando orbes de alma para subirmos de nível e nos fortalecermos ainda mais.
Dependendo dos modificadores ativados antes de cada partida — representados por cartas de constelações —, podemos jogar rodadas onde só conseguimos um tipo específico de arma, meteoros são lançados após um certo número de abates, entre outros ajustes que reforçam o clima de caos na tela.
Sobrevivendo a um verdadeiro caos
Em Vampire Hunters, há duas regras: sabemos como a partida começa, mas não como ela vai terminar. As primeiras partidas, naturalmente, são desafiadoras, pois ainda estamos nos acostumando com o jogo e com as suas dinâmicas. Depois de duas ou três derrotas, já comecei a entender melhor como me movimentar pelas arenas e escolher as armas certas em diferentes momentos, especialmente nos minutos iniciais.
Ao subir de nível, coletando os orbes de alma deixados pelos inimigos, podemos escolher novas armas, aprimorar as já equipadas e desbloquear habilidades passivas que ajudam em nossa difícil jornada de sobrevivência. Em certos momentos, chefes começam a surgir e, se derrotados, deixam baús com recompensas ainda mais valiosas.
Esses chefes têm comportamentos distintos. Enquanto alguns tentam eliminar nosso personagem diretamente, outros atuam de forma estratégica, oferecendo suporte aos demais inimigos, criando campos que aumentam a velocidade deles, recuperam pontos de vida ou estabelecem obstáculos para o jogador. A aparição aleatória desses chefes — às vezes em pares ou trios — adiciona uma camada extra de estratégia ao jogo.
Assim, à medida que jogamos mais partidas e desbloqueamos novos elementos, Vampire Hunters se torna cada vez mais envolvente, incentivando-nos a enfrentar desafios maiores a cada nova incursão.
Se esse modo começar a parecer repetitivo, ou se você estiver buscando algo diferente, mas igualmente desafiador, o modo clássico oferece uma experiência bônus em meio a toda essa insanidade.
O modo clássico é como o jogo surgiu quando foi lançado em Acesso Antecipado para PC em julho de 2023. Nesse modo, o jogador deve atravessar um corredor infinito enquanto foge de uma névoa mortal que o persegue. Algumas dinâmicas do modo de sobrevivência permanecem as mesmas. Ao concluir o corredor, um novo nível é desbloqueado, permitindo iniciar com uma arma diferente e enfrentar novos inimigos.
Embora menos frenético que o modo de sobrevivência, o modo clássico é igualmente viciante e envolvente. Algumas mecânicas de obtenção de armas e compra de melhorias funcionam de forma um pouco diferente, mas o objetivo essencial permanece: sobreviver o máximo possível e fortalecer-se para avançar mais.
Uma das poucas críticas que faço ao jogo é a forma de navegação nos menus. Usando o mouse, é relativamente fácil acessar as diferentes abas e janelas. Com um controle, porém — pelo menos no PC, onde joguei —, a navegação pelos menus é desagradável.
As telas de seleção de armas durante o jogo não indicam claramente a opção selecionada, e muitas vezes achei mais conveniente fazer isso com o mouse. Essa crítica é relevante, pois o jogo também será lançado para os consoles PlayStation e Xbox, além do Switch, e espero que a experiência de navegação nos menus nesses consoles seja mais amigável.
Chumbo grosso e água benta!
Vampire Hunters é uma adição revigorante ao gênero roguelike de sobrevivência, trazendo uma jogabilidade em primeira pessoa que transforma a experiência em algo mais imersivo e desafiador. A diversidade de armas, o sistema de melhorias e a variedade de inimigos e chefes mantêm o jogador engajado, criando uma fórmula viciante que combina bem a ação intensa com o planejamento estratégico. O modo clássico é um complemento interessante, oferecendo um estilo de jogo alternativo e igualmente envolvente, mantendo a essência do jogo enquanto adiciona um novo tipo de desafio.
No entanto, há pontos que precisam de refinamento, principalmente na navegação dos menus, que pode ser inconveniente para quem usa um controle. Esse ajuste é importante, especialmente com a chegada do jogo aos consoles. Apesar desse detalhe, Vampire Hunters consegue criar uma experiência envolvente e única, sendo uma ótima recomendação para os fãs de roguelikes e para quem procura uma aventura de sobrevivência intensa e caótica.
Prós
- A jogabilidade em primeira pessoa torna a experiência mais imersiva e intensa;
- O tom ridículo dado ao excesso de armas na tela cria uma atmosfera divertida;
- Chefes variados, com comportamentos que aumentam a camada estratégica;
- Muito conteúdo para desbloquear, como novos personagens e armas;
- Modo clássico oferece uma alternativa interessante ao modo de sobrevivência principal;
- Design de arenas e diversidade de inimigos proporcionam desafios variados e atraentes.
Contras
- A navegação nos menus é pouco intuitiva para controles, especialmente no PC;
- A natureza repetitiva do jogo pode ser um incômodo para jogadores que buscam maior variedade de conteúdo a longo prazo.
Vampire Hunters — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Gamecraft Studios